Os dias de Michael Part 1

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Michael era um rapaz diferente, gostava de ajudar as pessoas, de ser carinhoso, gostava que as pessoas gostassem dele.

Os dias de Michael eram como um carrossel, sempre começavam, acabavam e voltavam a começar da mesma forma, era algo que lhe fazia confusão. Todos os dias se levantava bem cedo para ir comprar pão e mercearias para o pequeno-almoço, gostava de ser ele a fazê-lo em casa, era como um presente para os pais. A padaria e a mercearia ficavam a dois quarteirões da sua casa, caminho que ele fazia normalmente de bicicleta.

Certo dia, farto da rotina dos seus dias, decidiu acordar mais cedo e ir com o carro do pai ao pão. Planeou tudo passo por passo para pegar na chave do carro. Michael nunca tinha pegado num carro, tudo o que sabia era por ouvir falar ou por ver o pai a fazer.

Bem cedo, pôs-se apé, vestiu-se, tinha tudo preparado, menos as sapatilhas, levava as meias calçadas para fazer menos barulho ao entrar no quarto dos pais. Entrou e retirou a chaves do bolso do casaco onde se encontrava a chaves da garagem junto às do carro.

Dirigiu-se à garagem, abriu o portão e entrou na viatura. De imediato, desengatou o travão de mão, tirou o carro da garagem e, no instante que entra na estrada, um camião em alta velocidade acerta na porta do condutor. O barulho do acidente acorda os pais de Michael que, curiosos e preocupados com o que se poderia ter passado, vão até ao exterior da casa e deparam-se com o condutor a assistir o seu filho. O pobre rapaz foi de imediato levado para o hospital. Os médicos, com medo de possíveis sequelas, induziram o coma.

O rapaz acorda do coma devido a um pesadelo, levanta-se e repara que o hospital se encontrava vazio, mas ouvia-se barulho do lado de fora. Decidiu ir ver o que se passava e depara-se com uma senhora a brincar com uma criança, sorriam, corriam, saltavam, mas essa visão rapidamente mudou. Chegou uma carrinha militar cheia de civis. Da bagageira saíram dois militares que agarraram na criança e na senhora e atiraram-nas lá para dentro como se de lixo se tratasse.

Michael assustou-se e fugiu para casa, mas tudo o que via durante o caminho fazia-o interrogar-se. Ficou com receio e preocupou-se logo com os seus pais. Quando chegou a casa, encontrou-os a discutir algo a que ele nunca tinha assistido, visto que os seus pais eram um casal muito unido, escutavam sempre a opinião um do outro e resolviam os problemas sem nunca discutir. Michael resolveu interrompê-los e perguntar-lhes a razão que os levava a discutir, visto que se amam, estão juntos, vivem juntos. Qual seria a razão para o fazerem? Michael esperou a resposta, olhou para o seu pai, olhou para a sua mãe e ambos lhe viraram as costas e agarraram-se ao telefone. O pobre rapaz deixou cair algumas lágrimas e dirigiu-se ao seu quarto.

No mesmo instante em que abre a porta do seu quarto, a porta que dava acesso à rua abre-se e dela surgem vários militares que agarram em Michael e o atiram para dentro de uma carrinha como se de um animal se tratasse.

Depois de uma longa viagem dentro de uma carrinha completamente escura e com um odor desagradável, encontra-se no centro de um campo de concentração. Michael foi acompanhado pelos guardas até à sua cela, onde, por palavras de um dos guardas, irá ficar até apodrecer.

Desde esse momento, os dias de Michael ficaram estranhos. Apesar de ter sido rejeitado pelos pais continuava a querer vê-los e a lutar por sair dali. Então, escutou uma voz doce, mas bastante forte, avisando-o de que tudo o que estava a fazer só iria chamar as atenções dos guardas. O rapaz olha para a dona daquela doce voz e aproxima-se. Michael estava tão concentrado, tão desesperado em sair, que nem pensava, nem mesmo tinha reparado na esbelta rapariga que lhe fazia companhia na cela.

A dona daquela doce voz respondia pelo nome de Anna, que sabia tudo o que se tinha passado fora daquele campo.

Anna explicou a Michael que, fora daquele campo, as pessoas já não tinham sentimentos, mas também disse que havia uma forma de fazer com que elas voltassem a tê-los, apenas tinham de relembrar o que era o amor e apenas um casal apaixonado teria o poder de o conseguir fazer.

O tempo foi passando e Michael resolveu procurar um casal verdadeiramente apaixonado dentro daquele campo, visto que não podia sair da cela. Resolveu passar a mensagem cela após cela com o fim de encontrar alguém para demonstrar ao mundo o que era o amor. Passaram dias e dias e não havia notícias, mas Michael estava cada vez mais próximo de Anna.

O companheiro de cela de Anna sentia-se sem saber o que fazer, dias e dias a pensar até que Anna sugeriu fugirem do campo e procurar pessoas que ainda não tenham sido levadas para este ou outro qualquer campo de concentração. Ela nunca desistia de acreditar no amor e sabia que o havia de encontrar e talvez não fosse tão longe como poderia imaginar.

Michael e Anna pensaram em 1001 planos para sair do campo, mas, primeiro, teriam de sair da cela. De repente, surge o plano de fazer uma armadilha a um guarda. O rapaz começou a insultar Anna, gritando com ela, ofendendo-a com todas as palavras ordinárias e maliciosas que estavam no seu vocabulário, e tudo isso chamou a atenção de um dos guardas que se ria por Michael a ofender. Mas o rapaz não se iria ficar por palavras e aproxima-se dela querendo agredi-la. O guarda, armado em superior, resolve entrar na cela pois achava que só ele poderia bater nos prisioneiros. Só que tudo isto fazia parte dum plano dos dois e, no momento exato em que o guarda se aproxima, Anna põe-lhe um tecido na boca e Michael bate-lhe na cabeça fazendo-o cair inconsciente no chão. O rapaz rouba a roupa ao guarda disfarçando-se de um deles facilitando a sua saída do campo. Agarra brutalmente em Anna com o objetivo de passar despercebido pelos guardas, mas um deles interroga-o sobre o porquê de estar a levar um prisioneiro para fora do campo. Michael defende-se dizendo que a rapariga o tinha magoado, por isso, iria levá-la para outro campo e exterminá-la.

Já fora do campo, mas ainda em perigo, o rapaz rouba uma carrinha e segue em direção à cidade. No caminho encontrou um grupo de pessoas a fugir da carrinha temendo o que aquela pudesse trazer. Apesar de todos tentarem fugir, Michael e Anna conseguem falar com o grupo e explicar quem são e o que pretendem encontrar. Aquelas pessoas tinham tudo o que eles precisavam, faziam parte de uma equipa televisiva. Michael como bom líder de equipa que era, convenceu os membros a juntarem-se a ele para mudar o mundo. Foram diretos ao estúdio onde havia um casal de jovens que também fazia parte da mesma equipa.

Resolveram começar a preparar tudo para a emissão, e seria esta emissão que faria tudo e todos mudar. O mundo voltaria a ser o que sempre foi, voltariam a existir valores, sentimentos e principalmente pessoas, porque sem sentimentos não somos pessoas, somos simplesmente um monstro a que se dá o nome de Homem.

A emissão teve início às três da tarde em ponto e empoucos minutos todo o edifício estava cercado por membros do exército ou lá oaquilo fosse. Com receio que pudesse não resultar, Michael aproxima-se de Annae resolve dizer-lhe "Eu sempre procurei isto, sempre lutei por tudo, pelomundo, por ti, porque sempre foste forte, sempre estiveste do meu lado, porqueeras o meu porto seguro, eras o meu abrigo, sem ti não teria conseguido..." Annadeixou escorrer algumas lagrimas aproximou-se do ouvido de Michael e sussurrou... " Por favor, acorda meu filho, estás atrasado para a escola".    

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⏰ Última atualização: Jun 16, 2016 ⏰

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