Capítulo 1

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Há dias em que parece que somos reféns de algo que corre sem dar-nos satisfações, pelo menos é assim que me sinto quando paro para pensar na vida. Eu que sempre fui uma pessoa pra frente, altiva e positiva, porém estava passando por uma fase meio depressiva; os motivos eram um mistério para mim, talvez estivesse sentindo a necessidade de tomar novos ares, conhecer novas pessoas.

Eu morava próximo à sede do reino, naquela época com frequência esbarrava-me com cavaleiros, indo e vindo de batalhas. Eram tempos difíceis e instáveis, eu me perguntava se toda aquela tensa atividade como  noticias de mortes, ataques e invasões não eram os motivos de meu péssimo estado de espírito. Foi com esse pensamento que decidi visitar alguns parentes distantes, quem sabe com um pouco de tranquilidade eu pudesse melhorar.

Era início de verão, a cidadezinha se chamava Salto Norte, e era realmente um lugar que vale apena conhecer. Não apenas pelas cenas bucólicas, mas pelo ar de mistério que rodeia toda a cidade; casas antigas e ruas de pedras estranhamente vazias.

Enquanto caminhava, um velho senhor que vinha pelo outro lado da rua parecia assustado, eu parei e o indaguei onde estava todo mundo.

- Estão todos assustados com os boatos – me disse ele com um olhar muito tenso!

-Boatos? Que boatos?

-Você não sabe? Dizem que soldados sombrios nos atacariam em resposta às investidas do Rei contra as milícias sulistas - Disse ele falando baixo como que contasse um segredo.

-Duvido muito – respondi - As milícias sulistas estão empenhadas em conseguirem os campos no sudeste de Aratrussia, eles não mandariam um destacamento até aqui, com o simples intuído de vingança. Onde eles se encontram há maior necessidade de homens.

-Eu não sei meu caro forasteiro, mas se eu fosse você não ficaria para conferir – ainda me disse o velho que saiu apressado para fora da cidade.

Se o povo fugiu de fato; isso explicaria o quão abandonado estava o lugar. Demorei pouco na cidade, meus parentes moravam um pouco afastados, caminhei ainda por quase uma hora até chegar à beira de um rio. Ao atravessá-lo por uma velha ponte de madeira deparei-me com uma floresta da qual não me recordava, mas como fazia muitos anos que não andava por aquelas terras não me preocupei muito e segui em frente.

Entrando na floresta, caminhei por algum tempo, não demorou muito e logo percebi que estava perdido, o caminho acabou e não tinha saída para nenhum sentido. Rapidamente tentei retornar, mas não vi o caminho de volta, parece que as arvores o engoliu. Fiquei bastante assustado, sem saber que rumo tomar saí abrindo caminho por entre arbustos e galhos caídos até que encontrei uma velha construção; uma antiga ruína eu imaginei, nela duas grandes colunas em pé no centro de um círculo, onde não havia árvores, eram muito bem feitas, tinham inscrições as quais eu não entendia o que queriam dizer ou o quê representavam.

Entrei no circulo e no instante em que passei por entre as colunas, senti algo muito estranho, como que um sopro forte e curto; quando olhei ao meu redor percebi não ser a mesma floresta, as colunas tinham sumido, as arvores eram de uma espécie estranha pra mim, enquanto eu procurava entender o que estava acontecendo ouvi um barulho de galhos quebrando e relincho de cavalos, rapidamente começaram a ficar mais fortes, procurei fugir mas logo estava cercado, o medo tomou conta de mim, já não sabia o que pensar, um dos cavaleiros adiantou-se e dirigiu-se a mim.

-De onde vens, o que fazes por estas florestas?

-Estou vindo da cidade, nobre soldado! Eu disse com as pernas trêmulas.

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⏰ Última atualização: Aug 20, 2020 ⏰

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