Capítulo 26

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JORGE

- Será que um dia vou poder ter uma namorada como a sua? - Meu irmão pergunta.

- Você não iria querer ter uma namorada como a minha. Ela é muito complicada. E também as diferenças financeiras por certo tempo foi um obstáculo entre nós.

- Mas pude ver o quanto vocês se gostam. Eu nunca namorei com ninguém. As pessoas geralmente me tratam bem por pena. Assim fica difícil.

- João, ninguém veio ao mundo para ficar sozinho. Você é incrível. - Vou me arrastando com a cadeira do meu computador até ele, que está ao lado da minha cama.

- Você não está entendendo. Ninguém vai querer alguém deficiente como eu. Eu vivi durante anos para chegar a essa conclusão.

- Você tem que parar de se sentir inferior. - Falo.- Eu fui como você. Não em cadeira de rodas, claro. Mas eu sofri muito por estudar em uma escola onde a maioria das pessoas possuem um alto poder aquisitivo. Eu entendo como se sente. E pode ter certeza do que estou falando, você terá uma namorada até mais bonita do que a minha. - Dou um leve empurrãosinho em seu ombro.

- Eu duvido. - Ele fala tristonho.

- Eu tô falando. Confia em mim. Se Anna foi capaz de olhar pra mim mesmo com as diferenças, Juliana Paes virá suplicar sua mão em casamento.

- Idiota! - Ele fala rindo.

São sete horas da noite. Estranho não receber notícias de Anna e Anabella. Nesses três dias, nenhuma delas me procuraram. É feriado, por isso não tivemos aula nem na quinta e nem na sexta. Me assusto com meu celular tocando. É ela.

- Jorge, tudo bem com você? - Anabella pergunta.

- Onde está Anna?

- Meu Deus. Vocês são um grude. Já está chato isso. Ela não para de falar de você. É irritante. Eu não sou assim com Henrique. Somos sensatos.

- Descupa. Aconteceu alguma coisa?

- A gente te queria como segurança hoje a noite. Mas especificamente de madrugada.

- Segurança? - Pergunto desconfiado.

- Eu disse pra ela que eu ainda sou mais útil que você, porque você é medroso, mas ela quer que você... - Anabella para de falar, pois é interrompida por alguém. Anna. - Me dá isso! Jorge estou com saudades. - Ela fala fazendo eu derreter. Anabella tem razão. Somos muito melosos.

- Eu também estou morrendo de saudades. - Falo.

- Nos encontre na esquina da casa da diretora Lúcia às duas horas da madrugada amanhã. Beijos! - Ela fala rápido e desliga na minha cara. Está bem. Talvez nem tão melosos assim.

Esse é bem o feitio dela. Mas a amo assim mesmo.

Casa da diretora? Como assim? Ela bem que poderia ser mais específica. Como vou saber onde a diretora mora?

Quando acabo de pensar, meu celular vibra. Elas mandaram uma mensagem para mim, dizia exatamente onde ficava a casa da diretora e especificando a esquina em que íamos nos encontrar.

****

Nem lembrava que a casa da senhorita Lúcia era onde foi o aniversário de Nátalie. Só fui perceber quando estacionei um quarteirão depois. A casa era enorme e muito bonita. Um jardim com rosas na frente e ao lado uma área dedicada a piscina. Ver a grandeza da casa de Nátalie me deixa triste por lembrar o quanto ela mudou. Mesmo com todo o dinheiro que ela possui, nunca falou nada a respeito para mim. Talvez tivesse sido pelo mesmo motivo que Anna quando escondia das pessoas que era rica para ver se alguém gostava dela de verdade. Mas evidentemente o destino das duas não foi como elas esperavam. Anna está mudada, Nátalie também. Mas Nátalie mudou para pior.

Amores FurtadosOnde histórias criam vida. Descubra agora