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Evelyn

Alguns dias se passaram.

Darren havia ido de férias com uma enfermeira qualquer com quem ele andava envolvido. Tinham ido para longe, não sei bem para onde.

William tem andado a tomar uns medicamentos novos e eu espero que lhe façam melhor do que os outros.

Deixo-o a dormir na cama quando saio do quarto dele e sigo para a sala de convívio. Esta encontra-se vazia, para meu espanto. Não é habitual, mas está um dia de sol tão lindo lá fora, que as enfermeiras tiveram autorização de levar os pacientes às traseiras do hospital para apanhar algum ar fresco. Já eu, prefiro estar aqui dentro, onde me sinto mais segura.

Ultimamente tenho andado com alguns problemas, mas não contei nada ao William e as únicas pessoas aqui dentro que sabem disso, são o Amilton e a enfermeira Lilian. Ela é quem nos tem ajudado aos dois, quem tem cuidado de nós. É das únicas em quem confio.

Creio que a anemia tenha voltado e tenha trazido com ela a arritmia. Isso não é bom e a qualquer momento, posso-me ir abaixo. Mas não quero que ele saiba, porque se não, ele mesmo não descansa.

Apertei a sweat dele contra o meu corpo e segui para o exterior do hospital, em direção dos outros pacientes. Cumprimentei-os com um largo sorriso no meu rosto e com a minha bondade de sempre. Procurei Amilton no meio deles todos e encontrei-o sentado num dos muitos bancos de pedra, a observar toda a gente. Quando o seu olhar pousou em mim, ele sorriu e acenou-me.

- Evelyn. – Ele sorriu para mim, enquanto eu me aproximava.

- Bom dia, Amilton. – Cumprimentei o velho homem, com um sorriso no rosto e sentei-me a seu lado.

- Como estás? – Observou-me e passou os seus enrugados dedos no meu rosto. – Estás pálida, querida. O que se passa? – O seu tom animado passou para um tom preocupado.

- Não me sinto muito bem, apenas isso. – Sorri-lhe.

- E o William sabe?

- Não. – Abanei a cabeça enquanto falava. – Não preciso que ele saiba. Depois não descansa e não é bem isso que eu quero. Eu preciso dele bem. – Murmuro esfregando os meus finos braços.

- E ele está bem?

- Sim, os novos medicamentos parecem estar a fazer-lhe muito melhor do que os outros que ele tomava antes. Pelo menos já dorme como devia. – Sorri docemente para o velho homem e ele sorriu-me de volta.

Mas isso não durou muito.

Uma pequena dor atingiu o meu peito e eu engasguei-me com a minha respiração.

- Evelyn? – Ele passou as mãos nas minhas costas, tentando acalmar-me.

Gemi de dor e senti os meus olhos encherem-se de lágrimas, quando uma dor mais forte atingiu o meu peito. Parecia que o meu coração ia rasgar o meu peito e a minha respiração não queria sair. Estava a começar a sentir-me sufocada.

- Lilian! – Amilton chamou num tom alto, de modo a tentar que não me incomodasse mais e eu deixei o meu corpo cair para o chão.

- Evelyn, olha para mim. – Ouvi a doce voz de Lilian chamar por mim.

- Dói. – Solucei, voltando a tossir.

- Oh meu Deus, Eve, estás a sangrar. – Ela sussurrou, para que isso não alertasse os outros pacientes e chamou um segurança, para que me levasse para dentro.

- O que se passa? – Ouvi a voz de William rosnar, com a confusão que se começava a formar.

- William, preciso que saias daqui. – Lilian pediu.

- Evelyn!? – Ele chamou e pegou em mim. – Evelyn, fica comigo. – Ele sussurrou em desespero.

William

Evelyn tremia nos meus braços e eu entrei no meu quarto, deitando-a na cama. Ela continuou a tossir.

- William, tens de sair, os médicos vão cuidar dela. – Lilian pediu assim que um monte de médicos entrou no meu quarto, em direção a ela.

- Não, eu vou... - Ia contestar, mas Lilian olhou para mim.

- Tens de sair, ela não vai sair daqui, eu prometo. Por favor, sai. – Ela sussurrou e empurrou-me para fora do quarto.

Amilton estava no exterior, sentando num banco.

- Sabes o que passa? – Murmurei para o velho agora à minha frente.

- William. – Ele suspirou e bateu no espaço vazio a seu lado, para que eu me sentasse e eu assim o fiz. – Ela não tem andado bem. Estava sempre a dizer que se sentia fraca, às vezes tinha dificuldade em respirar, para não falar que andava a comer pouco.

- Ela...

- Ela não te queria dizer porque tu andarias demasiado preocupado e seria muita pressão para ti e ela não te queria sobrecarregar. – Explicou num suspiro. – Mas só eu e Lilian sabíamos disto. Ela não quis contar a mais ninguém.

Levei as mãos ao meu cabelo.

Ela pôs a minha saúde em primeiro lugar e não se importou com o facto de estar doente. Ela preocupou-se comigo e fez tudo para que eu não percebesse que ela estava doente.

A porta do quarto abriu e Lilian e os médicos saíram. Lilian caminhou para mim e fez-me sinal para entrar no quarto.

Evelyn estava sentada na cama, entubada e ligada a um saco de soro, pendurado por um suporte. A imagem dela assim, fez com que o meu coração se partisse.

Evelyn

Olhei para cima e encontrei William a observar-me. Os seus olhos estavam a lacrimejar e eu não queria que ele me visse assim. Levantei-me e apoiei-me no suporte do soro, observando-o.

- Eu não quero que me vejas assim. – Murmurei num tom bastante baixo, fazendo-o suspirar e vir até mim.

- Porque é que não me contaste, Evelyn? – Ele sussurrou.

- Porque eu iria estar a sobrecarregar-te e tu não tens andado bem, melhoraste há uns dias por causa da nova medicação... E sobrecarregar-te só pioraria tudo. – Expliquei imediatamente. – Estavas a melhorar e para mim, isso era suficiente, não iria pôr-te este peso em cima. – Deixei os meus olhos encherem-se de lágrimas.

- Amor, tu não és nenhum peso para mim. – Os seus braços envolveram a minha fraca figura e eu pousei a minha cabeça no seu peito. – Eu preciso que fiques bem e que confies mais em mim, está bem? – Sussurrou, enquanto acariciava as minhas costas.

- Desculpa, William... - Sussurrei abraçando-o.

- Está tudo bem. – Ele sussurrou e beijou a minha testa. – Vem descansar um pouco, bem que estás a precisar. – Agarrou a minha mão e puxou-me para a cama.

Deitei-me com cuidado e ele deitou-se de frente para mim. Tapou-nos e beijou a minha testa novamente. Os seus longos e pálidos dedos acariciavam o meu cabelo de leve, fazendo-me fechar os olhos e deixar o sono tomar conta do meu corpo.

EvelynOnde histórias criam vida. Descubra agora