Ok, eu admito, eu não sou uma das pessoas mais pacientes do mundo, mas quando um garoto agarra meu pulso com força o suficiente para me machucar, é mais do que o suficiente para me irritar.
Fui andando decididamente em direção à saída, torcendo para que ninguém me seguisse.
Não é que eu tenha ficado brava com tudo e todos por culpa do Garoto dos Cachos (assim é mais fácil de lembrar), mas isso realmente me irritou.
Quem ele pensa que é? Ele acha que pode fazer o que quiser só porque é famosinho? Sem chance.
Obviamente, como eu não desejava, senti alguém segurar meu braço e falar meu nome. Ótimo, alguém veio atrás de mim.
---O que é? - me virei e me deparei com Niall, o que, não sei por que, me decepcionou um pouquinho.
---Olha, eu sei que você deve ter detestado o que Harry fez, mas, por mais que ele me mate por te contar isso, é necessário.
---Contar o que, Niall?
Ele olhou em volta e em seguida para mim de novo. Me puxou pelo pulso onde o Garoto dos Cachos tinha apertado. Ainda estava dolorido.
---Ai!
---O que?
---Meu pulso, idiota!
---Calma, desculpa. -ele se afastou do meu braço e pegou o outro.
---Onde você está me levando, Loirinho?
---Num lugar seguro para falar.
Fomos andando por mais alguns segundos, até que ele entrou no elevador, vazio.
---Por quê tanto cuidado? O que tem de tão importante pra contar?
Ele não respondeu de imediato. Examinou os botões do elevador, e clicou no do último andar. Uns dez segundos depois, apertou um botão que eu nunca tinha reparado, e o elevador parou. Arregalei meus olhos, mas tentei parecer calma.
---Não se preocupe, eu não vou te fazer nada.
Eu não diria que esse comentário me acalmou. Eu comecei a respirar rápido e tremer levemente, mas tentei convencer a mim mesma de que eu aguentava alguns minutinhos.
---É o seguinte: o Harry normalmente não pensa antes de agir, deu pra perceber, não é? -assenti com a cabeça, me agarrando no pequeno corrimão para deficientes no canto da cabine - então... Eu não sei como dizer isso, mas... Ele tem TPB.
---O... O que é isso?
---Transtorno de Personalidade Boderline. É um transtorno meio raro, onde a pessoa age impulsivamente, seja contra as pessoas ou contra ele mesmo.
---Isso quer dizer que ele...
---Não, ele não se corta. Não mais. Mas ele tem que ir em um psicólogo duas vezes por semana.
---Que horror!
---Não sinta pena dele. Ele odeia isso. É como se... Bem, imagine se você tivesse câncer. Todos fazem o que você pede. Mas sempre que olham nos seus olhos, não têm sinceridade nenhuma. Só pena.
---Nossa, onde você aprendeu a ser profundo assim?
---Isso não é brincadeira, Emma. Harry é um dos meus melhores amigos. Quando ele nos contou sobre a TPB, dei uma pesquisada.
Olhei para a mão que estava segurando o corrimão, e ela estava vermelha.
---Mas então, o que ele fez no meu pulso foi por impulso? Não foi de propósito?
---Não é bem assim. Foi de propósito, mas por impulso. Deu pra entender?
---Acho que sim...
---Emma, está tudo bem? Você está... pálida.
Olhei no espelho do elevador e percebi que ele estava certo. Eu parecia um fantasma.
---Niall, eu já entendi. Dá pra você me deixar sair daqui?
---Eu vou pegar uma água para você, lá embaixo. Vamos para a praça de alimentação.
O-oh, pensei. Estávamos no terraço. A praça de alimentação é no primeiro andar. Descer onze andares nesse elevador não me parecia uma boa ideia.
---Não precisa, sério mesmo. Eu vou ficar bem rapidinho.
---Mas o que é? Você também tem alguma doença?
---Niall, FAZ ESSE ELEVADOR FUNCIONAR DE UMA VEZ!!!
O meu grito provavelmente o assustou, mas eu me sentia prestes a desmaiar. Ele apertou os botões rapidamente e fomos para o andar do cinema, de onde saímos. As portas se abriram e Niall me puxou pra fora muito rápido.
E me abraçou.
---Me desculpa, Emma! Eu não sabia, desculpa desculpa!
---Não sabia do quê, Niall?
---Você é claustrofóbica, não é?
---Eu... Como você sabe?
---Minha irmã... Também era. Ela teve uma crise como essa uma vez. Desculpa, desculpa, desculpa.
---Era? Como assim? Não é mais?
---Era o quê? Está tudo bem, Emanuelle?
Me virei de costas e vi um Harry confuso olhando para nós, ainda abraçados.
---Eu... Eu... Está tudo bem comigo sim, Harry. Vamos... Vamos para o cinema.
---Niall, você...
Niall não respondeu, só fez que não com a cabeça. Harry suspirou, olhou para mim, depois para Niall, depois pra mim de novo, e finalmente foi na direção da entrada do cinema.
Fui atrás dele, Niall logo atrás de mim.
---Ei, Cabeça-Oca, e as pipocas, os ingressos...?
---Estão com Sophie, lá dentro, Sabidinha.
Argh, esse garoto sabe como me irritar.
À esta altura, tudo o que eu menos queria era ficar dentro de uma sala escura e fechada assistindo um filme, mas fui mesmo assim. Por Sophie.
Entramos na sala, que estava quase lotada. Sophie estava bem no fundo, provavelmente em uma tentativa de fazer com que eu me sinta melhor vendo como a sala é grande. Até o momento, só Sophie, minha mãe, minha irmã e Dess sabiam da minha fobia. E Niall, agora.
Desculpem-me os que gostam de cinema, mas hoje eu dormi cerca de quatro horas e precisava recuperar o sono.
Não faço a mínima ideia de que filme assistimos, mas os créditos tocaram uma música legal.
Fui direto para casa depois do cinema, sem dirigir a ninguém qualquer palavra que não fosse "tchau".
Como todo mundo sabe, dormir dá sono. Se você não sabe, acabei de te contar.
Deitei na cama e quase imediatamente, tudo apagou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aparências Enganam
FanfictionMeu nome é Emanuelle Martinez, mas se realmente quer ser meu(inha) amigo(a), me chame de Emma. Tenho 19 anos e nunca me apaixonei de verdade. Enquanto isse não acontece, me preocupo com a realização profissional. Estou em faculdade de letras. Um di...