Do outro lado da mesa de jantar, minha mãe mexia no seu prato de comida, antes intacto. Ela ainda estava muito abalada com tudo o que vinha acontecendo. Meu pai estava bebendo o suco, eu sei que ele estava sofrendo, mas sua atitude nos dava mais força, ainda que eu não tivesse me reconciliado com ele.
— Mãe, você não chegou a me contar o que realmente aconteceu com Gus. — Eu digo, depois de ter terminado meu jantar que era pouco pelo fato de não estar comendo muito esses dias.
Ela parou de cortar a carne e me olhou profundamente, e pude perceber um pequeno sorriso surgir em seu rosto.
— Ele acordou querida. — Mamãe diz apertando minha mão sobre a mesa.
— Calma...isso...é sério? — Digo exautando a voz.
— Sim ele acordou! — Papai diz confirmando. — A sua conversa e da Lívia o ajudaram a perceber que precisa viver. Ainda está em observação, vai ficar algum tempo no hospital e as visitas ainda estão suspensas, mas já podemos criar esperanças. — Ele disse sorrindo no final.
— Isso é...maravilhoso! — Falo ao me levantar e abraçar a mamãe em meio a lágrimas.
— Logo ele voltará pra casa querida. — Papai disse e o abracei também.
***
Mais tarde no meu quarto, enquando a luz do luar entrava pela janela, fiquei pensando em como seria quando Gus voltasse pra casa. Quando ele entrasse no meu quarto de novo, depois de uma dia cheio na faculdade que ele logo voltaria. Como seria seu reencontro com Lívia e o que aconteceria com eles. Resumindo, ele ainda havia uma vida inteira pra viver e era bom saber que iria o fazer.
Pedro Narrando.
Há muito tempo que sentimentos diferentes estão rolando entre mim e Lia. E posso afirmar que ela também sente isso porque vejo o quanto ela fica nervosa ao meu lado. Percebi o quanto ela fica mexendo os dedos e batendo o pé no chão. Suspeito até que ela evita olhar em meus olhos porque sei que ela acabaria se descontrolando.
É uma pena porque aqueles olhos. Ah! Aqueles olhos! Já namorei várias garotas antes, mas a profundidade do seu olhar, a cor castanha que reflete seus sentimentos e sua alma. Aqueles olhos!
Ah! Não é possível que estou pensando nisso!
Bloqueio o celular e rolo na cama. Apesar dos poucos minutos que conversamos e das poucas palavras, até mesmo por ser virtualmente, era como se eu estivesse falando pessoalmente de tão nervoso que fiquei.
Mas, por enquanto, quero que sejamos apenas amigos. Eu sei, eu sei...isso é totalmente idiota mas, enquanto eu não estiver seguro comigo mesmo, enquanto eu não estiver seguro que nada vai nos atrapalhar, não vou conseguir ir pra frente.
E eu não sei o que "ir pra frente" significa. Namoro? Não sei. A verdade é que estou muito confuso agora.
Meu celular toca em cima do criado-mudo ao lado da minha cama. Olho o mesmo e vejo ser Bethany.
Eu: Sim?
Beth: Tenho novidades! O irmão da Lia saiu do coma!
Eu: Isso é maravilhoso! A Lia deve estar muito feliz!
Beth: Sim está. Mas por enquanto ele não pode receber visita. Mas acho a notícia maravilhosa! E quanto á vocês?
Eu: O que tem a gente?
Beth: Como os homens são lerdos! Como estão as coisas entre você e a Lia?
Eu: Bem, eu acho.
Beth: Hum. Sei! Já vi que você não vai falar nada! Depois eu falo com ela. Tchau Pedro!
E desligou. Desde que Lia e eu "brigamos" ela me mantém informado sobre o que está acontecendo. Assim eu posso saber como ela está sem perguntar diretamente.
Me perco em meus pensamentos e me lembro da noite que dormimos naquela árvore. Foi o dia em que nos damos bem e que comecei a olhar pra ela de outro jeito.
Ela estava tão perto de mim. Seu corpo igual à uma boneca delicada colado ao meu. Confesso que não senti frio aquela noite.
Ela estava com tanto medo. E eu nunca a tinha visto assim. Aquele rostinho amedrontado, queria fazer de tudo para que ela ficasse de qualquer jeito, menos com medo.
Ela foi a única garota à quem contei sobre mim. E não foi num dia feliz, cheio de risadas me sentindo confortável pra falar. Foi quando nos perdemos. Em um dia tempestuoso, estávamos preocupados se não voltaríamos para casa, ela estava estressada e cansada assim como eu. E num momento compulsivo, de raiva e cansaço de ambas as partes, acabamos estourando e dizendo coisa que não queríamos dizer.
Foi duro pra mim dizer tudo o que vivi em voz alta. Nunca conversei sobre isso com ninguém. E foi como abrir a ferida novamente.
Toda a minha infância foi difícil. Eu era novo demais pra ver e sentir tanto sofrimento. Fome, frio, medo e solidão. Sentimentos que passei demasiado durante um terço da minha vida.
A escola nem percebia o que estava acontecendo comigo. E depois de tantas faltas e desleixos, saí de vez. E ninguém veio atrás de mim.
A cada vez que eu andava sem direção pela rua. Sujo, sem rumo, sem dinheiro e principalmente...sem esperança. Eu tinha que conviver tanto com olhares de pena quanto com a ignorância.
Fatos que presenciei que não quero lembrar, muito menos detalhar. Mas depois de um tempo eu tive esperança. E cheguei até aqui, onde estou.
Provavelmente encontrarei Lia amanhã, na escola. Espero que dê tudo certo.
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Olá leitores! Como vão? :)
Antes de mais nada quero pedir MILHÕES DE DESCULPAS (Insira milhões de desculpas aqui). Eu realmente sinto muito por tanto tempo ser termos postado o livro.
Sério gente. Quando começamos a escrever e a postar o livro era nas férias. Não tínhamos nada para fazer se não se entupir de besteira na frente da televisão e escrever o livro, mas logo que as férias acabaram foi que o tempo foi se ocupando de responsabilidades e é muito ruim saber que está fazendo muitas coisas ao mesmo tempo e saber que está deixando algo pra trás que no meu caso é esse livro!
Me desculpem mesmo pessoal. Espero que agora não só eu como a Gosh possamos continuar com o livro. Aliás já tivemos muitas ideias para o futuro do livro :3
EU NEM POSSO ACREDITAR QUE ESTAMOS COM MAIS DE 3K DE VISUALIZAÇÕES PESSOAL! VOCÊS SÃO DEMAIS!!!!!!!!!!
Para as novas leitoras que chegaram agora, sejam muito bem-vindas e sentimos muito por essa impressão ruim que passamos pra vocês. Garanto que somos muito legais!
E para as leitoras que sempre nos acompanharam, nossas desculpas também por ter sumido sem nenhuma satisfação! Sentimos muito mesmooo! <3
Eu estou tão afobada pra postar esse capítulo que nem avisei a Gosh então ela nem vai dá um recadinho hoje, mas tudo bem.
Beijos :*
~Rabiscada
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Do outro lado da Rua
Novela JuvenilEntre rabiscos, linhas, cores e esboços, Lia vive sua paixão por desenhos em uma pequena cidade de São Paulo. Tendo uma mãe com excesso de limpeza, um pai ausente e um irmão cursando a faculdade, ela se vê um pouco sozinha no mundo. Do outro lado da...