Perspective

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Aquele dia, quando nossos olhares se cruzaram... eu nunca vou esquecer.

Eu estava furioso. Eu estava com muita raiva porque eu fiz algo promissor no trabalho e não recebi os créditos por isso. Se tem uma coisa que eu odeio, é não ser reconhecido. Ser desmerecido...

Eu tive uma boa ideia para melhorar nossa publicidade e aumentar o alcance da empresa. Era um tiro no escuro, mas eu tinha quase certeza que poderia dar certo. Eu contei para Maya, pedi a opinião dela, perguntei se valia a pena falar com Duncan sobre isso e ela quase riu de mim em desdém. Disse que a ideia era boa, mas muito fantasiosa, então eu me calei.

Naquele mesmo dia, haveria uma reunião para discutir sobre implementação de estratégias, onde a minha ideia se encaixaria perfeitamente, e eu estava presente, servindo petiscos e bebidas, levando e trazendo papéis. Eu queria ser audacioso o suficiente para me intrometer na reunião, mas o olhar reprovador de Maya sempre me reprimia.

Eu pensei que ela estivesse sendo gentil. Eu pensei que ela estivesse sendo legal, mas ela me apunhalou pelas costas no momento em que ela trouxe a minha ideia a tona e compartilhou com os demais como se ela mesma tivesse formulado-a. E eu fiquei lá, sem poder fazer nada a não ser observar enquanto ela impressionava a todos e recebia os créditos pela minha genialidade.

Eu cogitei abrir a boca, revelar que na verdade era eu quem havia bolado aquele plano, mas quem acreditaria em mim? Não havia nada que eu pudesse fazer, então eu saí mais cedo do trabalho e fui embora para casa. Ainda bem que eu fiz isso porque, se não, se eu tivesse saído no meu horário normal...

Eu não olhava para nada a minha frente, meus olhos miravam apenas o chão. Tudo que eu queria era chegar o mais rápido possível em casa e afundar minha frustração em alguma coisa, e foi aí que eu, sem querer, esbarrei em você. Quando eu vi seus olhos verdes, foi como se toda a raiva tivesse sido sugada para fora de mim. De repente eu não estava mais irritado, eu estava me sentindo tão... tranquilo.

Você disse "ops" e eu, involuntariamente, disse "oi", porque era isso que eu queria fazer. Eu queria falar com você. Eu não sei porque, eu só... queria. E eu percebi que isso foi tão estúpido, então, eu apenas fingi que nada aconteceu e segui meu caminho.

Eu queria olhar para trás, te ver uma última vez antes de partir, mas minha vergonha não deixava. Eu percebi, quando virei a esquina, que você estava me seguindo, porque eu respirei fundo e olhei para trás, na esperança de que você estaria lá, mesmo com todas as chances jogando contra mim. Então eu não pude evitar sorrir quando te vi ali.

E eu continuei a caminhar e, na minha cabeça, você só estava indo pelo mesmo caminho que eu. Eu não sei qual seria a minha reação se você falasse comigo, mas parte de mim não queria que isso acontecesse. Foi por isso que eu desviei de você quando senti que sua mão ia me tocar, mesmo querendo muito que ela chegasse lá.

Eu acho que eu estava com medo, sabe? Não me pergunte "do que", eu apenas estava.

Dois dias depois disso, eu desci até o pátio da avenida para fumar, como eu costumo fazer no happy hour em um dia muito estressante. Eu caminhei pelas proximidades e imagine a minha surpresa quando te vi pela janela de uma cafeteria, sentado do outro lado. Eu não sei se isso era coincidência ou destino, mas eu sabia que essa era a chance que eu havia perdido de falar com você.

Eu não podia cometer o mesmo erro duas vezes, então eu tomei coragem e fui lá. Eu não tinha nada para fazer naquele lugar, então eu poderia ao menos comer algo só para disfarçar. Foi engraçado quando eu me aproximei de você e você estava distraído com o computador e eu estava distraído olhando para você. Eu sentei na mesa sem nem perceber.

Just My Imagination (Larry Stylinson Short Fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora