Depois de levar um fora da garota que ama, Romeu questiona-se se realmente vale a pena sustentar a personalidade de romântico à moda antiga em tempos contemporâneos.
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Cabelo arrumado? Confere.
Perfume no pescoço e nos pulsos? Confere.
Roupa perfeitamente passada e alinhada? Confere.
Hálito com frescor de menta? Confere.
Buquê de rosas vermelhas e um ursinho de pelúcia branco? Confere.
Ela ama vermelho e branco.
No espelho eu via alguém. Não era eu, era apena suma imagem refletida. Uma imagem que não me passava nenhuma segurança.
Pela décima vez naquela hora limpei o suor frio das mãos, pigarrei e voltei a falar.
- Oi. Você está linda, aliás, você é linda... droga! - chutei os tênis jogados ao lado da cama. - Não tem profundidade!
Depois de alguns meses de conversa, eu finalmente havia reunido toda a coragem e iria pessoalmente declarar meu amor para a garota mais bonita desse mundo. Ok, pode não ser para você, mas para mim ela é, ah se é!
Não é a primeira vez que amo alguém, mas por algum motivo nunca deu certo antes. Talvez o problema fosse comigo. Um romântico incorrigível à moda antiga, daqueles homens que seriam capazes de ir ao Inferno em busca de sua amada se preciso fosse. Um sentimento quase instinto numa sociedade onde a quantidade de mulheres que passou pela sua vida é mais importante que conquistar a mesma todos os dias.
De onde tirei todo esse jeito Don Juan de ser? Talvez tenha relação com meu nome.
Muito prazer, me chamo Romeu.
Vendo a trajetória do personagem de mesmo nome, aquele mesmo que tirou sua própria vida diante da "perda" de sua amada, decidi que seria como ele, não chegaria a me matar, porém faria qualquer coisa pelo bem de minha cara metade.
Tive a chance de tentar algumas vezes. Falhei em todas. Fui chamado de lunático, vi minhas cartas serem rasgadas e irem parar no lixo, presentes foram retornados. Até mesmo um banho de água fria levei por tentar fazer uma serenata, e eu não canto e nem toco tão mal assim.
Mas a vida sempre me deu a chance de amar novamente. Hoje ela estava me dizendo "Vá lá garoto". Como bom vivente, tenho que obedecê-la.
*-*-*
Pensar em seus olhos, cabelos, o modo como ri faz o mundo ter mais cor. E lá vou eu, o último Romeu, pelas ruas da cidade com um buquê de rosas vermelhas e um ursinho de pelúcia branco. Alguns dias atrás ela me disse que queria receber um pedido de namoro na porta de casa, com um buquê, um bichinho de pelúcia e um anel de compromisso. Bom, não sobrou dinheiro para o anel, mas boa vontade não irá faltar enquanto não puder comprar a joia.
Flashes dos momentos em que tive a certeza que meu amor por aquela garota era recíproco me passaram pela mente. Não tinha como não ser. Finalmente a minha chance de ser feliz nesse lado da vida havia chegado e eu não deixaria a oportunidade correr entre dedos.
