Almas do infinito

Sob o mesmo céu

"Sob o mesmo céu, cada cidade é uma aldeia, uma pessoa! Um sonho, uma nação... sob o mesmo céu meu coração não tem fronteiras (...)" - Lenine

Will

Fevereiro de 2000

O sol de fevereiro brilhava intensamente naquela manhã, mesmo sendo sete horas Natal ostentava um calor digno de uma capital nordestina, e isso fazia com que Willian desejasse não ter que sair do conforto do carro de luxo com ar condicionado. Aquele era seu primeiro dia de aula no terceiro ano em um renomado centro de tecnologia federal da cidade. Ele era motivo de orgulho para seus pais, que mesmo sendo ricos, ficaram felizes com a decisão do filho de estudar no CEFET, pois isso exigia a aprovação em um disputado processo seletivo. Willian Siqueira foi aprovado em primeiro lugar geral e tinha as maiores notas da escola dentro do curso que ele era aluno, isso tudo estando avançado um ano nos estudos, o normal para alunos no mesmo ano letivo que ele era ter 17 ou 18, Will tinha 16 anos. Sua decisão em cursar administração integrado ao ensino médio deu-se graças a rede hoteleira que seu pai era dono, ele queria continuar o negocio da família e honrar o legado que um dia seria dele, seus planos sempre foram claros em sua mente. Willian tinha a vida que muitos queriam, era uma vida perfeita, uma família unida que ensinava sobre amor, vida financeira estável e amigos que sempre estavam com ele. Enquanto ele estava perdido em seus pensamentos sobre a viagem que fez nas férias, para Austrália, foi alertado pelo motorista que já haviam chegado ao seu destino.

- Senhor Willian, já estamos no portão da escola. - Disse Osmar.

- Obrigado Osmar, eu estava perdido em pensamentos, lembrando da gente lá na Austrália. Pode me buscas por volta das 16:00hs, por favor? acho que será por volta desse horário que as aulas e formalidades do dia devem terminar! - Pediu Willian com seu tradicional sorriso sempre dirigido as pessoas próximas a ele, mesmo sendo fechado com desconhecidos.

- Sim senhor! Boa aula e até mais tarde.

Willian desceu do carro sob os olhares já comuns dos alunos do CEFET, ele já havia se acostumado com esses olhares e nem se incomodava mais, na verdade já os ignorava por completo tamanho o costume em ser o centro das atenções onde ele passava. Willian possuía uma pele branca e marcada pelo bronze herdada de seu pai e olhos verde água herdados de sua mãe, seu cabelo era cortado socialmente com um leve topete e tinha um tom loiro quase loiro escuro, seu sorriso era encantador e seu corpo era bem cuidado pela natação e artes marciais. Muitas meninas e meninos se derretiam por ele, mas Willian era sem dúvidas alguém muito fechado, ele não sentia atração por ninguém e só se abria para Mayana, sua amiga e confidente, alguém que ele sabia que nunca o deixaria, uma pessoa que o acompanhava e compreendia a solidão que um jovem pode sentir dentro de uma casa enorme, mesmo cercado de empregados que eram o mesmo que sua família, com pais que sempre estavam fora do país trabalhando, porém eram amorosos e se esforçavam pra estarem presentes, mesmo a mãe estando grávida depois de dezesseis anos do primeiro filho. Willian sentia que algo lhe faltava, sempre sentiu isso, desde pequeno era como se alguém que devia estar presente não estava, uma saudade de algo que ele não conhecia.

A primeira aula do dia estava prestes a começar, Willian entrou na sala e reservou a cadeira ao seu lado pra Mayana, sua amiga entrou na sala alguns minutos depois, com um sorriso gigante no rosto, Mayana era uma menina pequena e muito bonita. Diferente dos 1,78 de Willian ela media 1,56. Seus cabelos ruivos e brilhosos chamavam atenção e seus olhos verdes transmitiam alegria e bom humor, sua pele com sardas a deixava ainda mais bonita.

- Bom dia meu príncipe! - Disse Mayana beijando as bochechas de Willian logo em seguida.

- Bom dia May, tentei ligar pra sua casa perguntando se queria carona, mas ninguém atendeu. Está tudo bem por lá? - Perguntou Willian a Mayana com um tom de preocupação.