O oficial de justiça tinha chego imediatamente após Lady Clarissa deixar a filha a sós na casa. Ele perguntara pela criada Margaret e em seguida a levara junto consigo, sem maiores explicações, sem ceder aos pedidos dos outros colegas.
Embora ainda estivesse se familiarizando com a nova mansão, Daniela tinha certeza que a melhor parte da casa — quando não a cama onde podia dormir e se livrar das roupas pesadas — era a biblioteca.
Estava quase alcançando a porta de madeira para empurrá-la e, provavelmente, se deparar com a enorme estante embutida, quando a campanhia tocou. Suspirando, Daniela sentou-se no sofá da sala enquanto esperava uma das criadas atender à porta.
— Milady, — a criada fez uma mesura a sua frente — uma jovem senhorita deseja saber se o senhor Burmingham está. O que devo dizer?
— Ela insiste? — Daniela franziu o cenho. Quem seria essa moça?
A criada apenas assentiu.
— Mande que ela entre. Você já lhe disse que ele não está?
— Sim, milady. Ela pediu se poderia esperar por ele. — a criada abaixou a cabeça, encarando as mãos. Com toda a certeza, esta senhorita deveria ter dito muito mais.
Por um momento, Daniela considerou que ela não deveria permitir que outra mulher entrasse em sua casa depois do que a mãe lhe falara, mas não tinha escolha.Afonso não estava em casa e, talvez, essa senhorita precisasse da ajuda dele.
— Mande-a entrar. — a jovem cedeu — Depois, prepare um chá com biscoitos para nós na varanda.
— Sim, milady. — a criada fez uma mesura novamente e voltou a porta, indicando a outra moça o caminho para dentro.
Daniela levantou-se do sofá, passando a mão pelo vestido e tentando não amassá-lo. Não havia mais ninguém disponível para ajudá-la a trocar-se e ela não queria fazer feio para a convidada que conhecia o seu marido.
Acompanhada da criada, a jovem acenou a cabeça para Daniela enquanto tirava o bonnet e as luvas, entregando os acessórios para a senhora, que se retirou da sala logo que a ama fez um gesto com a mão.
Os cabelos metade presos da outra moça cairiam em cascata pelas costas dela. Um pouco enrolados no final com um lindo tom de caramelo que lembrava os sapatos mais bem lustrados de um cavalheiro. Seus olhos eram azuis como o céu mais lindo e iluminado de um dia de verão e sua pele era tão branca e frágil quanto uma nuvem.
— Senhorita. — cumprimentou Daniela, estendendo a mão.
— Senhora Burmingham. Sou Flávia Nye, conheci seu marido durante o tempo que ele passou na França. — Daniela prendeu a respiração. Abra um sorriso e finja que está tudo bem, ela ordenou a si mesma e assim o fez.
— Senhorita Nye que prazer é recebê-la em minha casa. Por favor, queira me acompanhar, eu estava justamente indo tomar um chá em minha varanda.
— É claro, senhora. — Daniela virou as costas para a outra jovem, seguindo pelo corredor para chegar a varanda. — Perdoe-me, mas não tive oportunidade de perguntar-lhe seu nome.
— Eu sou Daniela — respondeu. A jovem que a seguia soltou um suspiro que soou derrotado. — Algum problema, senhorita?
— De maneira alguma — a outra apressou-se em responder. — Eu apenas estava reparando em que lindas pinturas têm nas paredes.
— Meu marido e eu escolhemos juntos as paisagens para serem pintadas. — Daniela abriu um sorriso, embora Flávia não pudesse ver. — Pronto, senhorita. — a anfitriã gesticulou indicando a cadeira. O mordomo que estava parado em frente à parede da soleira da porta fez seu caminho para empurrar a cadeira à convidada, ajudando-a a se sentar e depois fez o mesmo com a da ama.
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It Was Always You [EM PAUSA PARA REVISÃO]
Romance[EM PAUSA/HIATUS] Na sociedade vitoriana, a maioria esmagadora dos casamentos é arranjado pelos pais do noivo e da noiva. Com Daniela Lexfinn, isso também não seria diferente, porém, o destino se opõe as propostas que a moça recebe e faz com que a v...