"Vá embora, por favor. Eu não vou conseguir, vá embora e me deixe. ", os olhos dela estavam mais azuis e brilhantes do que nunca, seu corpo estava esvaecendo, mudando. Lágrimas escorriam dos seus olhos e suor escorria de seu rosto. Estava ficando difícil de respirar. "Eu não quero te machucar. " Ela se sentia sufocada, algo estava preso em sua garganta.
"Respira, respira fundo, meu anjo. Você consegue, você é forte, eu sei que é". As palavras dele não significavam nada, tudo estava fora de foco agora, era como se um buraco negro tivesse sugado sua mente, ela era apenas uma alma em um corpo que não podia controlar. "Não consigo, eu...eu não, não consigo, por favor, está doendo muito, é demais..." Doía demais, uma dor sufocante, seu corpo inteiro tremia de dor e frio. Parecia que sua pele iria se quebrar em pequenos cacos cristalinos de gelo. Nem sabia como ainda estava viva. Suas mãos estavam sangrando de tanto que ela apertava as pedras ao seu redor. Seus joelhos estavam machucados e colados no chão, mas era uma dor pequena comparada à que ela estava sentindo em todo o seu corpo neste momento. Ela sabia que era muito poder e não poderia controlar mais. Estava fora do seu alcance. Ela sentia que ia explodir. "CONTROLE. RESPIRE FUNDO E CONTROLE. " A voz dele estava ficando mais forte, porém mais longe. E ela tentou, e tentou segurar, tentou controlar, mas era mais forte que ela. Sempre foi mais forte. Fazia parte dela. Ela sentia como se estivessem martelando suas costelas. Como se cada osso do seu corpo estivesse se quebrando. E talvez estivesse mesmo. Ela levantou seu rosto estilhaçado, uma mistura de sangue, suor e lágrimas e olhou para ele, memorizou cada detalhe de seu rosto, cada feição, para que nunca mais esquecesse. "Eu sinto muito. " Ela disse para ele. E então, ela se levantou do chão em que estava ajoelhada, pingando de sangue, com cada força que ainda restava dentro de si e correu. Correu até que todos os ossos de seu corpo se quebrassem, até que seus pés se partissem ao meio, até que seu coração parasse de bater, até que sua alma deixasse seu corpo. E a voz dele, aquela maravilhosa voz que era a calmaria no meio do caos gritou seu nome, rasgando o ar como um furacão, mas ela continuou correndo. E todas as palavras ditas, todos os momentos vividos, todos os arrepios, todos os sonhos, os sorrisos, os olhares, todo o amor de repente...não era o suficiente. Ela queria mais. Ela queria correr de volta para ele. Ela queria, mas sabia que era tarde. Eles não foram feitos um para o outro. Ela não foi feita para ninguém. A carcaça não era forte o bastante para abrigar tanto poder. Então, quando chegou bem na ponta do precipício, ela parou. Sem fôlego. Sem forças. Mole. Fraca. Pensou na família que perdeu. Nos amigos que conheceu. Nas mortes que vivenciou, e por ultimo, pensou nele. Tudo sempre levava á ele. Era ele. Sempre foi ele. Ela sabia disso agora. Não entendia como um dia pode duvidar. Olhou para o mar por um instante. Ouviu um último grito e deu um último suspiro. Abriu seus braços, fechou os olhos e pulou. Pulou naquela imensidão azul. Sentiu que podia voar, sentiu o vento bater forte em todo o seu corpo. E então, ela parou de lutar. Deixou aquela energia sair dela, deixou que a controlasse. Nunca se sentiu tão bem em toda a sua vida. Se entregou a escuridão para nunca mais voltar. Se misturou com a água do mar e então sua dor finalmente sumiu. E de repente tudo acabou. Sobrou apenas um vazio.
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LUME
Teen FictionTudo parece tão errado, tão errado. Como se nunca fosse dar certo novamente. E então as pessoas dizem que você é pessimista, e só sabe ver o lado ruim das coisas, como se fosse minha culpa. Mal elas sabem que nunca vi o lado bom por que eu nunca tiv...