A televisão estava ligada e Victor estava isolado no quarto de hóspedes da minha casa. Foi melhor assim, afinal era um lugar escuro e ele se encontrava muito abatido.
Eu aguardava ansiosamente alguma ligação. Era como se meu corpo ainda não acreditasse no que havia acontecido. Que tudo se tornaria real assim que me ligassem me informando sobre os acontecimentos.
Victor ainda extremamente confuso, adormeceu. Eu ainda não havia conseguido falar com ele sobre ser um vampiro, e como tudo aconteceu. Afinal, pelo que eu sabia, quem o criou não deveria deixa-lo assim sem nenhuma explicação ou instrução. Ele afirmava que não conseguia se lembrar de nada.
Eu fitava a televisão, perdida em meus pensamentos, quando o noticiário chamou minha atenção.
"Últimas notícias: Uma jovem garota de Stepford acaba de ser encontrada desfigurada devido a um ataque de animal em sua casa. Não é caso de pânico, porém convém ficarem atentos. Meus sentimentos a sua família."
E eu desliguei a televisão engolindo em seco. O que aconteceria daqui para frente? Como eu iria ajudar Victor? E esse "animal" causando pânico na cidade, como iria resolver aquilo? Como iria conseguir ver a dor da família de Dayse, sabendo que havia participado das decisões? Minha mente se inundava de perguntas, que não haviam respostas.
Meu celular tocou me assustando, e sem algum ânimo atendi:
— Oi.
— Sara. Eu não sei como te falar isso... Dayse. Sara. Ela foi atacada por um animal... a mãe dela pediu para avisar. Meu Deus, Sara. — Gimmi falava sem conseguir formular uma frase completa. O desespero era visível e ele parecia chorar.
— O que? — exclamei, tentando demonstrar surpresa. — Isso não pode estar acontecendo... — as lágrimas se formaram de verdade em meus olhos. Estava ciente sobre sua morte, porém, ver o quão desesperado Gimmi estava me machucou. Imaginei a cena da mãe de Dayse encontrando sua filha morte segurei as lágrimas em vão.
— Meu Deus, Sara. Eu tô muito mal. — ele soluçava. — Não consigo entender até agora...
"Eu sinto muito" desejava dizer. Talvez, se eu tivesse chegado alguns segundos antes ela não estaria morta. Porém, o máximo que eu consegui fazer foi viver o seu luto.
— A situação é tão complicada que a mãe dela decidiu não velar... Eles vão enterrá-la ainda hoje ao pôr do sol. — avisou, entre soluços.
—Obrigada por avisar... — respondi forçando as lágrimas dentro dos olhos. — Vou ir me despedir dela pela última vez.
— Até logo...
— Até. — suspirei.
§§§
Depois de um longo tempo vendo as notícias nos jornais locais, tomei um banho longo e quente. Lembrei-me de minha mãe, e do quão sofrido foi vê-la morta. Eu conseguia imaginar, então, a dor que a família de Dayse estava sentido.
Escolhi uma blusa simples preta, sem me importar com a aparência. Coloquei um óculos escuro para que eu pudesse esconder os olhos avermelhados. Victor e eu havíamos decidido que seria melhor que ele ficasse em casa. Ele ainda sentia uma sede incontrolável, e quando Miguel voltou para irmos juntos ao enterro de Dayse, trouxe junto consigo algumas bolsas de sangue. Victor, que havia se alimentado de Dayse já estava perdendo a razão, desejando mais.
Estávamos todos com roupas escuras. A família de Dayse estava inconsolável e cobertos de perguntas. Sua mãe, chorava sobre seu caixão lacrado, gritando que não aceitava sua morte. Aquela cena, partira meu coração, porém fui forte e não chorei muito, fiquei com aquilo preso na garganta, mesmo estando com uma enorme vontade de gritar e chorar, mas me controlei.
— Eu cuidei de ti, Dayse. Agora, você está entregue nas mãos de Deus. — a mae de Dayse disse, entre os soluços assim que começaram a jogar terra sobre o caixão da filha.
As pessoas, foram se retirando aos poucos. Pedi a Miguel, que fitava tudo sem derramar uma lágrima, para que fôssemos embora. Eu sabia que ele estava abatido, e magoado com tudo que estava acontecendo. Antes da minha chegada na escola, ele já se conheciam. Porém, eu acreditei ser melhor não falar nada com ele sobre o que acontecerá, para não o fazer lembrar — ainda mais — sobre o que ocorrerá.
— Eu sinto muito. — suspirou, quebrando o silêncio do carro enquanto dirigia de volta a minha casa.
— Eu também. — respondi, com a voz fria e rouca. Ele me olhou e forçou um leve sorriso ao canto da boca.
O sol já se despedia, e eu chorava em silêncio sem planos ou expectativas para os próximos dias...
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LutoDayse =///
E agora, o que vai acontecer com o Victor???
Sara???
Miguel??
Quais surpresas essa história nos reserva? hahaah
Comentem... afinal, quero saber a opinião de vocês!
Um abraço e até mais.

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Noites Sombrias
FantasiE se o mundo onde vivemos fosse totalmente maior do que somos capazes de ver? E se a vida fosse muito mais além do que podemos saber? A jovem Sara descobriu da maneira mais trágica como é crescer aos olhos de um demônio, e o quão grande pode ser o...