Parte 1

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Abri meus olhos com bastante dificuldade, o cheiro de álcool era muito forte e estava começando a me deixar enjoada. Olhei em volta, e demorei a entender realmente onde estava, mas quando vi um tubo de soro injetado na veia do meu braço direito consegui compreender que estava dentro de um hospital. Meu corpo doía, como se eu tivesse sofrido um acidente, e o leito onde eu me encontrava não era nada confortável.

Não havia ninguém no quarto, nem mesmo uma enfermeira, o quê me fez pensar que meu caso não deveria ser tão sério assim. Tentei buscar na minha mente algo que me fizesse lembrar do por quê estava ali, mas não conseguia lembrar de nada. Era como se eu tivesse batido a cabeça, e vindo parar ali de uma hora pra outra sem ter a mínima noção de por quê e pra quê. E eu realmente não tinha.

O relógio na parede marcava 16:55 da tarde, e conseguindo me lembrar o quê eu reconhecia sobre aquele hospital, o horário de visitas era sempre a partir das 17 horas.

Eu não tinha a mínima ideia nem de qual era o meu nome, nem se tinha familiares ou algo do tipo, mas ainda sim tinha a esperança de quê alguém poderia vir me visitar. Sem poder fazer mais nada, permaneci esperando aqueles cinco minutos se passarem.

16:57.

Minha ansiedade só aumentava em pensar que poderia estar sozinha naquele hospital. Nem um barulho de passos no chão, leitos sendo levados, embalagens sendo abertas ou médicos e enfermeiros conversando. Nada. Apenas eu e o tic-tac do relógio de parede irritantemente lento.

16:59.

Ri, pensando no quanto aquilo era ridículo. Qualquer coisa poderia ter acontecido, como por exemplo, no meu suposto acidente que me trouxe até aqui, toda minha família ter morrido também. Ou seja lá quem estava junto no lugar, ter sofrido muitas lesões corporais a ponto de não poder vir até mim, e estar em um caso pior do quê o meu. E ter restado apenas eu. Que estava ali, esperando por uma resposta que poderia nem vir.

17:00.

Uma enfermeira, com uma prancheta em mãos, entrou acompanhada de um médico devidamente vestido. Os dois me olharam com pena, e cochicharam coisas ininteligíveis até chegar até mim.

- Boa tarde... - disse o médico, olhando de canto de olho a prancheta da enfermeira -, Samantha, não é mesmo? - completou, estreitando os olhos em busca de confirmação.

- Creio que sim - respondi.

- É exatamente o quê o senhor esperava - a enfermeira loira cochichou.

O médico pigarreou, com desdém.

- Bem, Samantha - começou -, prevejo que a senhorita não se lembre de por que está aqui, certo?

Não respondi.

Não precisava de resposta, era óbvio que eu não tinha ideia do quê aconteceu anteriormente.

Respirei fundo, esperando que ele parasse de prolongar aquilo.

- Acho que não cabe a mim, como médico e tendo nenhuma intimidade de linguajar e costume com você, lhe contar o quê ocorreu 4 meses atrás.

- 4 meses?! - exclamei horrorizada.

Eu estava a 4 meses dormindo naquele leito de hospital e não parecia nem ao menos uma semana. Era normal que eu me sentisse assim, por quê sentia que tinha perdido toda memória que me restava. Mas pensar que fiquei 4 meses em coma, só me deixava mais atordoada para saber o quê aconteceu para me trazer até aqui.

Minha família devia estar muito afetada, se é que eu tinha alguém. Esperava ter pelo menos uma tia ou tio na cidade, ou não iria conseguir enfrentrar tudo aquilo sozinha.

Acorde, Vamos Casar! (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora