Capítulo 1: Possibilidade

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Reencontro

Mais uma noite em claro.

Os anos passam mas essa insonia não me deixa nunca, parece que nada muda... Bom, algumas coisas mudam sim, as melhores.

Durante os últimos anos o outro lado da cama tem permanecido assim, vazia. Às vezes não fisicamente, mas não existia outra pessoa no mundo que eu amasse tanto ver dormir, analisar suas feições descansadas enquanto sonhava com o futuro

Com o nosso futuro.

Eu costumava imaginar nossa vida juntos, quantos filhos teríamos, onde moraríamos, se gravaríamos um dueto... Esses eram os sonhos e planos até três anos atras. Não que dentro destes doze anos tenhamos vivido algum tipo de relação saudável, eram muitas brigas e ciúmes. Nossa juventude não havia sido fácil e além de nossas próprias inseguranças, sempre existia a mídia para atrapalhar ainda mais com tudo. Por mais tivéssemos tentado, manter um relacionamento escondido dos abrutres era impossível.

Pensávamos que quando a série acabasse as coisas iam melhorar, mas tinham os shows, as entrevistas, os clipes e as suposições das capas de revistas: "Amigos ou namorados? Saiba tudo sobre o casal teen mais aclamado do México"

Como me arrependia disso. De não ter gritado aos quatro ventos que o amava, de ter permitido que a "glamourosa fama" tivesse arrancado de mim o amor da minha vida

*

― Calado! ― gritei, jogando um sei-lá-o-que de porcelana nele que, para meu espanto, passou bem perto de seu rosto. ― Você acha que vai me enganar até quando?

― Você está ficando louca? Eu não fiz nada!! ― gritou também, mas acho que ele não entendeu que EU é que estava brava, e tinha todo o direito para isso.

― Não é isso que essa droga diz ― Atirei nele a revista, que bateu em seu peito coberto por uma regata branca e caiu no chão com a capa virada para cima "Um novo amor para Ucker?" Era a manchete da porcaria de revista com uma foto dele e de uma loira andando abraçados. Em uma foto eles estavam em um restaurante comendo e pareciam se divertir.

O pior é que podia ouvir o som de sua risada, a risada que tanto amo e que apenas eu deveria ser capaz de desperta-la. As lágrimas já caiam de meus olhos, mas pude ver ele pegando a revista e olhando para mim. Jogou-a com força no chão e ela foi parar no banheiro, ele tinha fúria nos olhos e caminhava em minha direção. Se eu não o conhecesse até poderia sentir medo neste momento. Quando chegou perto o suficiente comecei a socá-lo enquanto gritava que se afastasse, mas ele prendeu meus pulsos com sua mão e me empurrou na cama, manteve meus braços presos acima da minha cabeça e sentou sobre minha barriga mantendo uma perna de cada lado do meu corpo para que não tivesse que suportar seu peso, as lágrimas ainda caiam sem cessar.

― Você acredita nisso? Acredita nisso de verdade??

― Eu não acredito em você ― disparei com raiva.

― Você sabe que é isso que eles querem! É o que eles fazem, distorcem tudo ― Seu tom de voz estava alto, indicando o quão irritada estava. Christopher apertou um pouco mais meus pulsos, o que me fez dar um grito, ele afrouxou o aperto e voltou a me olhar.

― Então me explica, porque sou burra além de chifruda!

― Primeiro,você não é "chifruda" porque oficialmente não é minha namorada. ― Trinquei os dentes com as palavras que cravaram um punhal em meu coração. ― E não é minha namorada porque você não quer. ― Antes que pudesse protestar ele continuou. ― Segundo, essa garota é a prima da minha mãe que te falei, te contei que saímos juntos e todos os lugares onde estivemos, e aquele maldito restaurante foi um dos lugares que te falei, antes que você questione porque estávamos abraçados, tinham alguns caras em cima dela e ela me pediu pra ajudar... No restaurante estávamos falando de você, sobre nossa relação e ela disse inclusive que queria te conhecer. ― Ele soltou meu braço e deitou ao meu lado. ― Eu nunca faria algo que magoaria você, quando vai entender isso?

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