Capítulo 1°

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E um Indio que ficou marcado na história aqui da cidade de São Paulo, como o Cacique Araribóia que defendeu Niteroi e o Rio de Janeiro, tivemos um defensor aqui em São Paulo também o Cacique Tibiriçá. Tibiriçá foi o primeiro índio a ser catequizado pelo padre José de Anchieta. Foi convertido e batizado pelos jesuítas José de Anchieta e Leonardo Nunes. Seu nome de batismo cristão foi Martim Affonso, em homenagem ao fundador de São Vicente. Sua data de nascimento é calculada em 1440. Seus restos mortais encontram-se na cripta da Catedral da Sé, na cidade de São Paulo.

"Maioral" ou "Vigilância da Terra", na língua Tupi, Cacique guaianás ou tupi, sendo divergentes nesse ponto as opiniões dos historiadores. Chefe de uma parte da nação indígena estabelecida nos campos de Piratininga, com sede na aldeia de Inhampuambuçu. Irmão de Piquerobi e de Caiubi, índios que salientaram durante a colonização do Brasil, o primeiro como inimigo e o segundo como grande colaborador dos jesuítas.

Teve muitos filhos. Com a índia Potira , teve Ítalo, Ará, Pirijá, Aratá, Toruí e Bartira. A índia Bartira, viria a ser mulher de João Ramalho, de quem era grande amigo e a pedido do qual defendeu os portugueses quando chegaram a São Vicente. Em 1554, acompanhou Manuel da Nóbrega e Anchieta na obra da fundação de São Paulo, e estabeleceu-se no local onde hoje se encontra o mosteiro de São Bento, espalhando seus índios pelas imediações. A atual rua de São Bento era por esse motivo chamada primitivamente Martim Affonso (nome que fora batizado o cacique). Graças à sua influência, os jesuítas puderam agrupar as primeiras cabanas de neófitos nas proximidades do colégio. Tibiriça deu aos jesuítas a maior prova de fidelidade, a 9 de Julho de 1562 ( e não 10 como habitualmente se escreve), quando, levantando a bandeira e uma espada de pau pintada e enfeitada de diversas cores, repeliu com bravura o ataque à vila de São Paulo, efetuado pelos índios tupi, guaianás e carijós, chefiados por seu sobrinho (filho de Piquerobi) Jagoanharo. Em 1580, Susana Dias, sua neta, fundou uma fazenda à beira do Rio Tietê, a oeste da cidade de São Paulo, próximo à cachoeira denominada pelos indígenas de "Parnaíba": hoje, é a cidade de Santana do Parnaíba. Na Umbanda a falange do Caboclo Tibiriçá não é muito difundida, pois os espíritos desta linha são grandes guerreiros que não se prendem a trabalhos emterreiros, são grandes desbravadores e detentores da Lei Sagrada, sua falange é uma ligação entre Oxalá e Ogum, acompanham muito o Senhor Ogum Matinata.

                                                                     Capítulo 2°

o Caboclo Tibiriçá viveu entre os botocudos, antes da colonização portuguesa no Brasil. Este nome foi dado a esta tribo pelos próprios colonizadores devido ao hábito de utilizarem botoques de madeira nas orelhas e no lábio inferior da boca como enfeite masculino, dando-lhes uma aparência bastante estranha. Entretanto, os tupi-guaranis os chamavam de tapuias, sendo eles, conhecidos por alguns estudiosos como Aimorés, ou Aymorés.

Viviam em lutas frequentes com os tupinambás e os tupiniquins e, quando os portugueses chegaram no Brasil, não se renderam à escravatura. Mostraram-se rebeldes e travaram muitas lutas sangrentas em defesa de sua liberdade. Alguns historiadores afirmam que eles eram antropófagos e possuíam estatura robusta e alta, sendo que sua pele era mais clara que a dos demais indígenas, devido a sua permanência no interior da selva, onde os raios solares são amenizados.

Vivendo pela Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, os botocudos usavam as palavras em sons duros e roucos, parecendo que vinham do interior do peito, sendo difícil entendê-los.

As casas, devido às constantes caminhadas dos membros da tribo, eram de rápida feitura, em geral folhas de palmeiras encostadas aos pares; peregrinavam pela floresta e viviam como os outros animais, sem conforto e agasalho. Caçavam com o arco e flecha para se alimentarem e nutriam-se também de frutas silvestres.

Os historiadores divergem sobre os botocudos, enquanto uns dizem que eram belos e esbeltos, outros que eram feios e sujos, muito dessa divergência se deve ao fato de serem caçadores, guerrilheiros e, como não se conseguia dominá-los, eram vistos com temor e antipatia, já que matavam e emboscavam outros humanos. Todavia, tinham um amor entre eles e um senso de proteção bastante apurado para com os membros da tribo. Eram amáveis e carinhosos com os curumins (as crianças), apesar da ferocidade que atacavam aqueles que consideravam como inimigos.

Foi nesta espécie de civilização que nasceu aquele que hoje é o chefe da nossa Umbanda. Ele nos conta que foi destacado da tribo, por sofrer de gigantismo, tendo sido a sua doença interpretada como algo divino e, sendo um deus, deveria ser adorado por todos, mas não poderia viver junto com eles.

Solitário e inseguro, o nosso Tibiriçá foi relegado a um local fixo de moradia ainda muito jovem, enquanto toda a tribo se deslocava constantemente em busca de alimento e melhores condições climáticas. Quando voltavam, levavam-lhe presentes e esposas, mas como ele mesmo comenta, nunca lhe era dada a oportunidade de escolher aquela que mais simpatizava, ou de participar do dia a dia da tribo. Através de rituais próprios, costumavam lhe agradecer pelas vitórias nas guerras, pelas colheitas quando rapidamente criavam alguma lavoura e, obviamente, se punham a sua frente para chorar os seus fracassos e reclamar por melhores dias, deixavam com ele também os elementos doentes para que fossem curados, festejando-o muito quando eles viviam e chorando, gemendo, perguntando por que quando eles morriam.

Segundo Seu Tibiriçá, era um "pesadelo horrível" saber que não fazia nada do que lhe era atribuído e não adiantava dizer que não era um deus. Seu tamanho desproporcional, desde menino, levava os membros da tribo a vê-lo como tal e, por muitas vezes, em seu desespero, chegava às margens do rio mais próximo para chorar e pedir ajuda a natureza, já que, tendo vivido afastado da tribo, nem a cultura do uso das ervas lhe fora passada. Ignorava tudo e, quando se via com um doente, usava a intuição para ajudar, não para passar por deus, mas para fazer alguma coisa pelo moribundo, mesmo com todo o mal-estar que sentia com sua saúde frágil, que o deixava frequentemente com fortes dores de cabeça e fraquezas musculares.

Pouco antes da chegada dos colonizadores, morre Tibiriçá aos 38 anos, vítima de problema cardíaco, sem deixar filhos, porque, como suas esposas não foram escolhidas e nem o escolheram, foram resguardadas e intocadas por ele. Descansou, finalmente, de uma vida repleta de equívocos.

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⏰ Última atualização: Jun 18, 2016 ⏰

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