Capítulo vinte e dois.

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Estava tudo voltando ao normal, pelo menos no trabalho, morar com Victor estava sendo maravilhoso, acordar ao lado dele, fazer amor com ele todos os dias era magnífico. Mas apesar de tudo isso Renata estava se sentindo triste por Flavia.

- Para de ser boba, eu vou me virar bem, minha carreira está decolando. - dizia a amiga sempre que Renata tocava no assunto.

Daqui a algumas semanas Melissa estaria casada e morando com Rodolfo, e Flavia ficaria sozinha no apartamento. Renata sempre tentava não pensar nisso, mas se sentia culpada em deixar a amiga sozinha, sempre foram o porto seguro umas das outras e agora pensar em alguma delas sozinha era no mínimo estranho.

Mesmo Flavia não se mostrando abalada, ela via nos olhos da amiga que também estava se sentindo estranha com aquela nova mudança.

- Vai me fala, você quer que eu volte? Victor mora aqui perto mesmo. Vou continuar a vê-lo todos os dias. - dizia Renata.

- Nem pense nisso Renata! Eu jamais iria querer que abrisse mão de qualquer coisa por mim. Eu vou ficar bem boba, eu ando viajando muito a trabalho mesmo, quase nem paro em casa, eu é que ficaria mal se soubesse que você trocou morar com Victor, aquele Deus grego abrasileirado, seu grande amor, para ficar em casa me esperando voltar de viagem. Me poupe Renata!

E assim terminavam todas as conversas sobre isso, com um abraço apertado e uma bacia de pipoca.

-Um beijo por seus pensamentos.- disse Victor abraçando Renata por trás e a desviando de seus pensamentos.

- Estava pensando em Flavia. Queria que minha amiga tivesse alguém também, assim como eu e Melissa.

- Talvez ela tenha e você nem saiba.

- Não isso não é possível, ela já teria dito, não temos segredos.

- Pelo pouco que conheço de sua amiga tenho certeza que ela está feliz tanto por você como por Melissa.

- É talvez você tenha razão. Vamos?

- Vamos.

Então os dois saíram do apartamento e foram para a empresa.
Com o casamento de Rodolfo e Melissa se aproximando as coisas andavam bastante corridas no escritório, Rodolfo passava muito tempo fora com a noiva, era incrível a disposição dele para ajudar Melissa a escolher a decoração, e todos os outros detalhes, para a cerimônia que aconteceria na próxima semana.

Tinham escolhido se casar em uma chácara nos limites da cidade, havia um lago muito lindo de água limpa e transparente onde se avistavam carpas de um laranja impressionante. E como Melissa escolhera esta cor para sua decoração, o lago e seus moradores eram mais que apropriados. Na função de madrinha da noiva, Renata já havia visitado a chácara com a amiga, tinha ajudado na escolha dos arranjos, Flavia estava responsável pelos vestidos, a amiga era muito boa nisso e estava desenhando os modelos.

Naquele exato momento Renata se deparou com o desenho que a amiga fez para ela, ficou emocionada com o desenho, o vestido era perfeito, longo apertado na cintura e mais solto nas pernas, com detalhes laranjas em volta do colo e mangas curtas. Estava distraída o imaginando depois de pronto, e em seu corpo quando uma batida de leve na porta a acordou.

- Oi minha Deusa. - a voz de Victor a fez sorrir.

- Oi! Visitinha no meio do expediente, que delícia. - ela piscou para ele, e sorriu.

- Bateu saudade.- Victor a segurou pela cintura e beijou sua boca. Ele tinha os lábios macios.

- Se meu chefe chegar e te ver aqui vou ser despedida. - falou em tom de brincadeira.

- Ele não ousaria. - Victor deu risada. - Vim avisar que vou para uma reunião agora queria saber se quer que eu volte para te buscar?

- Não precisa, estou com muito trabalho não sei a que horas saio hoje. Mas eu pego um táxi, não se preocupe.

- Vou ter que resolver esse problema, você não pode ficar sem carro.

- Victor não precisa, você sabe que eu não preciso de um carro. Eu tenho você meu motorista particular. E claro que não aceitaria nada menos que uma Ferrari ainda mais agora que você me deixou mal acostumada. - Renata não se conteve e começou a rir, já teve outras conversas como aquela com Victor, onde ele insistira em dar um carro a ela, e ela sempre recusava, afinal ia e voltava da empresa todos os dias com ele. Somente as vezes como naquele dia, ela pegava um táxi.

- Vou ver uma que combine com a senhorita. Até depois meu amor. - ele deu um beijo em sua testa e saiu.

Ja eram quase nove horas da noite quando Renata acabou os relatórios que Rodolfo tinha pedido, teriam uma reunião no outro dia pela manhã e ela ainda teria que arrumar a sala de reuniões, pegou alguns relatórios e pastas para levar a sala quando sem querer deixou cair o desenho de seu vestido, ajuntou ele rapidamente deu mais uma olhada e sorriu, colocou em cima da mesa e saiu para a sala de reuniões.

Teria que preparar a sala que ficava no andar de baixo pois era maior e continha um telão para as vídeo conferências, desceu pelo elevador e notou que não havia mais ninguém ali era somente ela. Se apressou para deixar tudo pronto e quando voltou ao andar de cima notou que a luz da sala de Victor estava acesa. Não tinha notado isso quando desceu, então foi até lá para apagar a luz, quando entrou na sala sentiu um perfume doce e até enjoativo de mulher.

- Vera? Você está aí? Vera! - Renata chamou pensando que talvez Vera pudesse ainda estar ali. Como estava tão atarefada naquele dia nem conversara com a colega, talvez ela estivesse ali e Renata nem notara.

Como não ouve resposta ela apagou a luz e voltou para sua sala, iria desligar o computador quando olhou para o desenho de seu vestido em cima da mesa.

-Ahhh! - Renata soltou um grito e colocou a mão na boca. Suas mãos estavam tremendo e os olhos se enchiam de lágrimas.

Ficou olhando para o desenho sem acreditar tentando entender o que era aquilo, desesperada e com medo começou a olhar para os lados para procurar alguém, qualquer pessoa que pudesse ter feito uma coisa daquelas. Não conseguia pensar em ninguém, tudo a sua volta estava escuro, apenas algumas luzes no corredor estavam acesas, as salas estavam vazias. Quem poderia ter feito aquilo? E porquê?

Aos poucos conseguiu se mexer novamente e então pegou o desenho na mão para olhar mais de perto. Onde antes havia um vestido lindo desenhado pela amiga, havia agora um vestido com uma mancha imensa de sangue, tinha cheiro de sangue. Renata sentiu o estômago embrulhar e se sentou na cadeira. Seu telefone tocou e ela levantou rapidamente levando um susto.

- Alô - disse com a voz falhando.

- Renata está tudo bem? Meu amor onde você está? - A voz de Victor soou como música aos seus ouvidos e ela se sentiu um pouco mais segura. Até se lembrar que estava sozinha, e ele não estava ali. Começou a soar frio e sentiu o embrulho no estômago voltar.

- Victor estou na empresa ainda você pode vir me buscar?

- Sim claro! Mas o que aconteceu? Você está bem? - a voz dele agora soava preocupada.

- Não sei eu estou meio zonza. Não gosto do cheiro de sangue.

- Sangue? Renata sangue de onde? De quem? Renata! - a essa altura Victor já estava gritando do outro lado mas ela não escutou mais nada. Apenas viu quando seus olhos se fecharam e tudo ficou escuro.



Liberta-me  (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora