Capítulo 8

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Enquanto Afonso dormia tranqüilamente ao lado dela, naquela noite, Daniela estava acordada, de olhos bem abertos. A cena do Sr. Ellis e Najla juntos não a deixavam dormir. E, juntando com o que sentia todas às vezes em que se lembrava da voz preocupada de Afonso logo depois que a salvara de se afogar no lago, o modo como seus dedos evitaram tocar em sua pele enquanto a ajudava com a vestimenta...

Sem conseguir dormir, Daniela pegou o candelabro de seis velas e passou sorrateiramente pelas cobertas da cama, dando uma olhada para trás para ver se o marido ainda dormia. Caminhou até uma mala colocada no canto do quarto que continha pertences menos necessários e ela sabia muito bem o que procurava: o livro que Afonso lhe dera. 

Depois que o achou, desceu pelas escadas até a sala de estar, sentando-se no sofá, e, como não havia ninguém a vista, colocando os pés para cima, confortavelmente. Mamãe teria um ataque se me visse desse jeito, pensou, sorrindo para o livro. Deixou o candelabro apoiado na mesa de canto de modo que ainda iluminasse o livro e passou a folheá-lo sorrindo. 

— Não consegue dormir? — a voz de Najla sobressaltouDaniela, que já tinha folheado o livro pelo menos cinco vezes inteiras. 

— Não consigo. — ela sorriu tímida. Najla caminhou para sentar-se ao lado da amiga, pegando nas mãos dela para olhá-la nos olhos. — Você?

— Também não. Eu vim buscar água e depois voltei para o quarto.

— Eu vi. — Daniela respondeu baixinho. — O barulho do vidro quebrando me acordou, ontem.

— Desculpe. Acho que de certa forma me deu sede hoje também... 

— O que... O que o Sr. Ellis estava fazendo com você,Najla? — Daniela baixou os olhos, apertando as mãos da amiga. Que perigo ela estava correndo? — O Sr. Burmingham fez o mesmo comigo, mas eu estava meio desmaiada. Eu não consigo entender...

— Ele... Mamãe me explicou sobre isso e Afonso me explicou sobre isso, mas não sei bem como eles chamam... — Najla deu de ombros, afagando a mão da cunhada. 

— Se eu perguntar ao Sr. Burmingham, você acha que ele me dirá o nome? — Najla sorriu abertamente. Claro que ele diria. Ele faria qualquer coisa pela esposa dele. 

— Creio que sim. — ela respondeu, sem querer dar o braço a torcer caso estivesse enganada. Suas bochechas coraram ao se lembrar de como o Sr. Ellis a havia deixado pouco tempo atrás.

— Como é que ele fez... Aquilo? — Daniela soltou uma das mãos da amiga para agitá-la no ar. 

— Eu não sei... Nossos lábios se tocaram. O Sr. Ellis os abriu e... — Najla fechou os olhos. 

— Está dizendo que ele... Ele...? — Daniela abriu os olhos em choque. — ! — repreendeu. — Ele vai se casar com você? Ele acabou com a sua honra!

— Daniela, olha pra mim! — Najla riu diante do desespero da sua amiga. — Eu realmente não me importo se ele não se casar comigo. — Daniela assentiu, meio desacreditada. 

— Eu preciso... Acho que vou voltar a dormir, você se importa?

— Claro que não. Eu levo o livro se quiser...

— NÃO! — Daniela cortou a amiga rapidamente, sentindo-se embaraçada depois. Engoliu saliva e tentou se corrigir. — Eu não quero te dar trabalho. Pode deixar que eu mesma levo... 

Daniela refez o caminho para o quarto segurando o candelabro com as mãos tremulas enquanto apertava o livro debaixo do braço. Ela entrou no quarto tropeçando, tremendo e suando. Seus olhos estavam muito abertos e ela ainda continuava chocada. 

It Was Always You [EM PAUSA PARA REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora