Conto Quatro
AO CLAREAR DOS HOLOFOTES
Marcelo "Doraemon" S. Nascimento
"... Por quê?", é o pensamento que surge em minha mente no último segundo.
Estando sentado, em um lugar ermo, olho de dentro do meu veículo, maravilhado com a paisagem local, e minha mente começa a divagar, cavalgando entre uma nuvem e outra, que está simplesmente enfeitando o céu azul.
"Quem na verdade é o maior assassino de todos?"
Tais palavras flutuam como se fossem bolas de algodão, fluindo de corrente em corrente, cavalgando para longe e sumindo de minha vista, desaparecendo no horizonte.
"O palhaço! É nele que estou pensando? "
Este raio de pensamento não quer sair. Ligo meu veículo e começo a me deslocar, seguindo minha rota, mas os pensamentos começam a se acumular. Não demora muito... Coisa de uma hora no volante e tenho que parar de novo. Desta vez, em frente a um cenário mais bonito que o anterior.
Reclino meu banco, dando passagem para um cochilo, mas os pensamentos, empacados em meu cérebro, começam a pular como carneiros pulando a cerca. Infelizmente nesse caso, não fico com sono.
Olho para o banco do passageiro. Apenas vejo o melancólico vazio, seguido de perto pelo estofamento da porta e seu vidro, fechado. Abrindo o vidro, uma suave brisa começa a circular, fazendo com que a bola de algodão chegue e pouse em minha barriga, criando uma singular mancha branca em minha camisa preta. Abro um leve sorriso e recomeço segurando o fio da meada de meus pensamentos, que sussurram:
"Finalmente, o culpado de tudo chega ao palco, aplaudindo e pedindo bis. "
As luzes se acendem, o culpado se senta no banco e abre um jornal. Ao ler suas primeiras páginas, descubro que...
Toda semana, milhares.... Não! Milhões de pessoas são assassinadas frequentemente sem se dar conta disso e com isso, a verdade começa a aparecer.
Primeiro, vem o assassino, matando sem dó a tristeza. Depois, começa a se sentir em casa, em suas explicações e, com isso, as pessoas morrem de rir. Parece piada (talvez...) mas com isso, todos se apegam mais, dando chance para que o assassino chegue mais e mais perto, até dar o golpe final!
E todos que estão próximos, se assustam e matam o tédio, a tristeza, o estresse, os problemas...
Pomos de lado tudo que é ruim, porque.... Já morreu! E o assassino se levanta de seu banco, e com um terno sorriso, se despede, deixando um recado para todos:
"Semana que vem, eu volto para matar mais! "
Depois de tirar essa dúvida mortal, de descobrir quem realmente é o culpado, levanto meu banco, ligo o veículo e volto a correr rumo ao sol poente, onde deixei parte de minha felicidade me esperando.
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Mostra Ecos 6ª edição
Short StoryA Ecos 6 é uma nova Ecos. Mudar, tentar ir além, buscar o diferente, esta é a única rotina a ser seguida pelo escritor. Mesmo que estas mudanças pareçam simples na primeira leitura, elas partem de tudo aquilo que percebemos que mudou em cada um...