Capítulo 44

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Catarina narrando:

-Para onde está me levando? –Perguntei estremecendo de frio, ou talvez de medo. –Por favor, não me mate. –Implorei aos berros, completamente desesperada.

O homem que me puxava pelo braço era lindo demais mesmo sendo um bandido, já tinha visto ele raras vezes no esconderijo. Depois que Eva partiu tudo ficou pior do que já estava, foi difícil pra eu acreditar que minha própria amiga me traiu ficando com o homem que eu amava, e que o mesmo ajudou esses bandidos desgraçados que me raptassem. Fui tola, burra e cega em ter voltado com Rafael. Ele me fez acreditar que ele não teve culpa e que foi tudo culpa da Eva que o seduziu, mas só assim pôde perceber quem era o verdadeiro Rafael, um homem mentiroso a quem entreguei meu coração e que acreditei fielmente em suas palavras e promessas. Eu devia ter desconfiado antes, ele fazia perguntas diariamente sempre a Eva, oque ela gostava de fazer, oque a deixava chateada e entre outras coisas, mas nunca imaginei que ele fosse um monstro, um canalha. O meu erro foi não ter percebido isso antes.

-Eu não vou te machucar, porra. –A voz do homem soou tão baixa que quase não ouvi.

Ergui os olhos e soltei a respiração que prendia.

-Não vai? –Ele me jogou para dentro do carro e antes de entrar, ficou olhando para a maldita casa.

Meu coração se apertou quando ele deu partida, distanciando da casa. Não parava de pensar na Eva e em tudo que ela fez para me manter viva, ela arriscou a vida dela por mim e agora está nas mãos desses bandidos cruéis. Todo esse tempo que eu estava com eles, ouvia conversas estranhas. O que mais me chocou era que todos ali odiavam a Eva e queria a morte dela de qualquer jeito, todos pressionava o tal do Alex, o chefe da quadrilha, a mata-la sem hesitar nem por um instante, mas ele sempre permanecia pensativo. Hora ou outra, me batia para descobrir mais sobre a Eva. Certa vez até me deu comida, me tratou com mais calma e conversou comigo sem gritar. Foi nesse mesmo dia que descobri que ele ''gostava'' dela e que queria saber sobre ela, mas mesmo assim me mantive calada.

-Eloá pediu para te levar ao aeroporto, de lá tu vai direto para casa da tia dela. –Explicou, sem tirar o olhar da estrada. Não o conhecia muito bem, mas dava para saber o quão preocupado estava, só pela forma robótica que falava, o olhar vago e na forma que ele segurava o volante com toda a sua força.

-Eloá? Eu não entendo... –Digo e lembro-me de que Eloá é a Eva.

Esse era o nome falso que Eva usava na sua operação e era esse mesmo nome que se repetia naquela casa. Mas por que esse homem está me ajudando e por que acata as ordens que Eva impõe, sendo que ele também a queria morta?

O homem me olhou e revirou os olhos, balançou um pouco a cabeça e mordeu o lábio inferior e voltou a olhar a estrada.

-Você quer dizer Eva... entendi, mas por que está me ajudando?

-Eu não estou ajudando você, e sim a minha demônia. –Disse olhando o retrovisor.

-Sua demônia? Você está confundido minha cabeça. –Olho de soslaio para ele e tento de alguma forma entender oque ele dizia.

-Esquece. Só faça oque eu mandei ou prefere morrer?

Nego com a cabeça e ele para no semáforo. Ele pega uma mochila no banco de trás e me entrega e em seguida volta a andar com o carro.

Engulo em seco e abro a mochila com os dedos trêmulos.

-São roupas... –Digo vislumbrando minhas roupas cheirosas e limpas. –São tão cheirosas. Que saudades...

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora