Enquanto Afonso dormia tranqüilamente ao lado dela, naquela noite, Daniela estava acordada, de olhos bem abertos. A cena do Sr. Ellis e Najla juntos não a deixavam dormir. E, juntando com o que sentia todas às vezes em que se lembrava da voz preocupada de Afonso logo depois que a salvara de se afogar no lago, o modo como seus dedos evitaram tocar em sua pele enquanto a ajudava com a vestimenta...
Sem conseguir dormir, Daniela pegou o candelabro de seis velas e passou sorrateiramente pelas cobertas da cama, dando uma olhada para trás para ver se o marido ainda dormia. Caminhou até uma mala colocada no canto do quarto que continha pertences menos necessários e ela sabia muito bem o que procurava: o livro que Afonso lhe dera.
Depois que o achou, desceu pelas escadas até a sala de estar, sentando-se no sofá, e, como não havia ninguém a vista, colocando os pés para cima, confortavelmente. Mamãe teria um ataque se me visse desse jeito, pensou, sorrindo para o livro. Deixou o candelabro apoiado na mesa de canto de modo que ainda iluminasse o livro e passou a folheá-lo sorrindo.
— Não consegue dormir? — a voz de Najla sobressaltouDaniela, que já tinha folheado o livro pelo menos cinco vezes inteiras.
— Não consigo. — ela sorriu tímida. Najla caminhou para sentar-se ao lado da amiga, pegando nas mãos dela para olhá-la nos olhos. — Você?
— Também não. Eu vim buscar água e depois voltei para o quarto.
— Eu vi. — Daniela respondeu baixinho. — O barulho do vidro quebrando me acordou, ontem.
— Desculpe. Acho que de certa forma me deu sede hoje também...
— O que... O que o Sr. Ellis estava fazendo com você,Najla? — Daniela baixou os olhos, apertando as mãos da amiga. Que perigo ela estava correndo? — O Sr. Burmingham fez o mesmo comigo, mas eu estava meio desmaiada. Eu não consigo entender...
— Ele... Mamãe me explicou sobre isso e Afonso me explicou sobre isso, mas não sei bem como eles chamam... — Najla deu de ombros, afagando a mão da cunhada.
— Se eu perguntar ao Sr. Burmingham, você acha que ele me dirá o nome? — Najla sorriu abertamente. Claro que ele diria. Ele faria qualquer coisa pela esposa dele.
— Creio que sim. — ela respondeu, sem querer dar o braço a torcer caso estivesse enganada. Suas bochechas coraram ao se lembrar de como o Sr. Ellis a havia deixado pouco tempo atrás.
— Como é que ele fez... Aquilo? — Daniela soltou uma das mãos da amiga para agitá-la no ar.
— Eu não sei... Nossos lábios se tocaram. O Sr. Ellis os abriu e... — Najla fechou os olhos.
— Está dizendo que ele... Ele...? — Daniela abriu os olhos em choque. — ! — repreendeu. — Ele vai se casar com você? Ele acabou com a sua honra!
— Daniela, olha pra mim! — Najla riu diante do desespero da sua amiga. — Eu realmente não me importo se ele não se casar comigo. — Daniela assentiu, meio desacreditada.
— Eu preciso... Acho que vou voltar a dormir, você se importa?
— Claro que não. Eu levo o livro se quiser...
— NÃO! — Daniela cortou a amiga rapidamente, sentindo-se embaraçada depois. Engoliu saliva e tentou se corrigir. — Eu não quero te dar trabalho. Pode deixar que eu mesma levo...
Daniela refez o caminho para o quarto segurando o candelabro com as mãos tremulas enquanto apertava o livro debaixo do braço. Ela entrou no quarto tropeçando, tremendo e suando. Seus olhos estavam muito abertos e ela ainda continuava chocada.
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It Was Always You [EM PAUSA PARA REVISÃO]
Romance[EM PAUSA/HIATUS] Na sociedade vitoriana, a maioria esmagadora dos casamentos é arranjado pelos pais do noivo e da noiva. Com Daniela Lexfinn, isso também não seria diferente, porém, o destino se opõe as propostas que a moça recebe e faz com que a v...