Capítulo 1

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Dia 24/09 - A caminho do aeroporto 

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 Que inferno! Faz 3 malditas horas que estou presa nesse trânsito infernal! Minha vontade é de abrir o teto solar, pegar um alto-falante e mandar esse bando de seres humanos inúteis saírem da frente do meu carro, que eu tenho um voo que sai em quinze minutos!

 Essa é a pior sexta-feira existente no planeta inteirinho! Já não bastava ter levado uma bronca horrível da minha mãe, ter esquecido meu Ipod em casa, agora tinha que borrar meu batom! Sério, isso é um complô do pessoal lá debaixo contra mim, é a única explicação.

Já falei o quanto acho isso ridículo? Essa historinha de escrever em diário, simplesmente não combina comigo. Mas aprendi que nessa vida não se pode realmente confiar em alguém, e guardar tudo pra mim estava me sufocando, então acho bom você me ajudar, por que no meu quarto tem uma lareira enorme.

Se eu sei que o mundo não gira em torno de mim? Sei sim. Mas eu faço girar.   

Não estava muito afim de fazer isso agora, mas como já vi que meu precioso tempo está sendo desperdiçado aqui dentro, e não tenho nada mais importante para fazer, vamos lá.

Há gente que me chame de egoísta, dizem que não tenho o direito de tratar as pessoas do jeito que eu quiser. E quer saber? Concordo plenamente. Mas eu tenho o direito de me tratar como eu quiser.  E é isso que eu faço. Se pra mim me sentir melhor eu tenho que pisar nas pessoas, então pisarei. Porque eu acho que mereço tudo isso? Porque a vida já fez a mesma coisa comigo. Porque meu pai já fez isso comigo. Porque minha mãe faz isso o tempo inteiro. Mas principalmente porque Melissa faz isso comigo desde o maldito dia em que nasceu. 

Quem é Melissa? Uma vadia.

Uma vadia, que se tornou minha vizinha.

Uma vadia que já foi minha melhor amiga.

Uma vadia que roubou meu pai.

Uma vadia que agora é minha meia irmã. 

Mas deixe-me explicar melhor...

Eu tinha uma infância feliz: uma mãe bailarina, um pai rico, a casa dos sonhos, e uma quantidade de brinquedos que qualquer um teria inveja. Ganhava inúmeros presentes de natal, e aos meus 3 anos de idade, posso garantir que já tinha visitado mais países que você em uma vida inteira. 

Mas isso tudo desmoronou quando nos mudamos para aquele maldito apartamento. Ninguém sabia o motivo, mas meu pai garantiu que sabia o que estava fazendo, e que seriamos muito felizes ali também.

Naquela mesma semana conheci tia Carla. A melhor amiga da minha mãe, desde o colegial. E olha a coincidência, ela também estava de mudança e seria nossa vizinha! 

Mamãe falava que tia Carla seria como minha segunda mãe e que caso alguma coisa acontecesse com ela e o papai, eu poderia procura-la. Duas semanas depois, descobri que tia Carla estava grávida. Estava esperando uma doce menininha chamada Melissa, e de acordo com ela, eu e Melissa seriamos grandes amigas, como ela e minha mãe. 

Tia Carla estava certa. Pelo menos no inicio. 

Lembro-me de perguntar a minha mãe quem era o pai da doce Melissa, e mamãe me respondia que era um homem horrível, que ela não conhecia e nem queria conhecer, que ele tinha abandonado tia Carla e a pequena Melissa. Depois disso mamãe e eu fizemos um pacto: amar Melissa com todo o nosso coração. 

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