Nathaniel

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Pego minha caneta pensando no que poderia escrever naquele pedaço quadrado de papel ainda em branco. As palavras martelavam em minha cabeça porém nada me dava agrado para que finalmente pudesse começar a escrever aquela carta.

Tentei me lembrar de seus olhos, sua face e até sua voz, que em meus ouvidos pareciam uma doce melodia, mas nada me dava inspiração naquele momento e toda hora em que tinha uma boa ideia, ela se perdia no ar como se não passasse de uma brisa.

Então, de repente as palavras aparecem em minha mente como se fosse uma placa escrito em néon fluorescente, peguei minha caneta e comecei a desenhar sobre o papel. As palavras viraram frases e frases viraram parágrafos que transmitiam um ser apaixonado. Nunca havia me apaixonado tanto como antes, meu coração batia mais forte desejando sua presença, gritando a todo momento em que se afastava da amada. Mas ela não sabia disso, e deveria permanecer assim.

As palavras saiam da caneta como água sai de uma cachoeira. Às vezes deixava um ou outro sorriso escapar de minha boca ao reler os parágrafos para ver se não havia cometido nenhum erro, afinal, tem que estar perfeito, senão ela não gostaria de mim.

O espaço ficava cada vez menor e fiquei impressionado com o tanto de coisas que havia escrito no final das contas. Reli o texto pela última vez antes de guarda-lo no envelope já selado. Então na parte de trás, em um espaço vago, escrevo com a minha letra mais bonita "Com Amor".

Contemplei a minha obra de arte antes de sair de casa as pressas para entregar a carta ao correio e ela, por fim, pudesse lê-la. Meus passos longos e rápidos davam a impressão das lojas estarem indo para o lado oposto. Olhava para o chão com medo de um passo em falso e eu caísse, fazendo minha missão ir por água abaixo.

Não poderia parar agora, estava tão perto.

Quando finalmente cheguei minha respiração estava ofegante, meu coração acelerado e gotículas de suor escorriam em minha pele, pude ver a grande loja dos correios na minha frente, com suas cores chamativas, alguém de outro continente poderia identifica-lo.

Entro na loja procurando o primeiro atendente que minha vista pode captar, e quando o encontro corro em sua direção, ainda ofegante.

- Com licença - o jovem olha em meus olhos. - Gostaria de enviar uma carta.

- E eles ainda fazem isso? - Ri consigo mesmo retirando a carta de minhas mãos.

- Perdão, fazem o que? - Digo com um grande quê duvidoso.

- Os jovens não enviam mais cartas hoje em dia, por isso fiquei surpreso quando você chegou com essa carta na mão. - Ele diz apontando para o envelope lacrado.

- Ah - coço a nuca olhando em volta. - É para uma garota - sorrio fraco.

- Hum, fez bem de escolher uma carta, as mulheres acham bem mais romântico ao invés de usar esses aplicativos que todos hoje em dia usam. Até meu avô já baixou o WhatsApp em seu smartphone.

Imagino a cena de um idoso, aparentando ter em média setenta anos, sentado em uma poltrona em frente à uma janela mexendo em seu celular, xingando essas novas tecnologias.

- Muito obrigada, espero que essa carta chegue logo. - Sorrio me voltando para a saída do local.

- Vou garantir que isso aconteça.

Quando me viro para dar um último adeus ao gentil atendente percebo que ele não permanecia mas no mesmo lugar, olho em volta a sua procura mas ele havia sumido.

Estranho. Pensei comigo mesmo.

Saio de lá com um estranho pressentimento e com o quê de dúvida depois de ter visto aquele cara, misteriosamente, "desaparecer". Depois de dois ou três passos coloco as mãos no bolso da calça jeans e olho para baixo diminuindo o ritmo de meus passos.

Cartas Para Meu Amor (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora