PRÓLOGO ✔

16 0 0
                                    

1998, Wisconsin - Janesville.

O tempo era de chuva fina, e mesmo assim as crianças ainda brincavam em volta, no pequeno parque do orfanato de freiras de Janesville, onde uma das devotas conferiam se todas as crianças entre 4 a 5 anos se encontravam no local.

Era um espaço grande conhecido por ser o orfanato Católico mais completo da cidade, onde viviam crianças de todas as origens possíveis, as devotas eram conhecidas por suas boas condutas e disciplinas excelentes, algumas das crianças que ali viviam eram sempre bem educadas e consideradas abençoadas por Deus, enquanto outras eram filhas do diabo e atormentadas pelo mal, as fiéis era super rígidas com ensinamentos religiosos, principalmente com as crianças que desobedeciam suas doutrinas, na maioria das vezes catigadas.

Aquela era uma tarde como qualquer outra de sábado, um inverno não muito diferente dos anos anteriores,  não esperavam que naquele dia aconteceria uma cena de horror, mas isso nunca fora novidade, e não seria a última vez.

Em volta de uma casinha de escorrega, feito de madeira antiga, uma menina de pele clara e bochechas rosadas brincava sozinha, era muito comum, seu hábito de ficar calada e observar fazia com que outras crianças não quisessem estar por perto, não tinha muita intimidade, e ainda assim não era tão nova naquele ambiente, quando a pequena foi abandonada naquele lugar, tinha apenas horas de vida, nunca se quer teve o prazer de conhecer sua história, e nem imaginava o perigo em que se encontrava, sua cuidadora era uma das freiras, porém ela não lhe era muito gentil, a menina não tinha lar, família ou amor, seu mundo estava fadado a desgraça, e aquele dia seria seu último momento de paz.

Ela brincava sozinha como de costume e em silêncio, até que no momento, foi tomada pelo susto repentino e não esperado, seu olhos azuis e curiosos seguiu em direção em seu boneco feito de pano, que foi tirado do banco por uma das crianças que a incomodava, o garoto sacudia o boneco rindo e gritando palavras ofensivas para ela, e bom, ela tentava não arrumar confusão, porém nem sempre era possível, não queria ser castigada novamente.

"Me devolve!" Falou com ferocidade, e mesmo assim o garoto de cabelos curtos e meio alaranjado não deu importância.

"Vem pegar sua monstrinha!" Ele mostrou a língua e começou a correr por todos os lados com ela logo atrás dele.

A pequena estava bastante furiosa e cansada, mesmo assim não desistiu, o garoto ria, e ainda sim ninguém se opusera a apartar a situação. Em meio a uma curva exagerada para dar a volta em um barril, o garoto ruivo se desequilibrou e deixou que o boneco de pano da garotinha escorregasse dentre seus dedos entrando em contato com uma poça de lama, os olhos azuis e expressivos encarava aquela cena espantada, não sabia como ou porque, mas o seu corpo se tremeu como se estivesse em chamas, suas mãos queimavam, seus pés não tocavam mais o chão, sua raiva e ódio tomavam conta de si agora, num momento o menino se levantou assustado e com medo, todas as crianças estavam curiosas para toda aquela situação, até que o corpo ainda quente e vivo do garoto foi arremessado com muita força e bem longe quebrando o muro de madeira.

"Misericórdia Jesus Cristo!" Gritou umas das freiras com a expressão de horror.

As crianças do local começaram a chorar, a cabeça do menino agora sangrava, talvez seu corpo não tivesse mais vida, uma das freiras chamavam pela superiora enquanto a outra ia atrás de emergência, e no meio de tudo isso, estava a garota, parada, atordoada, encarando a cena e imaginando o que aconteceria com ela a partir dali.

Uma senhora velha caminhou em sua direção, segurou em seu braço e a olhou no fundo de seus olhos, a pequena não sabia como explicar caso perguntassem, até que em segundos a boca da freira começou a escorrer sangue pelos cantos, a menina olhava aterrorizada, entretanto não sabia o que estava acontecendo, se soltou da senhora, se afastou vendo ela se ajoelhando e sangrando, pálida e já sem respiração, as pessoas em volta nem ousaram a se aproximar, então ela pegou o seu brinquedo e correu para dentro da grande construção antiga na tentativa de se esconder, mesmo sem imaginar que o pesadelo de sua vida acabará de começar.

Uma agonia em sua cabeça, vozes sem conhecimento, gritos de tormento, desesperos de almas, como se estivessem sendo torturados na sua mente, ela conseguiu correr até as escadas pulando os degraus pensando para onde ir, no corredor ela abriu uma das inúmeras portas, era exatamente o quarto onde dormia, escuro por causa das cortinas e com várias camas bem arrumadas, tudo parecia estar girando, continuou correndo em direção ao canto da parede onde havia um pedaço de madeira mal colocado no chão oco, seu canto do refúgio, onde ela se esconde, cujo ela mesma descobriu, um lugar onde só ela ou outra criança conseguiria entrar sem se preocupar se iriam te encontrar.

As vozes iam e viam com intervalos curtos dentro da sua cabeça, porém ela não entendeu, começando a sofrer novamente, suas mãozinhas pareciam estar sendo esmagadas, apertava as laterais do seu rosto com as mão, no seu colo o boneco de pano, as palavras começaram a saltar de sua boca mesmo sem entender, não sabia o que significava, até que sentiu seu coração parar de bater e perder os sentidos.

Ela morreria enfim?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 09, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

ANORMALOnde histórias criam vida. Descubra agora