Capítulo 4 - Ele

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Um silêncio se apoderou do local, minha mente tentava canalizar o que eu havia ouvido e o que eu estava pré-destinada a sofrer.

-E não tem como eu impedir de que tudo aconteça? - Ele me olha e volta a abaixar a cabeça.

-Não sabemos, sua mãe disse que o seu amor por ele faria de você outra mulher. - Meu pai fala com a cabeça em suas mãos.

-Mas e as espadas senhor? - Azul fala calmo se aproximando dele.

-A sua descendente terá que conseguir quebrar a linha do tempo, para conseguir chegar em você...

-E quando ela chega? - Falei com a voz um pouco mais animada.

Ele somente balançou a cabeça indicando que não sabia, ficamos um tempo ali em silêncio até que um dos empregados vem avisar que o almoço estaria pronto. Almoçamos e cada um foi para um lado do castelo, meu pai foi para a sala do trono e eu fui para seu quarto, eu queria ver a armadura de minha mãe, seu diário e tentar achar aquela espada. Cheguei ao quarto, e ele estava vazio, era um quarto grande e todo cinza, mas a luz que refletia na água deixava o local azul claro, era a cor mais agradável que eu já havia visto. Fui direto ao baú, abri e vi as coisas de mamãe, tudo estava bem organizado, em ordem da esquerda para a direita, havia a armadura, os livros e o diário, penas para escrever e o local onde se coloca a espada, minha mãe o chamava de Katana, era uma espada de samurai, mas eu não acredito que seja essa a espada falada por meu pai. Mexi nas coisas e encontrei uma carta, estava escrito "Dama Negra", virei e abri, haviam várias coisas, e muitas dessas meu pai e Caranguejo me contaram, mas algo me chamou a atenção.

"Ela surgirá quando o sangue pedir, ela se torna a morte na mão da Dama, sega os olhos e ferve o sangue, congela o local mas sua sede concede a sabedoria da luta e o poder sobre o outro corpo."

Aquilo seria sobre a espada, continuei a ler e vi uma observação.

"obs: A lâmina tem como meta a fera. Mas a primeira somente terá o sangue e não a aparência."

Então qualquer um poderia ser essa tal de fera, mas se eu vou ter que escolher entre meu amor e minha descendência, então o homem pelo qual eu havia me apaixonado era a fera, e com certeza ele não sabe disso. Vasculhei os livro e não encontrei mais nada, coloquei tudo de volta e fechei o bau, sai do quarto e fui dar uma nadada pelo palácio, já que meu pai não permitia minha saída, e ainda mais depois que descobri tudo, eu o obedeceria mais do que antes.

-E ai? Falou com seu pai? - Luisa toca em meu braço se colocando ao meu lado. Fiz sim com a cabeça e fiquei em silencio. -Pela sua cara, a conversa não foi boa.

-Estou bem, sobrevivi aos seus sermões...

-Você sempre sobrevive. - Ela fala dando risada. -Então...vamos subir hoje de novo? - Nessa hora parei bruscamente. -O que foi mulher?

-Eu não posso Luisa, meu pai não deixa. - Ela entortou a boca e levantou uma das sobrancelhas.

-E desde quando seu pai tem que deixar para nós subirmos? Você é a única que conhece esse castelo como as escamas de sua calda. - Ela cruzou os braços e ficou na minha frente. -Quero ver o gato que você salvou ontem, e como foi você que deu a vida para ele... - Ela apontou para mim. -Então vai acha-lo mais rápido.

-Não Luisa. Se lembra que eu estou apaixonada por ele, eu tenho que tentar esquece-lo, mesmo que isso seja impossível. - Me virei de costas e lembrei das palavras de meu pai mais cedo. -E ele é humano, se lembra?

-Lembro? Mas parece que foi você que esqueceu que sua mãe também. - Aquilo bateu em mim muito forte, por um lado ela estava certa e por outro, eu tinha que pensar na maldição.

-O que houve com você Luisa? Ontem você estava toda desesperada pela minha paixão pelo homem e hoje quer que eu fique com ele? - Ela franziu o cenho e cruzou os braços novamente.

-Eu lembrei a historia de seus pais, foi somente isso. Parece que você nem lembra das historias que contam no reino sobre o amor possível entre um tritão e uma humana. - Eu não podia subir, mas minha prima era insistente, olhei-a e ela entendeu que havia ganhado.

Enquanto nadávamos, eu torcia para ele não estar na praia, e ter pensado que nosso encontro foi um sonho, chegamos na superfície e vimos de longe a praia vazia. Luisa ficou emburrada e me fez ficar mais um tempo, até que vimos alguém se aproximar e vi que era ele. Estava com uma calça preta larga e blusa branca aberta até o meio de seu peitoral, calçava uma bota e seu cabelo preto realçava sua beleza, Luisa quis se aproximar, mas não deixei então começamos a ouvir ele falar sozinho.

-Eu sei que não foi somente um sonho, você existe, e tem que existir, meu coração é seu, mesmo que tenha sido somente um sonho. - Ele repetia essa frase várias vezes e Luisa se animava falando que ele também era apaixonado por mim.

-Vamos embora. - Falei e mergulhei, mas algo agarra meu braço e faz eu voltar.

-Nem pensar. - Senti sua mão em meu braço, tirei sua mão e ela fez careta. -Você precisa ir, ele esta perdidamente apaixonado por você...

-Não vou acabar com o relacionamento que existe entre eu e meu pai. - Falei brava e ela me olhou diferente, mergulhou e eu também.

Depois de um tempo ela se afastou e decidi voltar para casa, quando vi a ponta da torre mais alta do palácio, senti um puxão no estomago, minha cabeça foi acertada por algo e meus punhos estavam sendo cortados, olhei para meu corpo e eu estava bem, senti mais um puxão na barriga e decidi voltar para a superfície. Quando chego, vejo na praia o príncipe e um cidadão que não apoiava seu governo em uma briga, eu sentia cada golpe deferido nele e cada golpe que ele dava, podia ser bom de briga, mas estava perdendo a batalha.

Nadei para a praia, transformei minha calda em pernas, peguei uma pedra e transformei em espada, peguei uma concha e aumentei-a de tamanho, cheguei perto deles e assoprei a cocha, o som era tão ensurdecedor, que os dois pararam na hora e olharam para mim.

-Senhora! - O cidadão se ajoelhou quando me viu.

-Vá e não será morto. - Ele tentou falar algo, mas viu a espada e se afastou, ouvi alguns xingamentos, mas não dei atenção, pois o homem pelo qual minha calda havia mudado de cor, estava me olhando por inteira.

Eu estava ofegante, meus peitoral subia e descia com o movimento da respiração, meus seios estavam tampados com duas grandes cochas roxas, pela razão da calda, eu fiquei com uma saia longa verde clara com vários cortes, mostrando minhas pernas ao meu caminhar.

-Você me salvou ontem? - Ele me perguntou me analisando, montei a resposta.

-Sim e você estava brigando na minha praia. - Falei tentando permanecer firme.

-Quem é você? - Eu não sabia se eu deveria falar.

-Ariel, princesa dos sete mares. - Ele tentou se aproximar e eu levantei a espada em sua garganta. -Nunca mais venha aqui.

Me virei e joguei a concha na areia, ela diminuiu de tamanho no ar já caindo normal, arremessei a espada no mar que também se transformou já caindo como pedra na água. Quando estava quase pulando na água, algo me puxa e bato de frente com ele, me deixando próximo ao seu corpo, próximo aos seus lábios, ele passou seu braço por trás das minhas costas e com a mão livre ele segurava o meu braço, me puxou para mais perto, me fazendo sentir sua respiração ofegante.

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Que príncipe rápido!

Votem e comentem, não sejam leitores fantasmas.

Bjs

Me Apaixonei por um Humano - Repostando por pedidos Onde histórias criam vida. Descubra agora