Onde todos estão?

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POV Molly

O relógio de parede do quarto fazia um barulhão. Tocava "Thousand Years" no meu quarto. As luzes piscavam e todos os pisos eram brancos. Médicos andavam para todos os lados. Eu procurava pelo vovô. Mamãe chorava enquanto falava com um médico. Eu queria sair dali e não conseguia, parecia que havia um elefante encima de mim. Queria falar para mamãe parar de chorar, mas minha boca parecia colada. Um médico veio até mim e me olhou de baixo para cima segurando uma lanterninha. Jogou aquela luz forte nos meu olhos e fez uma cara de insatisfação. Eu queria respondê - lo, mas não conseguia. Que desespero. Alguns médico se acumularam na porta e falavam com mamãe.

"Me ajuda, eu preciso sair daqui." - Gritava em meus pensamentos.

Por um segundo todas as luzes foram ficando desfocadas e eu sorri.

"Aonde vovô está?"

"Por que ele não aparece pra me contar uma história?" - esses pensamentos faziam eco em minha mente enquanto eu tentava entender tudo o que estava acontecendo. Eu me sentia gelada por dentro. As vozes em volta iam sumindo aos poucos e eu não conseguia manter a calma. Uma enfermeira veio conferir como eu estava, enquanto digitava no celular com expressão de preocupação. Eu consegui mexer a boca, porem a voz não saia. E aos poucos minha visão foi escurecendo, me enchendo de pânico. Minhas pupilas pareciam muito pesadas, e eu não conseguia manter meu olhos abertos. E então...

"Doutor.. doutor.. ela apagou.."

...

Eu estava em um lugar completamente escuro. Conseguia ouvir bem longe os gritos desesperados dos enfermeiros. Então lembrei do que vovô me disse.

"Procure o som, e alterne as direções pra conseguir o som mais alto."

Vovô me deu esse conselho se caso eu me perdesse. Quando íamos no seu sítio ou em outros lugares, nos encontrávamos assim. E eu fui caminhando, em um lugar completamente escuro, apenas me preocupando com as vozes. Um pouco mais adiante vi um vulto branco, que permanecia parado e cada vez mais próximo a cada passo que eu dava.

Eu estava me aproximando das vozes, e uma voz ecoava mais do que qualquer outra: a da doutora Rose. O grito desesperado dela me assustava, como se alguém estivesse me atacando dentro daquele quarto. Aquele vulto se aproximava cada vez mais conforme eu andava. Aos poucos eu conseguia ver, uma garotinha com o cabelo raspado, vestida com uma camisola hospitalar e comendo um waffle com toda veracidade possível.

Eu comecei a correr até ela. Ela sentou no chão e virou de costas para mim, a ponto de esconder o waffle. Fiquei a uma distância de 10 passos dela e gritei:

- Eu não quero seu waffle!

Ela virou a cabeça e me olhou. Sua expressão era de medo. Eu estava tão aflita quanto ela. Então tomei coragem e fui me aproximando, com passos curtos. O olhar dela foi mudando aos poucos, ficando mais seria e me olhando de baixo para cima. Eu estava medo, e ela parecia sentir isso. Quando fiquei um passo de distância dela, suas duas mãos seguravam o waffle. A garota levantou sua mão esquerda e estendeu ela até mim. Seu olhar era alegre, e ela parecia estar emocionada em me ver. Eu dei a mão a ela, que levantou. Enquanto eu a encarava, ela derramou uma lágrima. Eu estiquei meus dois braços em sua direção, e ela me abraçou. Me apertava tão forte, Parecia que eu era a pessoa mais importante na vida dela. Ela me soltou, agarrou forte a minha mão direita e disse:

-Allons-y!

Eu fiquei sem entender e quando ela me puxou, eu me mantive parada.

- O que é esse negócio que você falou? - eu disse.

- É "vamos lá" em francês! - ela disse.

- E seu nome, qual é? - questionei.

- É quatro! - ela respondeu.

"Como assim?"

"Por que eu estou aqui? "

"Por que ela se chama quatro?"

Um turbilhão de idéias invadia minha mente. Eu queria ficar parada, manter a calma e começar a pensar. Não consegui. Nada faz sentido aqui.

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⏰ Última atualização: Aug 10, 2016 ⏰

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