Capítulo 23 - Louca obsessão

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VIC


Quando cheguei a Malie estava exausta da longa viagem, passamos vários dias em meio à floresta de Ogden. Cavalgar por dias e ainda tendo que ouvir Caleb por todo o trajeto! Ninguém merece!

Ele repetia incansavelmente o quanto eu iria gostar de Malie, de sua arquitetura e modernidade. Falava sobre nosso treinamento e o quanto seríamos poderosos juntos. Passei a maior parte do tempo calada e tentando me proteger, criando barreiras mentais com medo que ele invadisse minha cabeça, mas isso não aconteceu. À noite eu mal dormia, sempre com medo dele e dos guardas, porém ninguém me importunou, pelo contrário, fui tratada com gentileza e o máximo de conforto que era possível naquela situação, ainda assim, eu era sua prisioneira e estava sempre sob constante observação.

Fui levada direto ao palácio de Bianor e como já estava bem tarde, não o vi. Levaram-me a um quarto grande e ricamente mobiliado e uma jovem de cabelos e olhos cor de mel veio ajudar-me com o banho.

__A senhora precisa de mais alguma coisa? – ela perguntou com os olhos baixos.

__Como se chama? – perguntei.

__Como senhora? – ela olhou-me assustada.

__Qual o seu nome? – repeti gentilmente.

__Pâmela. – ela respondeu com voz baixa, temerosa de alguma coisa.

__Eu sou Vic, Victória. – aproximei-me devagar. __Você pode me chamar de Vic, não sou tão velha para me chamar de senhora.

__Perdoe-me, mas disseram-me para ter respeito pela senhora, é convidada do Comandante e do ancião da cidade.

Suspirei resignada. __Tudo bem, então. Eu estou com fome, gostaria de um copo de leite e algo para comer.

A moça fez uma pequena reverência e saiu. Examinei o quarto, suas paredes eram claras e os móveis também, de madeira clara com pequenos desenhos de flores. A cama era grande com um dossel branco e lilás, havia também um grande espelho em uma parede. Depois de tomar banho, em uma banheira localizada em meu quarto, que era separada do resto do cômodo por um biombo, eu admirava a camisola que Pâmela me fez vestir. Em seguida, uma outra mulher chegou trazendo uma bandeja com uma xícara com leite e um pedaço de bolo.

No dia seguinte acordei tarde, a cama macia e o cansaço da viagem me fizeram perder a hora.

__Bom dia senhora. – Pâmela estava de pé ao lado da minha cama.

__Está aqui há muito tempo? – perguntei espreguiçando-me.

__Não. – ela sorriu levemente. __Eu entrei algumas vezes para verificar se havia acordado.

__Que horas são? – sentei na cama e olhei ao redor, o quarto continuava em penumbra.

__Quase hora do almoço.

__Nossa! Eu dormi demais. – levantei devagar.

__Quer que abra as janelas? – ela foi em direção às cortinas e as afastou mostrando janelas envidraçadas, o dia claro e o vento fresco me animaram. __Vou ajudá-la a se vestir e a levarei para tomar café.

Quando saí, vestia um vestido branco, longo e de mangas compridas e largas, com um dragão bordado do ombro ao quadril, sentia-me uma gueixa sendo levada ao encontro de um velho japonês para diverti-lo. Pâmela seguia a minha frente por longos corredores e salas suntuosas, até que cheguei a um terraço com uma linda fonte e um jardim de inverno, uma mesa com sucos, bolos, pães e frutas me aguardavam. Depois de comer, Pâmela avisou-me que Bianor e o Comandante viriam ao meu encontro, nem cinco minutos haviam se passado quando os vi entrar. Senti um leve tremor quando avistei Bianor, num primeiro momento achei que Briseu tinha vindo me buscar, mas logo percebi o engano, Bianor era idêntico a Briseu.

Andirá - a jovem da profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora