trinta e sete

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Os dias estavam passando rápido demais e eu rezava para que diminuíssem o ritmo. O chão do lado de fora das janelas estava coberto de neve branca e fofa, e eu nunca tinha visto algo mais bonito.

Porém, apesar da minha constante reza, o resto do mês passou insanamente rápido. Os dias foram um borrão de café e Harry - momentos maravilhosos e noite de sono com lençóis gelados e peitos quentes. Antes que eu percebesse, estava arrumando as malas.

A mala no canto do quarto deixou um gosto azedo na minha boca. Era um novo ano, mas eu não estava pronto para seguir em frente. Eu queria retroceder e viver dezembro todo de novo, porque eu sentia como se não tivesse curtido o quanto deveria.

Dezembro teve janelas embaçadas com gelo e presentes embrulhados, Dezembro teve a Torre Eiffel e Harry em pijamas listrados. Eu não queria mais nada.

Mas, ali eu estava, encarando minhas roupas perfeitamente dobradas dentro da mala, sentindo a ansiedade arranhando a garganta. Um novo ano significa mudanças e eu não queria nenhuma mudança.

"Lou?" Harry bateu seus dedos fechados na porta antes de entrar, se sentando ao meu lado na sua cama. "Está tudo bem, amor?"

Assenti e desci minha cabeça para seu peito.

"Eu só... Não quero que isso acabe."

Coloquei minhas mãos no meu rosto, com vergonha por estar tão chateado.

"Entendo o que quer dizer". Ele falou, com uma das suas (bem) grandes mãos começando a desenhar preguiçosos círculos nas minhas costas para me tranquilizar. "Eu sei, Lou. Mas, o negócio é o seguinte - não vai acabar. Será você e eu e nós iremos enfrentar a vida todos os dias. Eu vou levar spaghetti para o seu apartamento depois do serviço e você vai escrever seus trabalhos da faculdade, mas ainda iremos sair para tomar café e explorar um ao outro e explorar a cidade e tudo será diferente, mas, ainda, igual.

Eu me mexi para poder olhar dentro de seus olhos. "Eu adoraria isso."

Ele beijou minha testa, seus lábios pareceram o resto da minha vida.

Eu me levantei lentamente e guardei o resto das minhas coisas. Vesti o casaco que Harry comprou para mim algumas semanas antes - azul bebê com um pelo marrom claro ao redor do colarinho.

"Tudo arrumado?" Perguntei para Harry, o observando enquanto ele fechava os botões do meu casaco. As mãos dele relaram no meu cabelo quando ajeitou minha gola, e eu senti calafrios subindo quando ele me tocou.

"Yep. Agora só preciso me despedir da minha mãe e de Gemma. Já chamei um táxi."

Harry levou minha bagagem e eu fiquei grato, porque assistir seus músculos contraídos e ressaltados por causa do peso foi algo divino.

Ao descermos a escada, Anne e Gemma estavam na porta, prontas para a despedida.

"Estou tão feliz por ter passado o feriado com vocês. Com os dois." Anne exclamou, envolvendo Harry em um abraço. Eu os observei grudados um ao outro e lembrei de duas peças de um quebra-cabeça se encaixando. Anne veio em minha direção e, então, me abraçou tão apertado que eu perdi a respiração por um momento. "Cuide do meu bebê, Louis."

Eu não contei para ela que, na verdade, era o contrário. Acho que ela sabia.

Harry disse adeus para Gemma e, depois, ela deu meia volta e foi para seu quarto. Acredito não seja um equívoco dizer que não sou a pessoa favorita dela. E mesmo isso não devendo importar tanto, eu senti uma pontada de tristeza dentro de mim. A não aprovação das pessoas me deixava um pouco para baixo.

Eventualmente, Anne nos conduziu até o lado de fora, durante todo o tempo ordenando para Harry ir visitá-la no verão, e também ordenando para ele me trazer.

Avistei um familiar táxi preto estacionado e andei até ele. Assim que nossas coisas foram colocadas no porta-malas, Anne beijou nós dois e nos permitiu entrar no carro.

Ela acenou enquanto nos distanciávamos, e ela parecia feliz. Talvez não seja tão ruim se despedir de alguém que você ama quando sabe que essa pessoa está segura. Harry, sentando ao meu lado, com sua mão na minha coxa, estava muito, muito seguro.

O campo borrou assim que o carro tomou mais velocidade e o vidro da janela embaçou um pouco. Eu desenhei um coração, olhando para Harry. Ele reconheceu o formato e os cantos dos seus olhos enrugaram com seu sorriso.

Ele me passou com o braço, desenhando alguma coisa que parecia um pêssego.

Olhei para ele, questionando sua escolha. "É a sua bunda." Ele explicou.

Eu ri (muito) alto demais, me curvando para o lado. Não consegui segurar a vermelhidão em minhas bochechas quando sua mão fria deslizou para baixo de mim e segurou minha bunda. Ele piscou e eu me senti tonto.

"Por favor, evitem desenhar bundas nas minhas janelas, rapazes." A voz do taxista se fez presente.

Olhamos um para o outro antes de explodir de rir. E enquanto ríamos e limpávamos a janela, eu refleti sobre o que pensei mais cedo naquele dia. Como eu pude ser tão estúpido em pensar que Harry e eu não seríamos igual antes? Não importava para onde fôssemos, não importava o que fizéssemos, ainda seríamos HarryeLouis. Porque eu estava tão apaixonado por Harry Styles, e ele também estava por mim.

Underneath Paris » Larry (Portuguese Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora