Sonho: Noite Iluminada Pelas Chamas

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Nome: Margot Gatlin
Idade: 20 anos
Cursa: Faculdade de Química
País: EUA, San Diego-CA
Habilidade: Fogo

Eu tenho 12 anos de novo, estou de olho fechado, está calor, muito calor, mas não estou suando, estou confortável, o calor é reconfortante e acolhedor.

Até eu ouvir o barulho da madeira se partindo e caindo no chão.

Estou de pé. Há muito, mas muito fogo. Minha casa esta incendiada, não me preocupo comigo, me preocupo com meus pais. Levanto da cama correndo e subo para o 3º andar, onde eles dormem, mas a escada fica muito longe do quarto deles, a casa é muito grande.
De longe avisto minha mãe, encostada no batente da porta com um lenço molhado cobrindo o nariz.

-MARGOT, ESTÁ TUDO BEM, FIQUE AÍ QUERIDA A MAMÃE JÁ ESTÁ IND...

Não deu tempo de virar a cabeça, muito menos de correr. O chão do sótão cede e um guarda roupa enorme de madeira cai em cima da sua cabeça, não penso, sou imune ao fogo, apenas me mexo para tentar tirá-lo mas a única coisa que consigo é ter seu sangue manchando minhas mãos, tento limpa-las na minha camisola branca, mas parece que ao invés de limpar eu só as sujo mais, como se o sangue estivesse saindo das minhas próprias mãos.

Eu fico imóvel.

E de repente casa desaparece, só há um vazio preto que parece se estender pela eternidade, minha mãe está na minha frente, caída, meio morta, pele pálida, vestido sujo de sangue e  chamuscado por causa do fogo, cabelo emaranhado. Ela não acorda e nem se mexe, eu grito, grito, mas minha boca apenas se mexe, a voz não tem som.

Ao me virar para a direita me deparo com um espelho não muito longe de mim, quando encaro minha imagem reparo que meu cabelo está vermelho assim como meus olhos, estou coberta de sangue seco, o cheiro pútrido de morte invade minhas narinas. É assustador, estou com medo de mim mesma.

O corpo mórbido se levanta, está com olheiras profundas,um olhar pesaroso, e o corpo tão magro que parece que não come há semanas. Um verdadeiro defunto.

-Por que? Porque você me matou? Eu só te amei!

Começo a gritar, agora eu tenho voz, voz para dar nome ao desespero, ao pavor, ao medo...

-MÃE! NÃO, NÃO! -lamento, com as mãos agarrando os braços finos, arranhando-os fortemente e me desmanchando em lágrimas.

Acordo berrando, mãos agarradas ao cabelo, puxando-o até doer, por que tenho que saber que acordei, se sinto dor significa que ainda estou viva, ainda sou real. Tenho 20 anos novamente mas as lágrimas caem igual quando eu tinha 12 anos, igual quando eu fiz 13,14,15,16,17,18,19 e agora 20.

Elas caem fazem 8 anos.

Não passa, nunca passa.

Minha tia chega, praticamente arrombando a porta, se joga na cama e me abraça.

-Shhh, ta tudo bem, você não matou ela.

Eu moro com a minha tia desde o incêndio, há 8 anos. Meu pai desapareceu, nunca encontraram o corpo, a historia é praticamente igual, mas eu consegui levantar o guarda-roupa e carregá-la até o hospital, a 5 km de casa. Lembro-me como se fosse ontem, a neve que se tornava vermelha quando eu pisava descalça por causa do sangue, me sentia como um Czar caminhando pela Rússia no Domingo Sangrento.

Ela não resistiu ao chegamos no hospital, tentaram reanima-la mas era tarde de mais.

Eu causei o incêndio.

Eu matei minha mãe.

É natal, assim como no dia em que ela faleceu, sai do alojamento da faculdade e vim para a casa da minha tia passar o feriado.

Oh, faz tanto tempo que não a vejo, me sinto sozinha sem ela, minha única família.

Sozinha e vazia.

Um monstro.

One-Shots: Different peoplesOnde histórias criam vida. Descubra agora