Prólogo - Audrey

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15 de Fevereiro de 2016, 01h23AM.

- Em nome de tudo que é mais sagrado, por favor, me diz que você está brincando, Cassie!! - Audrey falava ao celular.

- Mas eu não estou brincando, você é adotada. - Respondeu a pessoa do outro lado da linha.

- O que? Não é isso, estou falando sério, dessa história de você ter fugido!

- Ah, bem... não estou brincando, e seria mesmo mais fácil para você! - Respondeu a outra.

- Seria mesmo, e aqui não tem crocodilos que podem me devorar a qualquer momento! - Audrey falou.

- Aff, Audy, esse lugar é horrível, não entende como me sinto? - Cassie perguntou, e Audrey entendia sim.

- Eu sei, mas... se você tivesse feito isso aqui seria mais fácil para você também. Você ia poder vir pra minha casa, mas aí... - Audrey estava preocupada com a amiga. Cassie havia se mudado para a Florida, para morar com o pai, há dois meses e não estava se dando bem lá.

- Sinto falta daí, de você, da minha mãe... - Cassie falou, e Audrey notou que ela estava chorando.

- Ah, Cass... volta para casa, converse com o seu pai, talvez ele te entenda.

- Acho meio difícil. - Cassie deu uma risada forçada em meio a um soluço.

- Por favor, estou preocupada com você, não quero que aconteça algo ruim com a minha melhor e única amiga.

- Tá legal... - Cassie falou com a voz embargada. - Vou ligar pro meu pai, pra ele vir me buscar, nem sei onde estou, me perdi. - A outra respondeu.

- Promete que não vai fazer isso de novo? - Audrey falou.

- Sim, prometo. - Cassie respondeu após um longo suspiro.

- E cuidado com os crocodilos. - Audrey deu uma risada.

- Okay, Audy, vou ligar pro meu pai, tá? Depois eu te ligo, assim que estiver em casa.

- Tudo bem, beijos, vai ficar tudo bem, eu amo você.

- Beijos, eu também amo você, até mais. - E desligou.

Audrey ficou olhando para a tela do celular por um tempo, depois o colocou na mesa de cabeceira e puxou os cobertores para cima, cobrindo completamente o corpo, era uma madrugada de inverno muito fria. Cassie havia ligado à uma da manhã para dizer que havia fugido de casa, porque não estava aguentando as críticas do pai, a madrasta e nem aquele lugar estranho. Ela sabia que a amiga não estava brincando, mas teve de perguntar. Um dos motivos pelo qual Audrey gostava dela era o fato de quase nunca estar brincando ao dizer ou fazer coisas... meio absurdas, ela não tinha medo, e Audrey também não. Ela a entendia por ter fugido de casa, entendia perfeitamente.

Antes de voltar a dormir, os pensamentos de Audrey, involuntariamente, voaram para não muito longe dali, mas para alguém que podia estar muito longe dali, era outro amigo, ela não o via há muito tempo, cerca de dois anos. Nunca tinha contado sobre ele para a Cassie, e para mais ninguém.

Quando dormiu, Audrey teve outro daqueles sonhos estranhos e bem vívidos que começou a ter ultimamente. Ela andava por uma trilha em uma floresta, estava escuro e ela não sabia onde estava, mas, de alguma forma, sabia onde queria ir. Como o tempo era estranho nos sonhos, ela não soube por quanto tempo caminhou até chegar em um estranho arco de pedra, com alguns entalhes de símbolos que ela não fazia idéia do que significavam, parecendo uma entrada, um portal, era isso. O centro do portal era composto por uma névoa branca, Audrey sabia que devia atravessá-lo, era para lá que ela devia ir, para o outro lado do portal.

Audrey caminhou lentamente até o portal, e levou a mão até a névoa. Uma sensação gélida atravessou seu braço e percorreu todo o seu corpo quando ela a tocou. O lugar, alguma coisa, alguém que havia do outro lado, a chamava. Então ela atravessou.

Filhos Da Natureza - A Prisão Das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora