Big girls cry

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POV. CAMILA

-Me prometa que não vai dirigir.

-Eu não vou. Vou voltar de taxi e amanhã busco o carro. -Ele disse e eu sorri. -Juízo Cabello.

-É o que mais tenho. -Falei com um tom malicioso e nós rimos.

Saí do veículo quentinho e fui recebida pela noite fria. Entrei rapidamente no restaurante batizado de "Trattoria Toscana" e o cheiro de massa e vinho tomou conta do ambiente. Sorri e fui até a mesa que havia reservado mais cedo.

Minha história com Lauren é engraçada. Nos conhecemos faz muito tempo, quando comecei a fazer faculdade ela era da minha turma e então foi para outra classe. A conexão com a dona dos belos olhos foi instantânea, pelo menos para mim, e me apaixonei logo de cara. O modo como ela sorria, o modo como ela corria de um lado para o outro durante as aulas práticas, até o jeito que ela amarrava o cabelo era lindo.

Mas o problema era que Lauren não era lésbica. Ela tinha um namorado, que não me lembro o nome, ele não a fazia feliz. Ele dormia com outras e bebia muito. Eu sempre estive lá para ela, não muito próxima, mas também não era a sua amiga mais distante. Então quando eles acabaram vi como sendo a oportunidade de tentar fazer a garota gostar de mim. Ela não foi mais a mesma desde o fim do namoro, começou a ir para festas, usar drogas e beber. Ela perdeu a inocência que transpirava pelos seus poros.

Então ontem conversei com ela, estava com olheiras profundas e parecia não estar ali. Ela flutuava, via além, ia para o seu mundo onde talvez nunca saberei como é, mas meu desejo me faz acreditar que terei a chance de conhecê-lo.

Mostrei para Lauren que o LSD não é necessário para que ela se sinta livre, em uma saída rápida de um turno para o outro lhe mostrei o parque do hospital. A beleza que a natureza tem. Ela sorriu. Não foi qual quer sorriso, foi aquele que não via há muitos anos; um que mostrava um pouco mais de seus dentes, afinava seus lábios e as rugas sumidas apareciam.

Faz dois meses que começamos um relacionamento. Lauren ainda não entende muito bem isso, ela às vezes sai e isso machuca, ela quer manter segredo por enquanto, não gosto da ideia, mas dou o tempo que ela precisar para se organizar e lutar por nós. Nunca vamos a lugar nenhum, só nos encontramos na sua casa e antes no motel em que eu morava, não tive coragem de dizer a Harry, apesar de saber que ele não me julgaria.

E então ela me chamou para sair e meu coração bateu rápido. Obviamente aceitei. É como um sonho, entende? Como ver um filho dar os primeiros passos, não tenho dúvidas que a amo. Eu preciso de Lauren Jauregui, ela se tornou meu mundo, meus olhos, meu ar.

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-Feliz dia dos namorados! Deseja alguma coisa?

-Obrigada! Oh, não precisa agora... -Li o nome do rapaz magro que veio me atender. -Shawn.

Já faz uma hora que espero por Lauren. O trânsito deve estar ruim nesse dia de chuva.

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-Você deve estar faminta, temos uma entrada caso ainda vá esperar. -Shawn apareceu e sorriu triste para mim.

-Eu vou querer um espaguete e vinho... O melhor que você tem.

O garoto assentiu e me mexi inquieta olhando para a porta. Vi saltos escuros e uma calça de couro entrarem junto ao vento. É ela!

Errou Camila. Era uma idosa que parecia ter saído de um filme de motoqueiros.

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Air △ l.s {HIATUS}Onde histórias criam vida. Descubra agora