Inicio de tarde

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25 anos, com o peso nas costas de uma vida que parecia ainda não ter sido vivida.
Gustavo era escritor, escrevia pra si mesmo, as vezes publicava em um pequeno blog que tinha mas sem grandes esperanças. Ele ja havia pensando algumas vezes em pegar suas obras e fazer delas um livro, mas ele ja não acreditava na sua capacidade.
Ele morava em um apartamento pequeno, área arborizada e em cima de comercio local onde na janela do seu quarto ouvia os pássaros de manhã, e na sala ouvia os carros, a rua, a vida urbana, ele era dividido, movido a dois mundos, na vida e dentro dele mesmo.
Gustavo era um romântico em segredo, observava as mulheres na rua como se fossem esculturas, escrevia sobre, via filmes nas madrugadas sozinho e chorava em momentos de maior emoção em cena. Um homem sensível, um tanto melancólico, sofria pra dentro e sorria pra fora.
Nos dias de semana ele acordava, ia pro trabalho, escrever pra uma coluna fútil em uma revista que só falava de futilidade porém revista que vendia milhões pra adolescentes desesperadas. Levantava da cama, entrava no banho, alimentava seu cachorro Lobo, que tinha esse nome por realmente parecer um filhote de lobo, tomava um suco e saía as pressas.
Nos fins de semana, Gustavo descia nos fins de tarde pra uma livraria que tinha perto da sua casa, ele gostava de sentar, escolher um livro qualquer, pedir um café e observar as pessoas que ali paravam. Ele gostava de adivinhar a vida de cada um, as vezes conseguia criatividade pra escrever, então tirava rapidamente o celular do bolso e começava um esboço ali mesmo.
Certo dia, um sábado chuvoso que parecia mais um Domingo, Gustavo desceu pra livraria e lá sentou, pediu um café e apenas ficou olhando a chuva descer na janela, um daqueles momentos vazios, e então ele ouviu o sino que tocava toda vez que a porta abria, bater, virou e olhou pra ver quem era dessa vez, mas entrou ela. Ela quem? A mulher que parou o coração de Gustavo.
Ele ficou nervoso, pensando como faria pra conseguir alguma atenção dela, o seu nome quem sabe. Ela tinha os cabelos castanho escuro, vestida como se tivesse saído da cama e indo pra um bar, saião e uma blusa solta. O cabelo era solto também, mas as vezes ela fazia um coqui, sentada lendo um livro e Gustavo se inclinava tentando ler o titulo, ele quase caía e pensava o papel de idiota que estava fazendo.
A menina nem reparava, como se ja estivesse acostumada a receber olhares, ela se mantinha concentrada e desligada do resto do mundo.
Gustavo então disse pra si mesmo - vai até ela, voce consegue - tomou coragem, e foi:
- Posso me sentar aqui?
Ela olhou pros lados como quem se pergunta se estava faltando lugares em outras mesas, sorri e diz:
- Claro.
Gustavo senta encabulado, e finalmente pergunta pra ela:
- Como voce se chama?
Ela:
- Valentina.
Ele sorriu e disse sem perceber:
- Parece nome de personagem de filme francês.
Com medo do que tinha dito só pensava - como sou idiota- Mas ela sorriu e agradeceu.
Dali Gustavo começou a puxar aquele papo de padaria: O clima, problemas do bairro, ate sobre a pedra que ele tropeçou mais cedo.
Valentina observa e sorri, o responde com poucas palavras, mas rapidamente rebate:
- Você não acha que reclama demais não, Gustavo? Problemas pequenos ou grandes temos todo dia, mas só de estar aqui sentada conhecendo um rapaz todo atrapalhado nas palavras, como você, ja estou satisfeita.
Ele ficou sem palavras, riu sem graça e pediu desculpa, porém só conseguia pensar no que ela disse "rapaz todo atrapalhado...SATISFEITA".
Para Gustavo aquele foi o sinal verde, foi o sinal que o fez perceber que talvez, só talvez ele tenha chamado a atenção dela como queria. Ele perdeu o medo ali, e sugeriu confiante:
- Ja que você diz que eu reclamo demais, me deixa te levar pra sair nesse exato momento, e se você não se divertir comigo não precisamos nem trocar telefone, topa?
Valentina séria, respondeu:
- Combinado.

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⏰ Última atualização: Jul 07, 2016 ⏰

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