Carol [Conto]

2 - Conhecendo A Vila De São Patrício

Carol andou com aquele guarda chuva e sua trouxa amarrados nas costas por dias.

A cada dia, via uma vila destruída e sentia uma pontada no coração, uma mais forte que a outra.
Pensando onde sua mãe estaria.

- Morta ou viva... Eu vou achá-las! - disse a menina.

Ela, coitada, estava tão cansada que já não aguentará mais e seus pedaços de bolo haviam acabado.
Até que a menina se viu fechar os olhos, sentiu seus joelhos balançarem e sua testa suar e então sentiu, por fim, estar no chão.
Totalmente, ou quase, sem vida.

Foi só, algumas horas depois, que a menina havia acordado em uma sala.
Uma sala tão bonita, cheia de cortinas e livros. Livros antigos e novos.

- Onde estou?
- Em minha casa, garota. - disse o velho que lia, atentamente, sem tirar os olhos do livro para falar.

Carol olhou a sua volta e não viu nada além de bolos de livros empilhados nas estantes. Mas nada de seu pequeno guarda chuva.

- E onde está Maitê? - perguntou, se levantando, rapidamente.

Antes mesmo que ela pudesse terminar de por seus pés no chão o velho a impediu.

- Se acalme! Ela está bem, mas, olhando para você...
- Eu? - a menina olhou para as mãos e suspirou. - Ah.
- Você vai ver sua querida Maitê quando for a hora. - sua voz estava calma, quase tão calma que fazia Carol ficar um pouco mais apreensiva.

Assim que se acalmou, ela, enfim, pode levantar. Cambaleou até as prateleiras e se apoiou nelas, olhando atentamente para as diversas cores nos livros que ela nunca tinha visto.

- Me diga, velho...
- Abraham. - ele suspirou, um pouco nervoso.
- Abraham, onde é que estamos?
- Na vila São Patrício, menina.
- Carol. - dessa vez, a voz da jovem era mais provocativa.

Ela sorriu assim que viu o espanto na cara de Abraham descendo para sua garganta com um gole de café, aparentemente amargo.

A menina, pela primeira vez, estava feliz. E sabia que não iria levar um tapa por estar se sentindo assim ou até mesmo ter mais um curativo no rosto por chorar alto.

Ela estava... Feliz!

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