DNA - Nova Espécie

Capítulo 27

Kall virou o rosto, sacudiu a cabeça um pouco, ouvi um som estranho. E quando ele voltou a me olhar tinha a boca aberta, expondo caninos afiados.

Era assustador, mas só se fosse em uma situação de ataque, nesse momento eu só estava supresa. Eu não tinha medo dele, com ou sem caninos afiados.

- Fale alguma coisa!

Ele pediu ainda exibindo os caninos afiados.

- Incomoda? Ou dói? Como esconde-os?

Me aproximei mais dele, quase sentando no seu colo. Ele me olhou com cenho franzido. Eu já conhecia essa expressão, Kall estava confuso.

- Você não está com medo? Não quer se afastar, eu vi sua expressão...

Dei de ombros e mordi o lábio levemente.

- Sinceramente, nem se você me disse que tinha um rabo, eu me afastaria. E a princípio fiquei muito surpresa... nunca senti essas caninos afiados quando te beijo... ou quando... quando você me morde ou chupa...

Kall sorriu com aquelas presas ameaçadoras, e eu apenas fiquei mais curiosa.

- Eu posso recolhé-las...

Assim ele o fez escondeu as presas e eu fiquei boquiaberta novamente.

- Dói?

- Um pouco. Mas quando estou com raiva, ou tenho a necessidade de atacar, elas saem com mais facilidade.

Eu engolir em seco, era assustador saber que ele tinha aquelas presas que rasgariam a jugular de uma pessoa como se fosse um papel sendo despedaçado.

- Porque não me mostrou antes?

Ele sorriu, mas não chegou aos seus olhos, parecia triste.

- Eu sou um assassino, essa é a minha verdadeira face, não queria que você visse isso!

Meu coração se apertou com as palavras tom da sua voz, me aproximei mais dele tomando seu rosto entre as minhas mãos.

- Você não é um assassino.

- Sky eu matei pessoas da sua espécie, rasguei ele ao meio, diversas vezes, todas que pude. O que eu sou então?

Acariciei seu rosto com carinho. Era destruidor saber o que ele pensava de si próprio.

- Kall, você não é um assassino, fez o que tinha de fazer para se proteger daqueles malditos. Eles sim são assassinos sem escrúpulos. Eles só te machucaram, e você tinha que se proteger, eu não vou julgá-lo, pois no seu lugar faria o mesmo.

Ele se aproximou de mim, bem devagar, parecia ter medo de me assustar. Beijou minha bochecha deslizando os dedos pela outra.

- Você nunca mataria alguém...

- Mataria qualquer um que tentar te machucar. Te tirar de mim Kall, eu juro que não me importo com quem você tirou a vida, porque se pudesse eu mesma tiraria.

Kall me beijou tomando entre os seus braços cheio de amor. Eu adorava esse lugar, tinha sido feito pra mim. Ele se afastou o suficiente para olhar no meu rosto enquanto acariciou meus cabelos meio molhados.

- Nunca vão me tirar de você. Eu prometo.

Encostei minha testa na sua, eu queria dizer "eu te amo" mas tinha medo de ser cedo demais. De assustar ele. De por acaso Kall me achar uma louca por me apaixonar tão rápido e fortemente.

- Vamos voltar, você está ficando fria...

O abracei suspirando. Eu ia esperar mais um pouco, não queria correr o risco dele se afastar de mim.

- Vamos. Eu faço a janta essa noite!

*

Tudo era escuro, eu ouvia som de gotas pingando, sentia frio. Então veio os gritos, altos e claros. Kall.

Eu tentei ir atrás do som, mas eu parecia presa ao chão, não tinha como me levantar. Mas não consegui, meu corpo parecia paralisado.

Gritei, mas minha voz não saía. Então eu só podia ouvir os gritos desesperantes dele, a dor que eles expressavam. Enquanto eu parecia congelada no chão e totalmente muda.

Levantei da cama rapidamente, não houve tempo para mais nada ao não ser chegar ao banheiro, e vomitar tudo que eu tinha comido na piá.

- Sky!

Ouvir Kall atrás de mim tocando minhas costas. Não consegui nem pedir para ele sair. Só continuei a vomitar, foi então que bolhas de sangue começaram a manchar o mármore branco da piá.

- Sky anjo, o que... Sky meu amor...

Eu estava preocupada com com ele. E Kall comigo, nenhum de nós conseguia acalma um ao outro.
Mas ele segurou meus cabelos, enquanto passava a mão pela minhas costas, isso me acalentava. Até que então eu consegui parar de cuspir todo aquele sangue.

Quando o encarei, ele pegou um lenço e passou pelo meu rosto onde devia está sujo. Nesse momento eu mal tinha forças para me manter em pé, foi então que desmaiei.