PRÓLOGO

8.1K 458 82
                                    

.PRÓLOGO.

TASLEY , AGOSTO.
2003.

Um dia depois da última semana de aulas.

Havia começado a última temporada de férias do ano, mas algumas escolas da região costumavam ser tardias e liberaram os alunos pouco mais tarde, principalmente os do último ano, com a desculpa de que com mais simulados e estudos, melhores se sairiam no vestibular. São as férias de fim de ano, mais especificamente último dia de aula no colégio de Prepply Creep. Os estudantes passam com rostos ansiosos pelos corredores quando o sino toca anunciando que o último dia de tortura chegou. Alguns passaram o mês planejando festas, outros planejando aparecer na festa, outros que acabaram indo parar nas festas, que festas são um ótimo lugar para mal entendidos, mas adolescentes de dezessete anos, cheios de hormônios geralmente ignoram essa parte:

Ela estava sentada sobre o capô da camionete de pintura descascada, agora, cor de ferrugem, havia ganhado do avô, a cerca de um ano antes dele morrer e ela finalmente precisar voltar para Tasley, de onde ficara dois anos fora, ajudando sua avó que passava maus bocados devido um câncer descoberto no marido, os avós moravam numa cidadela, dessas a beira da estrada, onde a maioria das garotas a olhavam como uma aberração por preferir calças e botas a vestidos de cetim e sapatos chamativos de salto. Não tinha carteira, mas aprendeu a dirigir jovem, seu avô gostava de aventuras, por isso ela aprendeu muito jovem, e embora a caminhonete fosse velha, era uma lembrança. Por isso a mantinha consigo.

Ela sentia o corpo todo doer, enquanto todos os líquidos e coisas que passaram pela sua boca na noite anterior se vingavam dela pela escolha. O último ano havia sido assim, desde que o avô morrera e que havia retornado a casa dos pais e que, o primeiro cara que ela realmente gostou havia sumido sem dar notícias e antes que ela partisse para o interior, lhe ignorado por completo. Costumavam ser amigos, muito amigos, mas depois que ela lhe contou que gostava de alguém, ele tirou conclusões precipitadas e se afastou, talvez por isso, talvez por problemas de família, mas o ponto era: quando ela retornou preparada para lhe contar milhares de coisas ele havia sumido, não havia sequer bilhete. Ela parecia mais uma completa desconhecida do lugar, embora houvesse vivido ali até os quinze anos. Tasley não era mais seu lar, não quando seu avô estava morto e não viria visitá-la nos fins de semana, não quando seu ex-melhor amigo havia acabado a amizade e sumido do lugar, não quando existia zero dela ali. Não se sentia em casa. Tasley não era sua casa, era apenas o lugar onde precisava ficar porque não tinha mais onde ir, e sua avó estava ocupada demais com amigos e pessoas da igreja lhe confortando com a morte do marido perdido para o câncer que ela pensou que estaria incomodando se voltasse para lá.

Faziam dez minutos desde que ela havia acordado, e tudo parecia girar. Sua mãe e seu pai jamais poderiam imaginar que ela estava em um lugar como aquele, nem mesmo ela poderia. Ela não tinha sequer pensado sobre ir, mas Gabb, uma colega, talvez a pessoa mais próxima que ela possa chamar de amiga, atualmente, porque era a única com quem realmente trocava algumas palavras no último ano do ensino médio, insistiu de todas as maneiras para que fossem a festa de Callum, e Eliot, que também era próximo a ela, insistiu.

Ela tirou a carteira de cigarros do bolso traseiro de sua calça Mom Jeans, e procurou pelo isqueiro enquanto uma pontada de dor aturdia sua cabeça. Só então ela notou que o acontecimento da noite anterior não havia sido levado pela bebida. Ainda estava ali:

Noite do último dia de aula:

"Jordana." Eliot chamou, totalmente alterado pela bebida, passando a mão pela cintura da garota, quase levantando sua blusa.

Clube Dos SuicidasOnde histórias criam vida. Descubra agora