Broken

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     As luzes piscavam. A música entravam por meus ouvidos me fazendo estremecer, e tudo o que eu mais queria era poder sair dali. Olhava desnorteada para cada canto daquela casa e finalmente pude encontrar Josh e os meninos. Suspirei aliviada.
Caminhei com dificuldade entre as pessoas até poder chegar aos meninos.
"Como você pode sumir em dois segundos?!" Carl é muito sem noção, não é possível, "Estavamos te procurando"
"Bem, não fui eu quem desapareceu em um passe de mágicas" disparei em minha defesa. Bom, talvez eu tenha me distraído e andado enquanto procurava por uma lata de lixo, mas, isso não vem ao caso.
Olhei para todos os meninos, Josh, Carl, Max, Dylan e... um cara desconhecido até então.
"Hannah, esse é Justin" disse Josh, e assim descobri o nome do cara.
Ele me olhou fixamente e passou a língua entre os lábios o mordendo em seguida. Assim pude reparar em seu piercing no canto da boca, e provavelmente, um em sua língua. Ao olhar em seus olhos senti calafrios, esse cara é assustador, não é bem o tipo de pessoa que eu escolheria para ter amizade.
"Ahn, oi. Eu sou Hannah"
Ele sorriu, mas não diria que foi um sorriso muito convidativo.
A música alta ainda me incomodava, e acho que estava incomodando os garotos também, já que decidiram ir para uma parte mais reservada, ou melhor, para a parte de trás da casa, um jardim. Nos sentamos todos em uma roda, no chão mesmo.
Como o ambiente estava mais iluminado pude perceber as tatuagens no corpo de Justin, eram muitas, mas tentei ao máximo não ficar o encarando.
"Hey, o que vocês acharam do mico que a Paty acabou de passar? Foi maneiro a forma como ela dançava em cima daquela mesa" Disparou Dylan, e logo começaram a conversar sobre a tal garota. Mas, minha atenção estava presa nos braços de Justin. Ele também estava conversando com os garotos, então não tenho muita certeza se ele reparou em como eu encarava tanto em suas tatuagens, talvez sim, já que percebi ele me olhando algumas vezes.
Os meninos começaram a beber e fumar, talvez eu já estivesse acostumada a ver isso, mas preferi me afastar um pouco, aquela fumaça não era nem um pouco agradável. Me levantei sem que percebessem e caminhei até um muro que havia ali, dava para ter a visão da rua. Olhei para o céu, poucas estrelas, a lua quase invisível, se escondendo entre as nuvens. Talvez chovesse mais tarde. Ou mais cedo? Já não fazia mais ideia de que horas eram.
Meu corpo já estava cansado, não queria nada mais do que a minha cama naquela madrugada que já estava começando a ficar gélida. Caminhei até os meninos que já estavam bêbados, com exceção de Justin, parecia estar sóbrio. Estavam todos em pé encostados em uma parede.
"Meninos, eu já vou indo"
"Espere mais um pouco e volte com a gente" Max pedia.
"Com 'mais um pouco' ele quis dizer algumas horas" completou Carl.
"Ainda está cedo Hannah" cedo? O relógio de Dylan não deve estar funcionando muito bem.
"É perigoso voltar sozinha essa hora" Justin pela primeira vez se referiu a mim.
"Eu vou ficar bem. Já estou cansada é melhor eu ir"
Me despedi de todos, e quando fui dar tchau ao Justin ele segurou meu braço. E novamente disse as mesma palavras, só que dessa vez, sussurrando em meu ouvido.
"É perigoso voltar sozinha essa hora"
"Vou ficar bem" foi o que eu disse, mas na verdade, queria dizer que achava mais perigoso ficar perto dele. Não que eu o esteja julgando por sua aparência, talvez eu esteja, mas... que culpa tenho eu se o cara é sinistro? Ele é lindo, mas, passa um ar de quem vai te perseguir em seus sonhos, ou pesadelos.
Ele me olhou uma última vez, ele estava sério. Me soltou e eu em fim pude ir embora.
Sai da casa e finalmente me senti livre daquela música. As ruas escuras, ponderei por um momento em voltar e esperar pelos garotos, mas... eram apenas algumas quadras, não haveria problemas, certo?
Caminhava normalmente, não havia pessoas na rua. Mas tudo mudou quando virei a esquina, estava a poucos metros de minha casa. Pude sentir algumas gotas d'água me molharem, ótimo, ia começar chover bem agora. Em um reflexo olhei para trás e vi que tinha um homem, do outro lado da rua encostado em um poste. Continuei a olhar para frente e seguir meu caminho, mas quando virei a rua pude sentir sua mão em minha boca. Um desespero tomou conta de meu corpo. Eu deveria reagir, gritar, tentar me soltar, mas, naquele momento perdi minhas forças, era como se eu tivesse paralisado e apenas estava vendo tudo aquilo acontecer. O homem passava suas mãos pelo meu corpo, e dizia coisas... coisas que não conseguia compreender. Ele sussurrava. Seus sussurros ficavam ainda mais baixos a cada segundo, talvez eu não estivesse conseguindo prestar atenção no que ele fazia ou dizia. Eu só olhava para o outro lado da rua. Um cara. Um cara estava do outro lado da rua! Não conseguia ver seu rosto, apenas a silhueta de seu corpo. Por um momento senti esperança, como se minhas forças tivessem voltado. E gritei. Oh como eu gritei.
Mas havia algo de errado. O tal moço não se mexia, não dava sinal algum de que viria me ajudar. E ai eu chorei. Minhas lágrimas se misturavam com as gotas da chuva. E eu pude em fim entender o que o homem dizia.
"Como você se sente, baby?"
Monstro, como eu deveria me sentir?
Senti meu corpo amolecer, e tudo escurecer.
Depois disso não me lembro do que aconteceu. Acordei já de manhã. Estava jogada em um beco qualquer, ótimo, nem onde eu estava eu sabia. Meu vestido rasgado até a parte de cima da minha coxa, meus cabelos bagunçados e uma terrível dor. Ainda chorava. Não havia ninguém ali. Me encolhi em um canto e continuei a chorar.
"Hannah?!"
Olhei para cima e vi Justin. E então comecei a chorar ainda mais. Ele me olhava e acho que tentava decidir o que fazer. E então decidiu me pegar no colo.
"Onde você mora?"
Eu não conseguia o responder, eu apenas o abracei e ele fechou os olhos por alguns instantes.
"Baby, onde você mora?"
Baby, baby, não, por favor, era só o que eu conseguia pensar, talvez eu tenha dito essas palavras já que ele disse que tudo bem, não iria me chamar de baby, que iria tudo ficar bem. E então eu confiei nele. Apostei todas as minhas fichas nele. Fechei os olhos e adormeci novamente.
Acordei e já estava na minha casa, no meu quarto para ser mais exata. Olhei para frente e vi Justin. Ele me encarava sem expressão e por fim suspirou.
"Ahñ, eu ia te dar um banho, mas eu achei que você não iria gostar muito da ideia"
Ele mordiscou o piercing. E eu não disse nada, ficava o olhando. Como ele achou a minha casa?
"Você poderia dizer alguma coisa. Sabe, ajudaria muito"
Eu queria tomar banho, mas estava dolorida de mais para isso. E eu fiquei vermelha só em pensar em pedir ajuda a ele, um cara que conheci a poucas horas e deve ser no mínimo 4 anos mais velho que eu. E, além disso, eu não queria mais ficar tão perto de algum cara.
"Você está bem? Você tá vermelha. Ta com febre?"
Ele se levantou e veio até mim, se sentou do meu lado e colou sua testa na minha. Um jeito um tanto estranho para tentar ver minha temperatura.
"Não está quente"
"Eu... quero tomar banho"
Ele me olhou por alguns segundos, e pareceu pensar no que eu disse.
"Ahñ, você quer que eu te ajude?"
"Não" Disse rápidamente, mas logo me corrigi "Quer dizer, sim. Você pode... ligar a banheira, por favor?"
Ele pareceu se divertir com meu nervosismo.
"Relaxa, não estou interessado em crianças" Ele disse enquanto se levantava e ia indo em direção ao banheiro.
Criança? Quantos anos ele acha que eu tenho? Posso não ser uma adulta, mas já tenho 16 anos e não sou uma criança. Droga, isso me deixou irritada, mas, isso não durou por muito tempo já que ele voltou e sem dizer nada me pegou nos braços me levando para o banheiro.
"Eu sei andar"
Ele me encarou.
"Para de ser mal agradecida, você não deve estar conseguindo andar agora"
Comprimi os lábios.
Ele me sentou em um banco que tinha ali e encarou meu corpo. E por um breve momento senti medo, o mesmo medo que senti com aquele cara.
Ele se aproximou e colocou as mãos na barra de meu vestido que a essa altura do campeonato já estava um lixo. Ele olhou em meus olhos, e senti o medo se esvair.
"Deixa eu te ajuda"
Levantei os braços e ele puxou vagarosamente o vestido sobre minha cabeça. Eu estava sem calcinha e ele tirou meu sutiã, e naquele momento senti muita vergonha. Ele passava os dedos pelos meus braços e depois pelas minhas coxas e então vi as marcas roxas.
"Dói muito?"
"Um pouco"
Pude perceber que ele evitava me olhar completamente, e o agradeci internamente por isso. Ele me colocou dentro da banheira que agora já estava cheia. E ficou ali, me encarando.
"Vou falar com a sua mãe, qualquer coisa me chama"
E eu apenas concordei balançando a cabeça. E o vi saindo pela porta do banheiro.

 E o vi saindo pela porta do banheiro

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⏰ Última atualização: Jun 14, 2016 ⏰

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