Prólogo

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    Três meses atrás... 

   Não vou mentir dizendo que não estou ansiosa. Nem negar que tinha ficado horas procurando a roupa perfeita, mas como não havia nenhuma adequada para aquela ocasião, decidi sair para fazer compras.

   Bom, tenho que confessar: eu estava encantadora, e me sentia maravilhosa no meu incrível vestido preto que Allycia me ajudou a escolher. Decido deixar minhas madeixas ruivas soltas, apesar de ter ficado meio receosa por conta de ser um ondulado rebelde que até as mais poderosas chapinhas não conseguem domá-lo. Mas no final de tudo ele começa a colaborar um pouco e umas mechas cacheadas se formam, deixando-o bem harmonioso. Sinceramente... Eu não me sentia assim há muito tempo, afinal, nos últimos meses eu estivera atolada com o trabalho e a faculdade, e eu realmente precisava de tempo para respirar e me distrair. O problema é que quando ele está por perto eu sempre fico um pouquinho nervosa – o que para mim não é normal –, mas nada de suar as mãos, falar bobagens ou algo do gênero, apenas mal conseguia respirar – literalmente –. Eu ainda não sei qual é a dessas reações quando estou com aquele francês, mas provavelmente essas sensações devem acontecer com qualquer outra mulher quando está na presença de Richard Lefuere.

   Exatamente as sete em ponto, ele chega. Eu corro para frente do espelho que fica na sala de estar pela centésima vez, verificando se está tudo nos conformes enquanto ele caminha distraidamente pela passarela do meu jardim até a porta de entrada.

   A campainha toca. Meu coração acelera.

   Ando desajeitadamente até a porta para atender, mas não sem antes ajeitar uns fios de cabelo que estão caídos em minha testa. Após abrir a porta, juro que senti meu coração falhar três batidas. Ai. Meu. Deus! Como ele está lindo nesse terno; parece ter sido feito sob medida para o seu belo corpo escultural. Arfo. Sério, ultimamente eu venho me perguntando como evitar me apaixonar por ele, mas é difíci...

   — Aurora? — Richard interrompe meus pensamentos.

   — Sim?

   — Você ouviu o que eu disse? — Pergunta ele, sua boca se curvando em um pequeno sorriso.

   — Não... — Respondo um pouco envergonhada pelas minhas atitudes de ouvir menos e pensar mais.

   — Eu disse que você está encantadora! — Ele repete o que eu não havia escutado antes, e o seu sotaque francês fez meu coração novamente falhar mais duas batidas.

   — Obrigado. — Agradeço timidamente.

   Richard estende o braço para mim e eu o envolvo com o meu enquanto descemos pelos degraus que dão acesso ao meu lindo jardim, e seguimos em direção ao seu carro. Após entrarmos, ele dirigi calmamente pelas ruas movimentadas do Rio de Janeiro, e então resolvo fazer um joguinho de perguntas e sugestões do nome do restaurante ou do lugar em que iriamos jantar – e eu realmente estou ansiosa para saber onde seria –, mas ele, com seu olhar refletido de suspense, se nega a me dizer.

   — Ok. Desisto! — Digo, erguendo as minhas mãos para cima em sinal de rendição. — Ok. Não totalmente! Dê-me pelo menos uma dica...

   Ele sorri, e me olha atentamente enquanto esperávamos o semáforo se abrir.

   — O lugar em que vamos me lembra muito o meu país e me faz sentir em casa. — Ele fixa seu olhar ao meu e diz com um belo sorriso: — Satisfeita?

   — Então agora posso dizer com convicção que iremos jantar em um restaurante francês — Soou mais como uma pergunta. Ele confirma. — Perfeito! Estou louca para conhecer o lugar.

Por Que Não Deixa-me Entrar?Onde histórias criam vida. Descubra agora