One

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Então, eu decidi escrever essa one por alguns motivos, são estes:

1- Nem lembrava mais o que era a liberdade de escrever uma one, uffa.

2- O OTP bateu na porta essas últimas semanas

3- As meninas do FIATP Project me lembrando de antigas teorias, fics, falando da situação.

Aí eu uni isso tudo, mais minha imaginação demoníaca e alguns prováveis acontecimentos pra produzir isso aqui, que é mais um presente carinhoso pra cada uma do grupo em função do dia dos (nossos) namorados (aí). Vocês são umas lindas. <3

Enjoi.xolu.

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Desembarcar em Los Angeles nunca fora uma das minhas atividades favoritas na vida e, através dos anos, as magoas enterradas naquela cidade iluminada apenas se acumulavam e me causavam náusea toda vez que entrava no maldito avião.

Eu estava aqui para começar de novo, gravar outro álbum. A banda estava crescendo e eu depositava toda minha fé e disposição naquele projeto. Estava ali por eles. A gravadora tinha um estúdio grande e equipado o suficiente para que pudéssemos dar o nosso melhor, e eu me dispus a fazer esse sacrifício. Os meus únicos desejos eram que o mau humor e a leve tristeza tatuada em meu semblante não atrapalhasse o processo criativo, mas que cedesse talvez um pouco mais de emoção ao momento, e que os caras da banda me perturbassem o bastante para me manter ocupado para que tirasse meus pensamentos de um certo cidadão.

Quando eu conheci Gerard, esse lugar não poderia ser mais diferente dele. Hoje, cada beco, cada rua de LA cheira ao imbecil, fazendo pisar nesse lugar uma experiência já suficientemente estressante. O antigo Gerard Way falava de música local, arte underground, personagens de quadrinhos que eu não conhecia e sobre coisas simples, às vezes adicionando sua filosofia – ou loucura – pessoal, que me soava tão sábio, tão gostoso de ouvir. Nós ficávamos bêbados com cerveja sextas à noite, dávamos um jeito de chegar até seu porão e fazíamos coisas que não lembrávamos ao certo na manhã seguinte. Era sempre esquisito acordar olhando pro rosto ruborizado e bochechudo, que me encarava com diversão, reclamando de ressaca e que íamos nos atrasar pro próximo ensaio. Eu poderia viver assim pra sempre, ou pelo menos era o que o que o Frank do passado pensava.

"Um dia, você vai crescer" alguém me disse, acho que minha mãe.

E lá estava eu, crescido o bastante e muito experiente em cair de cara no chão. Às vezes eu cantava sobre isso, às vezes eu só me culpava por ser idiota. E eu realmente acreditava que era um idiota. Mais que idiota, eu era egoísta, masoquista e havia me tornado amargurado por dentro, sentindo meu interior apodrecer aos poucos a cada dia. Quanto mais eu colocava as coisas pr'a fora, mais arranjava problemas para mim mesmo, então passei a ficar o mais calado possível e isso me matava. Eram analises, teorias, conexões feitas por meio mundo e eu me sentia cumplice daqueles boatos, eu queria dar bandeira, eu queria que todo mundo soubesse, mas ao mesmo tempo, eu não queria ouvir sua voz gritando e discutindo comigo por telefone, me culpando das merdas que eu havia feito. Bem, não havia sido eu que escrevi uma música sobre não segurar as mãos do amante e nem de sexo oral gay no chão, Way, seu maldito.

Uma mão estalando diante meus olhos me acordou num susto. Ao meu lado, Matt sorria divertido.

"Frank, sua mala vai dar a segunda volta na esteira. Wake up, man"

"Certo" eu concordei, cultivando uma risada tosca, percebendo que eu mal havia chegado e os fantasmas começavam a tentar me agarrar de volta, me sugando como Dementadores ou algo do gênero. Eu estava tão tranquilo em Jersey.

Agarrei minha mala e segui os caras da banda e nosso agente até o desembarque. Do aeroporto fomos direto pro hotel, deixando todas as bagagens e seguindo para o estúdio com os instrumentos, já começando a nos ambientar e colocar as ideias em práticas. Eu queria gritar dez vezes mais do que havia feito em Stomachaches. Explodir. Essa era a direção do próximo álbum, e deixei muito claro na primeira reunião que tivemos, recebendo sorrisos e palavras de excitação. Seguimos conversando e mostrando o material que tínhamos, unindo alguns pontos e criando o planejamento. Era insano trabalhar em conjunto, com a cabeça totalmente aberta. Fazia tempos que não experimentava essa sensação, e nos últimos tempos eu estava começando a aceitar que isso já não existia mais na My Chemical Romance quando acabamos. Era tudo a vontade dele, e inclusive, pela merda da vontade dele, nós não existíamos mais. "Acabou, Frank" senti a minha voz da razão interior sussurrar, enquanto a raiva me cutucava com força, quase me espancando. "Preciso escrever sobre isso. De novo. E dessa vez, não de forma suave e madura, como Weighted, mas sim da forma com a qual me senti, como o adolescente rebelde que me tornei assim que recebi aquele maldito telefonema" refleti. Eu odiava ligações e a voz de Gerard era ainda mais perturbadora daquela maneira. Ele nunca me ligava por um motivo satisfatório. Ligava para miar de saudades no meu ouvido, na tentativa idiota de me manipular, ligava para reclamar de algo que eu havia feito, ligava para acabar com o meu humor e até com a minha banda favorita. E por não atende-lo no meu aniversário, ele simplesmente foi lá e publicou um tweet, o qual eu jamais responderia, dando margem o suficiente para espalharem pros quatro cantos do mundo que não estávamos de bem. Não estávamos. Eu não estava.

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⏰ Última atualização: Feb 16, 2017 ⏰

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