Estacionado atrás do carro de Keynel, estava um veículo preto. Seus vidros escuros impediam qualquer visão de seu interior. De pé, em frente a ele, um trolk se punha atento a qualquer movimentação. Espalhados por todos os lados, mais e mais seguranças distribuíam olhares vigilantes. Do outro lado da rua, mais dois carros estavam à espreita.
Haysla já nem se importava muito com isso. Ela havia encontrado uma maneira eficiente de fingir que todos aqueles seguranças chatos, que não a largavam em paz nem por um único minuto, não existiam. Impor uma alucinação a si própria.
Ela se armou de toda sua concentração, fazendo desaparecer de sua mente toda aquela gente inconveniente, levando junto com eles seus carros sinistros. Haysla respirou aliviada, agora seria fácil fingir que não havia mais ninguém vigiando-a sair com seu namorado.
– Deixe de ser bobo, 'Key só'. Haysla disse, seu pensamento agora só em Keynel. Ela retirou sua mão da dele, em pirraça. – Eu tenho controle corporal em grau 5, não escorrego na neve.
Mas... Haysla julgou errado o 'escorregando muito' a que Keynel se referia. Quando ele disse 'muito', ele quis dizer 'muito' mesmo. O pé de Haysla escorregou e, ela até tentou retomar seu equilíbrio, sustentando-se no outro pé, mas este não estava numa zona menos escorregadia. Ela se desequilibrou, caindo sentada no chão.
– Keynel! Haysla rosnou. Ela não podia acreditar que Keynel não a tinha impedido de cair. Sua velocidade e controle corporal o tornavam capaz de fazer isso sem esforço algum... Mas ele apenas sorria. – Eu não acredito que você me deixou cair.
– Não imaginei que você cairia. Ele se defendeu, sua voz transbordando ironia.
– Você tem controle corporal em grau 5, não escorrega na neve.
Keynel se abaixou sorrindo ao lado de Haysla para ajudá-la a se levantar. Ela retirou suas mãos das dele, um enorme bico no rosto quando rugiu um 'eu não preciso de você,' bastante bravo. Keynel não deu atenção alguma à indignação de Haysla e apenas continuou a ajudá-la.
– Você merecia um soco no nariz por me deixar cair. Haysla gritou, batendo as mãos em sua calça e em seu sobre tudo para limpar a neve que se acomodou ali, feliz por eles serem, por fora, de um requintado e impermeável couro fake.
Depois de pensar um pouco, ela achou mais prudente não recusar a ajuda de Keynel para seguir até seu carro. – Mas ele é lindo demais para eu me arriscar a causar qualquer estrago nele.
– O difícil seria você acertar meu nariz lindo demais. Keynel comentou. Um sorriso satisfeito tornando ainda mais belo seu já belo rosto. – Para conseguir causar qualquer estrago nele.
Num piscar de olhos, Haysla viu seu namorado desaparecer de sua frente, surgindo ao lado de seu carro como mágica, e, na sequência, ressurgindo na sua frente novamente. Tudo não durou três segundos.
– Exibido! Haysla exclamou, esforçando-se para não sorrir para seu namorado ligeiro.
Keynel jogou as sacolas no banco traseiro de seu carro, atirou sua namorada em seu colo, prendeu a cabeça de Haysla em sua mão, para que ela não conseguisse virá-la e, mesmo diante de sua pirraça forçada, arrancou-lhe um beijo.
Haysla ainda fingiu resistir por alguns segundos, socando Keynel sem parar, mas logo estava retribuindo seus beijos com bastante entusiasmo.
– E o meu, e o meu? Kyerhan gritava, ansioso para receber seu presente.
Haysla se divertia muito aumentando a expectativa à cerca do presente do irmão bem mais novo de Keynel.
Comprar os presentes para seus possíveis futuros sogros havia sido uma tarefa bastante fácil. Haysla comprou roupas muito elegantes e sofisticadas, elas já haviam sido entregues e agradaram em cheio. Mas o presente de Kyerhan foi, ao contrário, uma tarefa bem complicada.
Kyerhan tinha apenas quatro anos e, sendo muito mais novo que os outros dois filhos de Francys e Hostion Ghowbranty, ele vivia cercado de mimos.
Os Ghowbranty eram uma família com uma excelente condição financeira. Hostion, o pai de Keynel, era o engenheiro chefe da Secretaria de Aeronaves Espaciais da Uni-Uni. Isso garantia à sua família, além de um ótimo salário, uma casa muito confortável numa das melhores vilas de Ondina, a cidade frantílica onde funcionava a sede da União Universal, e totalmente custeada por ela. Francys, a mãe de Keynel, era dona da melhor loja de automóveis da cidade. Então, não era de se estranhar que Kyerhan possuísse todos os melhores brinquedos de Frantila. Além disso, Frantila era muito mais avançada tecnologicamente que a Terra, de modo que os brinquedos terráqueos pareceriam apenas velharias para Kyerhan.
Mas Haysla havia encontrado a solução perfeita para este dilema.
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À sombra do perigo. Sob a luz das galáxias, livro 2.
RomanceEnquanto o livro completo não chega na Amazon, curta os primeiros capítulos aqui, pelo wattpad. Quando a paz no universo está ameaçada, um amor impossível pode se transformar numa poderosa arma nas mãos inimigas. Um novo período está começando e, j...