PRÓLOGO

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Sim eu sou um homem centrado, controlado e bem-sucedido, muito bem sucedido, mas isso foi apenas devido ao meu empenho, minha infância foi difícil, fui criado apenas pela minha mãe e avó na Rússia, não tínhamos luxo e vivíamos em uma pequena cidade no interior de Omsk, quando eu fiz 18 anos vim para America, me naturalizei como um americano e ingressei no exercito como fuzileiro, com o dinheiro que eu recebi uma parte eu guardei e a outra eu mandava para minha família, quando sai do exercito com 24 anos eu abri junto com um amigo uma empresa de segurança, começou com um negocio pequeno, mas logo crescemos e nos tornamos uma das maiores empresas dos EUA, tudo isso porque eu tive um bom planejamento e eu sempre me empenhei muito.

Eu nunca me permiti ser um jovem inconsequente e sem nenhum limite, enquanto meus amigos no quartel saiam para bordeis e bares em todos os países que fomos, eu me foquei para me tornar no que sou hoje e não me arrependo, se eu não fosse assim estaria em Omsk vivendo com minhas três irmãs, mãe e avó, em uma casa que mal cabia todos nós, vivendo uma vida cheia de dificuldades, não teríamos o que temos hoje.

Eu sei que isso soa como se eu tivesse vivido uma vida fria e sem emoção, que só me importei com negócios, dinheiro e uma vida de luxo, mas se você tivesse vivido na miséria e tivesse visto suas irmãs, mãe e avó, vivendo precariamente você me entenderia, e eu não me arrependo de nada, se voltasse atrás eu faria tudo da mesma forma, para mim só existe um jeito bom de viver, o jeito que eu estou no controle, eu não gosto do imprevisível eu prefiro o certo ao duvidoso e isso nunca vai mudar

Por isso eu estou me perguntando: O que eu estou fazendo aqui?

Onde eu estou? Em um clube de striper, estou observando mulheres lindas e jovens que poderiam ter um futuro brilhante, mas estão aqui praticamente seminuas servindo diversos homens cheios de tesão, eu me pergunto se elas fazem isso porque gostam ou se elas não tem opção de escolha, me pergunto se as mulheres que entram e saem do palco rebolando sensualmente fazendo manobras no poste de pole dance gostam do que fazem, me pergunto se elas se sentem bem se expondo dessa forma.

– Belikov você tem que relaxar, olhe em volta, há mulheres lindas a sua volta – Ivan meu melhor amigo e sócio diz sinalizando a sua volta, apesar de sermos muito próximos Ivan e eu somos opostos, ele é alegre e adora esbanjar, tem várias mulheres, varias festas, vários porres enfim, já deu para entender.

– Eu nem sei por que concordei em vir aqui. – Eu resmungo pelo que parece a milésima vez na noite, eu não acredito que deixem eles me arrastarem até aqui.

– É a despedida de solteiro do Ozera, amanhã ele estará amarrado para sempre. – Adrian diz em tom de horror, como se a ideia de se casar fosse o fim, bem para ele seria o fim, sua vida era como a de Ivan, só existia uma diferença de que Ivan trabalhou muito para viver dessa forma e Adrian tinha o dinheiro da família.

– Estarei amarrado e extremamente feliz, vou me casar com uma mulher maravilhosa – Christian dizia orgulhoso, era nítido o amor que ele sentia por Lissa, prima de Adrian, eles são aquele tipo de casal que parecem ter saído direto dos filmes de romance.

Eu achava tudo isso era meio exagerado, nunca sonhei em me casar, nunca foi um sonho meu, é claro que como toda pessoa normal eu queria sim construir uma família, mas eu não almejava toda essa coisa de flores e corações, eu me casaria com a mulher certa, uma que se encaixasse na minha vida, uma mulher centrada que estivesse disposta a ter uma família.

– Deus, minha prima fez uma lavagem cerebral em você meu amigo – Disse Adrian fazendo uma exagerada cara de triste, Christian revirou os olhos.

– Eu não vou dar ideia para você Adrian, eu nem sei como Lissa deixou você me trazer nesse lugar e muito menos sei como eu concordei com essa palhaçada toda – Christian parecia mais entediado do que eu, e quando uma mulher se aproximava para servi-lo se encolhia na mesa como se estivesse prestes a pegar uma doença contagiosa.

– Não seja estraga prazeres Ozera, sua noiva sabe que olhar não arranca pedaço, pare de agir como se olhar para uma bunda mais bonita que a da sua noiva fosse crime – Ivan disse em um tom sarcástico olhando descaradamente para bunda de uma das garçonetes, apesar de desprezar esse estilo de vida tenho que admitir que as mulheres daqui são belíssimas.

– Nenhuma bunda é mais bonita que a de Lissa – Christian disse irritado e todos caímos na gargalhada, pessoas apaixonadas eram hilárias, sempre defendendo os seus amados.

– Amigo, minha prima é uma mulher linda, digna de ser uma top model, mas nem de longe a bunda dela é a mais bonita, existe muitas melhores – Adrian disse e eu revirei os olhos.

– Será que tem um assunto melhor do que a bunda da noiva do Christian – Eu disse vendo o incomodo de Christian, e bem eu também estava, esse era um assunto patético demais para se discutir, mesmo estando em clube de stripper.

– Tudo bem, vamos falar de uma bunda melhor, a melhor de todas. – Ivan disse olhando para Adrian como se fosse uma piada particular deles, talvez uma das muitas meninas que eles compartilharam.

– Afrodite – Eles disseram juntos , seus olhares sonhadores, como se essa tal de Afrodite fosse algum tipo de sonho de consumo, eu e Christian nos olhamos entediados, eles dois e suas babaquices.

– Quem é Afrodite? –Eu perguntei não muito interessado, mas levemente curioso.

– Ela é a estrela da casa. – Adrian começou

– Ela é perfeita – Ivan completou, seus olhares ainda eram de dois idiotas abobalhados.

– Sério, uma stripper que se autodenomina a deusa do amor, patético. – Eu disse bebericando meu uísque.

– Você diz isso porque nunca viu a mulher, ela é uma deusa entre mortais, eu daria minha fortuna para passar uma noite com ela. – Adrian disse ainda com ar sonhador, certo isso estava estranho, mas no mínimo a mulher deveria ser um pouco acima da media, não era possível uma mulher ser tão perfeita.

– Eu não acho que uma mulher pode ser tudo isso. – Eu disse cético, porque sério, a deusa do amor? Ela deveria ser uma narcisista, com seios e bunda artificiais, não deveria ter nada de natural nela, deveria ser uma mulher que vive para si mesma, para cuidar de sua beleza, e nenhuma mulher assim era interessante ao ponto de merecer ser titulada uma deusa.

– Você ainda não a viu meu amigo – Ivan disse e nessa hora a musica do ambiente mudou, antes era animada, mas ao mesmo tempo sexy, agora era lenta e extremamente sexual, o tom da música gritava sexo.

– Você vai ver agora – Adrian disse se virando para o palco, Ivan fez o mesmo, Christian foi no bar claramente não interessado em ver "A deusa do amor", eu queria ver a mulher fútil e narcisista por quem meus amigos estavam fascinados.

Quando a voz sensual da cantora começou, uma luz acendeu no palco, uma mulher cheia de curvas começou a dançar sensualmente, ela vestia uma roupa meio retro roxa e preta, ela parecia ter saído de um filme de cabaré antigo, estilo Moulin Rouge, seus cabelos eram avermelhados, mas me pareceu ser uma peruca, uma muito bonita e natural, mas ainda sim uma peruca, ela também usava uma mascara preta, e eu tinha que admitir que a mulher ela sexy, muito sexy, extremamente sexy, e não tinha nada a ver com a roupa que ela vestia, não, não era o corpete justo que marcava sua cintura fina, não eram as meias pretas que cobriam suas pernas grossas e torneadas, não era todo aquele estilo retro sexy, a mulher em si era sensual demais para ser verdade, e eu podia ver que sua beleza era natural, tudo nela era natural, a sensualidade dela era natural, ela rebolava, e dançava no pole dance com perfeição, realmente aquela mulher era uma deusa entre as mortais e eu estava fascinado por ela, eu Dimitri Belikov o rei do auto controle estava fascinado por uma stripper sem rosto.

TÓRRIDO [ Retorna em Janeiro]Onde histórias criam vida. Descubra agora