Sob as dunas

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Sasuke, como todo peregrino que se preze, conhece praticamente o mundo ninja inteiro. Ele já esteve em todos os países da Aliança Shinobi, desde as grandes vilas ninjas até aquelas pequeninas que um cartógrafo sequer perderia seu precioso tempo desenhando.

E de todos esses lugares no mundo, ele decidiu que queria odiar Suna.

O lugar era quente e ventoso e o ar parecia estar carregado de areia sempre, talvez estivesse mesmo, para fazer jus ao nome da vila. E ainda era muito mal-frequentado.

Começando pelo Kazekage.

Aquele ruivo seboso e abusado que se metia onde não era chamado. Certo, ele estava em Suna, o território do próprio citado anteriormente, mas aquele petulante vermelho não podia aprender mais sobre noções de espaço e posse? Começou com todo o roubo de destaque na prova chunnin, onde Sasuke deveria ser o terror do exame e foi atropelado pelo garoto com tendências homicidas - tendências executadas, por sinal - no seu momento de mostrar a que veio. Certo, ele também foi um pouco ofuscado por Neji e ainda teve Shikamaru ganhando o exame em uma virada de jogo histórica, mas isso não interessa.

O problema todo era com Sabaku no Gaara.

Sasuke poderia perdoar que aquele Kazekagezinho se achasse o melhor amigo de Naruto, ele nem ligava, para ser sincero. Mas aquele homem olhar para Sakura com o olhar de Bijuu prestes a atacar - e sim, ataque no sentido obsceno que o Uchiha nem queria imaginar -, era pedir para passear em todas as dimensões disponíveis pelo Rinnegan.

Falando em Sakura, a amada esposa do nosso anti-heroi, precisamos explanar o quão alheia ela é para tudo ao seu redor. Sakura tem essa dualidade entre ser uma grande ninja justamente por causa de sua percepção aguçada e inteligência acima da média e ser totalmente obtusa quando se trata do que acontece ao seu redor.

Sakura é alheia ao quanto as pessoas a admiram, Sakura é alheia a todo ciúme de Sasuke (ou até sabe e gosta de fingir que não), Sakura é alheia a toda a beleza e sensualidade que é portadora e Sakura, principalmente, é alheia ao olhar de desejo que boa parte dos homens dedicam a ela. Com destaque para Gaara, aquele ruivo seboso, segundo Sasuke.

Quando a bela kunoichi foi desposada por Sasuke recebendo o status de Senhora Uchiha, ambos partiram de Konoha para desbravar o mundo sem rumo e sem previsão de volta. Sakura foi feliz da vida, era o seu sonho no final das contas, e seu marido foi feliz por dentro, aquecido com a nova realidade de uma companhia amada pelo resto de seus dias. E os problemas do moreno começaram com uma simples sentença:

- Deveríamos parar um dia ou dois em Suna, querido.

Ele devia ter dito não.

Entretanto pensou que não havia qualquer problema, Sakura queria visitar o túmulo de uma velha companheira de batalhas chamada Chiyo e cumprimentar o Kazekage e Kankurou, a quem já salvou a vida. Algo devia ter estalado na sua mente como um alerta sobre não parar em Suna de maneira nenhuma, porém Sasuke não viu o perigo aproximando-se, péssimo para o currículo de um grande ninja, e não conseguia mais dizer não para os pedidos da esposa e que Kami o ajudasse, não admitiria isso nunca.

E era por isso que ambos estavam ali, frente ao Kazekage e o irmão mais velho do mesmo tão abusado quanto, infelizes com aquele encontro desagradável. Quer dizer, Sasuke queria poder dizer que Sakura estava infeliz como ele, mas a sua esposa, sexy e linda demais para ser admirada por outros homens além dele, estava bem sorridente, simpática e acessível para os olhos daqueles dois chacais do deserto.

Será que ela se esqueceu que Gaara quase a esmagou contra uma árvore quando eram mais novos? E daí que era apenas a bijuu dele saíndo do controle? Sasuke lembrava-se muito bem disso e Sakura devia lembrar-se também.

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