Capítulo 37 - Milagre

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Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus
Filipenses 1:6

Benjamim

Eu estava horrível, com o cabelo desgrenhado e olheiras profundas, segurava em minha mão um punhado de violetas para entregar à ela. Julie estava em coma há mais de um mês, faltava apenas três semanas para o Natal e ela ainda não havia demonstrado nenhuma mudança em seu quadro. Eu orava todo dia pela sua vida. Ah, como eu queria que ela voltasse...

O médico já havia explicado que se Julie acordasse, ela provavelmente iria ficar com alguma sequela no cérebro. Mas eu acreditava que se Deus quisesse fazer a obra Ele faria completa.

Encostei minha testa no vidro e decorei cada detalhe do rosto dela, de seus braços, seu cabelo, ela era tão perfeita... De tão absorto em minhas observações não percebi quando Sam se aproximou.

- Você não desiste, né? - ele perguntou. - Trouxe flores de novo?

- Claro. No dia que Julie acordar eu estarei aqui com violetas, são suas preferidas... Mas, como está seu pai?

- Se recuperando bem, voltou ao trabalho ontem. Vão fazer a reconstituição da morte daquele monstro. - Sam disse, com repulsa. - Exigências da família. Acredita que ele tem esposa e filhos? Pra eles Alex era o pai exemplar... Não aceitam de jeito nenhum que ele seja um criminoso da pior espécie.

- Sinto pena deles. - falei.

- É, eles não tem culpa de Alex ser quem é. Mas eu não vou ser hipócrita e dizer que não fiquei aliviado, pela Julie mesmo.

- Eu entendo. Alex procurou seu próprio fim...

- Cara, vamos beber um refrigerante. Já, já você volta.

- Pode ir, eu vou ficar aqui.

- Quer que eu traga pra você aqui?

- Ah, não. Você só vai se complicar com as enfermeiras.

- Não se preocupa, eu já estou mais que habituado à isso.

- Tá bom então. Eu quero de laranja.

- Beleza. - disse, e sumiu da minha vista.

Samuel estava sendo um bom amigo, vinha visitar a Julie todo dia, a gente ficava conversando na lanchonete do hospital e em uma dessas conversas descobri que ele gostava de Monique, taí, um namoro que eu aprovaria, mas minha irmã ainda tinha que mudar muito. Ela foi capaz de fazer coisas que eu jamais imaginei, e era isso que eu pretendia contar pra Julie quando liguei naquela terça feira: Monique ajudou a incriminarem Julie em toda a confusão das drogas. Eu fiquei mais do que decepcionado com minha irmã e nós discutimos feio, ela estava pagando o que devia junto com seus amigos, só que demoraria muito pra eu voltar a confiar nela.

E eu ainda tinha que contar sobre minha viagem missionária. Eu estava fazendo muito mais disciplinas na faculdade pra não prolongar tanto o tempo para minha formatura, já que eu ficaria um ano fora, ensinando crianças africanas. Seria a realização de um sonho de fazer mais pra Deus, o que eu sempre quis, mas adiei porque ia casar com Tatiana, e deu no que deu. Eu não podia desistir de novo, por mais que fossse doer a falta da Julie, eu precisava seguir os planos de Deus. Eu tinha que orar sobre nós dois, precisava saber se nosso relacionamento era da vontade de Deus e se Julie gostava de mim, ela nunca tinha demonstrado nada além de amizade, enquanto eu sempre tentava me aproximar, Deus como eu gostaria de chamá-la de minha namorada.

Só que tudo isso teria que esperar até Julie acordar, mas eu sentia que estava perto.

- Senhor Benjamim? - uma voz masculina me chamou.

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