Dia dos namorados

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Eu tinha bastante experiência nessa história de dia dos namorados.

Quer dizer, eu tinha uma extensa lista de ex-namorados – dez, para ser mais precisa –, então tive muito tempo de prática até atingir a perfeição. Sim, perfeição! Agora eu tinha certeza que todos os meus namoros foram um test-drive para quando encontrasse aquele com quem queria estar para o resto da vida. Pela primeira vez eu tinha certeza do que estava fazendo e não estava me jogando do precipício sozinha.

Estava namorando Mateus há quase seis meses, mas acho que desde o primeiro dia – quando ele me surpreendeu com o pedido mais lindo de todos –, fiquei pensando quando poderia fazer uma surpresa à altura. E existia dia mais perfeito que 12 de junho? Não, não existia.

— Onde posso deixar isso? — Perguntou Mariana, parecendo agitada. Eu tinha convidado – na verdade, obrigado – minha irmã a me ajudar, já que não tinha mãos o suficiente para levar tudo que precisava para preparar a surpresa do Mateus. — Tenho que ir no shopping comprar o presente do Dudu.

Minha irmã segurava uma caixa com todos os itens que havia levado para decorar o apartamento do meu namorado. Minha sogra – que era uma pessoa maravilhosa e merecia um lugarzinho no céu, bem longe de parecer com aquelas bruxas que a TV retrata – havia me emprestado as chaves do apartamento para aprontar tudo enquanto Mateus estava na faculdade, dissecando cadáveres ou seja lá o que as pessoas faziam na faculdade de Medicina.

Apontei para o canto da sala e Mariana largou a caixa ali, sem o menor cuidado. Não estava com disposição de me estressar, por isso perguntei:

— Você ainda não comprou o presente dele?

— Estava ocupada.

— Com o quê, Mariana?

— Pensando o que eu ia vestir pra gente sair hoje à noite, claro!

Minha irmã tinha dezesseis anos e estava no segundo ano do Ensino Médio. Ela era muito diferente de mim – enquanto eu era uma romântica incorrigível, Mari era prática e não passava muito tempo se preocupando com romances ou surpresas.

— Você precisa ser mais romântica, se não quiser perder o seu namorado para outra — orientei, com toda a minha sabedoria de quem já tinha levado pés-na-bunda o suficiente para dez vidas.

— Não acho que amor se demonstre com corações de cartolina ou presentes caros, Melissa — respondeu minha irmã, fingindo uma sabedoria muito avançada para sua pouca idade. Não que eu fosse muito mais velha que ela, de qualquer forma.

Dei de ombros. Ela que se preocupasse com seu próprio namoro. Tinha mais o que fazer da vida!

— Você que sabe. Pode ir que daqui pra frente cuido de tudo sozinha.

Não precisei falar duas vezes: Mariana virou as costas e disparou para o shopping. No que dizia respeito a fazer compras, se um dia ela fizesse corpo mole para isso havia algo muito errado.

Comecei a espalhar os enfeites pela sala e fiz um mural super-romântico com fotos dos nossos seis meses de namoro e outras desde a nossa infância. Mateus sempre foi meu melhor amigo. Quando olhava nossas fotos antigas, percebia quanto amor sempre esteve entre nós dois. Eu era a única que não enxergava isso.

Assim que terminei a decoração da sala, entrei no quarto de Mateus. Como sempre, estava tudo organizado com uma precisão cirúrgica. Meu namorado era bem mais caprichoso que eu!

Eu tinha separado um presente e uma carta para deixar em cima da cama dele. Mas de repente fui tomada por uma curiosidade arrasadora: queria saber o que ele tinha comprado para mim!

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⏰ Última atualização: Dec 16, 2017 ⏰

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