Capítulo Único

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As coisas entre nós sempre foram acontecendo naturalmente e quando nos demos conta, já tínhamos passado mais uma fase de nosso relacionamento. Não pensamos que ficaríamos tanto tempo juntos, naquela época éramos apenas crianças. Mas, acabou por acontecer.

Tudo deu início quando ele começou a estudar na escola em que eu estudava. Um garoto tímido, mas que logo começou a se enturmar na turma. Lembro como se fosse ontem quando ele falou comigo pela primeira vez, pedindo para que eu fosse sua dupla no trabalho de matemática.

***

22 anos atrás

Escrevia com minha letra perfeita os exercícios que a professora Tatia passava no quadro, já esperando ela colocar o ponto final no último exercício para que eu começasse a responde-los por conta própria. Apesar de ela deixar que nos reuníssemos em duplas para resolver as contas de matemática, nunca gostei de fazer atividades, trabalhos e outros com outra pessoa, por conta disso sempre preferi fazer sozinha por eu decidir tudo e não precisar esperar para que os outros fizessem suas partes. Quando, finalmente, ela terminou de escrever os 10 exercícios de matemática que eu já sabia de cor e salteado, em seguida falando que pudéssemos nos juntar, pensei que, como sempre, ninguém me chamaria para a realização da tarefa, mas me enganei muito bobamente. Não tinha prestado atenção que o garoto que tinha entrado na escola algumas semanas atrás estava olhando para mim, nem que ele tinha se levantado de sua cadeira e estava vindo em minha direção.

- Você é Natasha, né?

Escutei aquela voz que era de moleque ainda mencionar meu nome. Aquele era Thiago Marques, o garoto que no primeiro dia de aula mal conseguia mencionar o nome de sua escola anterior e que ficou vermelho igual tomate quando a professora pediu para que ele se apresentasse. Agora, poucas semanas depois do ocorrido, já falava com todos os meninos da turma e já tinha seu grupinho formado. Ha... E também já era o novo "menino bonito" que as outras garotas comentavam.

Olhei para cima vendo em seguida aquela face de bebê que ele ainda possuía.

- Sim. - Respondi como se não me importasse, já me preparando para dizer um não caso ele perguntasse se eu queria ser sua parceira na lição.

- Você pode ser minha dupla para a tarefa?

- Nã... - Comecei a responder ele, quando o maldito me intrometeu.

- Por favor, Natasha. Sério. Você tirou nota máxima na última prova que foi a mesma coisa que a professora esta passando agora e eu não consegui entender nada do que ela explicou. - Ele me olhava com a mesma cara que o Gato de Botas fazia. Olhos arregalados, os lábios formando um bico quase inexistente. Não irei ser julgada se eu falar que ele estava fofo, não é?

- Aff... Mas e os seus amigos? - Me emburrei, não estava esperando que ele implorasse.

- Eles já tão tudo reunido. Só sobrou eu... - Ele olha ao redor, vendo que os nossos outros colegas de classe já estavam reunidos e fazendo as atividades. - E você. Somos uma turma par.

- Aff... Ta bom. Pega uma carteira.

Ele se afastou e tenho quase certeza que escutei um "Yes!" que ele sussurrou. E eu nem sabia que este "Yes!" não era por ele ter conseguido alguém inteligente para fazer os exercícios ou por ter conseguido uma amiga, que em alguns anos depois virasse algo a mais.

***

Nos anos que se seguiram, fomos nos aproximando de pouco em pouco. Primeiro viramos colegas de sala que faziam trabalhos escolares juntos, depois amigos pra valer e quando fui perceber, de um jeito tão natural, viramos amigos coloridos com um passo para o namoro que logo aconteceu. Lembro o dia que ele me pediu em namoro como se fosse ontem, o jeito que ele tinha escolhido para se expressar me surpreendeu. Percebi que naquele dia eu o amava muito. Mas não tanto ao ponto de eu me casar com ele, pois pelo simples fato de termos, naquela época apenas 16 anos de idade.

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