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Não irei dizer a vocês que as coisas são de um jeito ou de outro: mas, se vocês são reais, onde estão? E, se o mundo é real, onde está?

Buda.

...

Estava inquieto, as cortinas no meu quarto estavam abertas, como eu sempre as deixava. A luz lunar que invadia meu quarto pelos vidros lisos da janela ela fraca, mas o bastante para deixar meu quarto em uma penumbra horripilante... Virei-me para a parede, não gostei. Virei-me para o outro lado, pior ainda. Virei-me para cima, mas o teto do meu quarto, que era uma mistura de verde com azul estava longe, me causavam dores de cabeça. O meu quarto estava maior que o normal, algo nele me deixava agoniado... sem jeito. Olhei no relógio de parede, que brilhava no escoro -um presente idiota de quando tinha nove anos, porém, gostava de mantê-lo ali-, mostrava que eram 01:28am, eu precisava dormi, eu tinha que dormi, amanhã era um dia importante para mim, minhas provas bimestrais começariam amanhã, então mesmo querendo muito, não tinha o direito de faltar.

Olhei para meu guarda-roupa, ele é azul, pelo menos deveria ser, eu tinha certeza que era azul, mas ele estava em um verde vibrante. Algo não estava certo, cobri meu rosto com o lençol, estava muito frio, o chacoalhar das copas das arvores eram visíveis e audíveis, as sombras delas formavam figuras estanhas na parede, o seu som era pior, assemelhavam-se a murmúrios.

Fechei os olhos, tentei relaxar-me ao máximo. E para o meu bem, de pouco em pouco, fui sentindo meus músculos se desligarem, primeiro os dos pés... e então foi subindo, panturrilhas, coxas, abdômen, mãos, baços, antebraços... e quando dei por mim, já estava em um relaxamento profundo.

A única coisa audível era o tic-tac do estupido relógio de parede colorido.

Tic-tac

Tic-tac

Tic

Tac

...

Respirei fundo antes de destampar o rosto, cocei meus olhos, ainda fechados, com as costas da mão e soltei um grunhido. Depois daquela noite perturbadora, onde a penumbra do meu quarto parecia querer me engolir, era bom acordar depois de uma "boa" noite de sono.

Não tive nenhum sonho, apenas uma tela preta, uma escuridão, um breu.

Destampei o rosto, abri os olhos, uma luz fortíssima queimou minhas retinas, então logo os fechei novamente. Depois de algum tempo, a luz-que não era do sol, pelo menos não parecia ser-, já não agredia mais meus olhos.

Com os olhos meio semicerrados, dei uma olhada ao espaço em minha volta, e para a minha surpresa, o meu quarto não estava lá. Sentei na cama atordoado.

- mas... que... porra... é essa? - perguntei para mim mesmo, assustado e confuso.

Na verdade, não consegui descrever o que senti naquele momento... era uma mistura de sentimentos, raiva, deslumbramento... eu não sei.

Me desenrolei daquele lençol branco cru e levantei. O branco das paredes era tão cru, que eu não podia ver quando acabava-se o chão e começava-se a parede. Era tudo incrivelmente muito branco, um branco que eu jamais tinha visto, eu sabia que nunca tinha visto.

Olhei para onde supostamente deveria ficar a minha janela, porém, não tinha nada lá, nada além de um branco azedo e esquisito. Olhei para onde deveria ficar o estupido relógio... e não tinha nada lá. Belisquei meu braço, não foi muito dolorido porém foi agudo, então certamente eu estava acordado.

Estava começando a ficar impaciente, o desespero já tomava conta dos meus poros.

- pai... mãe? - gritei, mas nenhum retorno além de um silencio ensurdecedor.

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