Você já teve a sensação de estar dando voltas em círculo sem absolutamente nenhuma perspectiva? Ou que todas as coisas que acontecem na vida, inclusive a própria vida em si, conspira todo o tempo para que tudo dê errado com você? Então deixe-me contar um pouco da história da minha vida e talvez você possa sentir-se como se fosse a sua.
Eu me chamo Elliott. Nasci no décimo primeiro dia do mês de novembro, em uma cidadezinha no interior da Irlanda.
Não sei quase nada sobre minha família biológica, a não ser de que fui criado pela minha mãe e meu irmão mais velho, até a idade de dois anos. Não me recordo de seus nomes. Muito menos me lembro de seus rostos.
Quando comecei a conhecer o que era o mundo, já estava vivendo em um orfanato mantido pelo governo. Um tempo difícil, mas que ensinou-me muito a respeito da vida e do ser humano.
Éramos cerca de 15 crianças dividindo um lugar antigo e praticamente caindo aos pedaços. Em vista da grande crise que assolava o país naquele tempo, o governo diminuía consideravelmente os recursos destinados ao orfanato todos os anos. Para conseguir manter o lugar, os responsáveis em cuidar dos órfãos iam de cidade em cidade pedindo doações aos cidadãos dispostos a colaborar. Mas as coisas pioraram quando a senhora Huppert, cujo primeiro nome era Margrethe, faleceu ao cair da escada que dava para o segundo andar. O velho corrimão não aguentou o peso volumoso da senhora Huppert, e ela encontrou a morte aos seus setenta e sete anos de idade.
A perda dela foi uma verdadeira tristeza para todos no orfanato. Todos choraram sua morte.
Além de muito atenciosa e meiga, ela era muito sábia e sensata. Cuidava com zelo de tudo o que acontecia no orfanato. Dizia que lá era sua casa. E, de fato, realmente era, pois havia abandonado sua casa e família, na capital, a fim de dedicar todo o seu tempo e atenção às nós.
Essa foi a primeira vez que eu sofri ao perder uma pessoa querida. A final, não me lembrava de como e porque havia me separado de minha mãe e meu irmão. E não tinha idéia alguma se eles estavam vivos ou não.
Chorei a morte da senhora Huppert por uma semana. Tinha apenas seis anos na época, mas me recordo de muitas coisas boas e divertidas enquanto estávamos juntos. Como por exemplo, quando ela nos colocava para dormir contando suas histórias de sua época de infância. E também quando ela participava de nossas brincadeiras. A de esconder era sua favorita.
Depois disso o orfanato nunca mais foi o mesmo. Dois dos cinco monitores acabaram desistindo de continuar alí e retornaram para suas cidades de origem.
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UM LAR PARA ELLIOT
General FictionSinopse: Um menino órfão de 10 anos sonha em ter uma família que o ame. Após morar em diversas casas por um curto período,em vários lugares diferentes pelo mundo,Elliot finalmente descobre o verdadeiro sentido do que é um lar.