Eis aqui, um simples homem, em meio a essa imensidão de mar - é água que não acaba mais - desidratado pelo racionamento de água, queimado, encostado neste enorme mastro. Não se tem mais noção de tempo e espaço, dias e dias com esses movimentos repetitivos - subindo e descendo...- e nossa tripulação? Todos corroídos pelo tédio, quase não temos mais forças para aguentar as tempestades. já se suicidaram três dizendo " Não morrerei para um mar " e eu mesmo já pensei que iria morrer, pelo menos umas três ou quatro vezes. A quarta foi ontem, um ciclone ameaçando virar o barco; e só para melhorar temos uma das melhores embarcações - para não dizer ao contrário. Saímos do porto da cidade com 30 homens e hoje estamos com mal 14, contando com os que morreram ontem.
- Hora da água.
Não tenho forças para me levantar desse chão úmido, mas sei que se não pegar meus quatro míseros copos d'água, alguém pega. Ergo-me rapidamente e corro para o galão de água. Chego a tempo e tento aproveitar cada gota que puder; pelo menos uma vez ao dia, aqueles lábios rachados e secos davam lugar a uma boca que até parecia hidratada. Tomar aquela água, mesmo que um pouco quente, lembra-me de minha mãe. Todo bonitinho, poderia pegar água no poço a hora que quisesse. E então meu filho, que deixei com meu pai, Alex. Meu pensamento é interrompido por gritos...
- Gaivota!
Os homens quase mortos levantam como animais e a ave é morta em questão de segundos. E continuam os gritos.
- ESSA COMIDA É MINHA!
- EU QUE MATEI!
- EU VI PRIMEIRO!
Cerca 7 homens começam a se matar por aquela pobre gaivota. No meio da bagunça, a bichinha foi lançada para perto de mim. Sem pensar duas vezes, pego-a e levanto. Corro até a proa e estendo o pedaço de carne sobre a beira do barco.
- OLHA ONDE NÓS VIEMOS PARAR, QUE NEM ANIMAIS.
"Todos se calam e abaixam a cabeça"
- MAS VOCÊS SABEM QUE ESSE FRANGO É MEU!
Saio correndo que nem um desesperado para o timão. chegando lá em cima, ameaço que vou jogar ao mar e todos param, me olham e falam.
-Relaxa que ninguém vai te machucar.
-se acalma.
Neste momento todos caem no chão depois do impacto com uma rocha. Ainda desnorteados, olho para frente e vejo a pobre ave, pendurada por uma estaca de madeira,porém o barco afunda mais e ela cai no mar. Me levanto e bato minha cabeça no timão. Todos levantam e me olham de jeito que chego a acreditar " se olhar matasse, eu já estava morto faz tempo". Andam lentamente em minha direção. Consigo imaginar minha morte com vários socos e pontapés, por fim, a minha cabeça espetada por uma lança, entretanto, olhando o horizonte, vejo uma ilha o fundo, então grito...
- TERRA À VISTA!
Todos olham e enquanto eles apreciam a vista, vou andando de fininho até o único bote de escape. Já com a mão preparada para puxar a corda e fazer o bote cair ao mar, O capitão olha e diz.
- Aonde pensa que vai?
- Para longe de vocês, seus otários - respondo.
Puxo a corda, mas o bote não cai. Puxo mais forte e nada. Enquanto isso eles começam a correr e em um ato de desespero, grito.
- VAI! PORRA!
Puxei com toda a força possível e...
- SPLASSH
VOCÊ ESTÁ LENDO
The world of my mind
AdventureE sejam bem vindos ao mundo da minha imaginação... entre desventuras e fortunas, vivendo intensamente a vida, porém segurando a mão da morte. Que comece a viagem...