Capítulo 19

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Acordei com tudo ainda escuro, forcei a minha visão a se adaptar a tanta escuridão para tentar ver pelo menos alguém. Reconheci uma pequena sala onde todos nós — do grupo — estávamos sentados em cadeiras de madeira e amarrados com cordas fortes. Tentei reconhecer os rostos e percebi que Igor não estava conosco, sendo que ele tinha nos assustado com o seu grito de dor.
Isabel estava a minha esquerda  desacordada, John estava em minha direita também desacordado, e Harry estava a direita de John acordando neste momento. Não sabia se era seguro falar alguma coisa, não sabia se tinha alguém ali nos observando, só sabia que estava tudo muito estranho.

Harry — sussurro.

Ele parecia uma criança assustada que jazia vendada. Ele estava olhando para todos os lugares a procura da voz que o tinha chamado. Até que seu olhar se encontrou com o meu e ele respirou aliviado.

Onde estamos? — sussurrou.

Como eu queria saber onde raios estávamos. Só lembro que entramos em uma caverna, e logo após Igor gritou de dor e tudo escureceu.
E agora estou com meus braços dormentes devido a força da corda que está me amarrando.

Não faço ideia — sussurro de volta.

Pensei em alguns lugares que poderíamos estar e cheguei a algumas conclusões:

1) Poderíamos ainda estar na caverna;

2) Poderíamos estar no covil secreto do Heitor, que nos leva a opção um;

3) Poderíamos ter sido capturados por humanos para experiências científicas com nossos corpos;

Acho que eu acabei usando muita criatividade na opção 3, mas é possível.
Contudo ainda tem uma questão não resolvida; onde estaria Igor? E ele nos traiu?.
Portanto ainda tenho muitas questões a resolver antes de pensar se Igor nos traiu e se sim qual será a sua punição. Acho que ele não seria capaz de tal ato, principalmente depois do seu esclarecimento sobre o ódio exacerbado de Heitor.
O mais importante neste momento seria pensar em como sair deste lugar.

Empurrei minha cadeira para a esquerda — onde alguém estava totalmente parado — e empurrei minha cadeira até se chocar com a da Isabel.

Nada.

Tentei mais uma vez só que com mais força. Resultado, ela levantou com um susto e também me deu um.

Neste momento estava ao meu lado uma irmã desesperada sem saber onde estava, com quem estava, e o que acabara de chocar-se com sua cadeira.

Isabel, é a Emilly, eu estou do seu lado direito — sussurro.

Ela me olhou assustada, contudo relaxou após comprovar a minha afirmação.

Onde estamos?! sussurrou.

Vem cá, desde quando eu tenho cara de vidente?! Ou de algo que pareça que eu sei de TODAS as coisas do nosso universo?!?.

Eu sou uma vampira que tem poderes, contudo eu não tenho o poder de saber a minha localização, desculpa decepcionar vocês!.

Não sei — sussurro já irritada.

Fiquei parada olhando para o teto pensando em algo que pode nos ajudar a escapar.
Por que só eu tenho que ter idéias?

Ah é, eu sou a merda da líder!.

Isabel, — ela olhou para mim — tenta voar ela confirmou meio hesitante.

E foi uma catástrofe, ela tentou e a cadeira nem se moveu, nem pelo menos um centímetro acima do chão.

Que grande e fedida merda!

Olhei para o Harry que estava também olhando para o teto. Tenho certeza absoluta que ele não estava pensando em uma maneira de sair daqui, deveria estar pensando em besteiras.

Harry, — ele me olha — tenta cortar a corda com as suas unhas — ele confirmou.

Suas unhas cresceram naturalmente, como ele consegue sempre fazer, e tentou cortar a corda que lhe deu choque.

Merda — digo.

E agora?! Não sei em que raio de lugar estamos, nossos poderes não servem para porcaria nenhuma!

Nossos não, eu ainda não tentei nada.

Me levanto um pouco para tentar quebrar a cadeira — como em filmes,
acho que seria mais fácil eu deslocar minha coluna do que quebrar essa merda de cadeira. Eu já repeti tanta a palavra "merda" que parece até que ela perdeu o sentido — irônico eu sei.
E novamente ressurge o mesmo pensamento, o que faremos? Porque ninguém aqui tem uma ideia decente.

— Ai que saco! — dou um grito.

A luz se acende e quando olho para frente vejo que não estamos em uma sala pequena e velha. Vejo que estamos em um cubículo branco, totalmente branco, com um vidro na nossa frente, com pessoas com jalecos brancos nos observando.

A terceira opção não parece mais tão maluca.

Ouço uma sirene tocar e a porta do lado da grande janela de vidro se abre.

— Heitor, seu filha da ... — recebi olhares de desaprovação de meus companheiros de equipe e então não terminei a frase.

— Sempre adoro suas amostras de carinho, Emilly — responde rindo.

Dou um sorriso cínico de volta para não o xingar novamente.

— Então, alguém vai nos explicar o que estamos fazendo aqui? — perguntou Harry.

— Bom, — Heitor limpa a garganta — era uma emboscada e pelo visto eu consegui capturar vocês. — Canalha. E, pretendo matar todos, menos a Emilly.

Por que menos eu?!

— Devem estar se perguntando"por que menos ela?" vocês verão em breve. — ele pega algo em seu bolso.

O que esse miserável está tramando?

A cadeira de nós três, que estava virada para a frente dele, vira para o lado direito e parece haver outra sala atrás da parede que agora está de frente para nós. As luzes nessa sala são ligadas, essa outra sala é completamente igual a que estamos agora.

— Emilly, sua vez — ele aperta um botão e minha cadeira — junto comigo — é mandada para essa outra sala.

— Ei! — digo assim que estou sozinha na outra sala.

Duas pessoas aparecem, Heitor e minha mãe, minha mãe?!.
Eles parecem estar discutindo algo grave, até que Heitor dá um tapa no rosto de minha mãe.

— Seu...— eu forço a corda que a essa altura está me dando choque.

—Ahhh!! — urro de dor.

O rosto sem expressão da minha mãe é o que mais me sensibiliza.

Mãe — suplico em um sussurro.

Ele aproveita e começa a enforca-la, ele a levanta até que seus pés não toquem o chão. Eu vejo tudo isso com ódio dele.

Meu olho fica verde...

Pena que não me controlei...

Mariposa (Série Vampira e Presas) - Livro Um (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora