Fuga e Beijo

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Fogo. Era a única coisa que Maxy lembrava quando acordou, sua cabeça parecia querer explodir, havia ficado tão cansado depois de fugir dos escombros que sentia sua energia vital escassa, mas agora já se sentia revigorado. Tinha machucados por todo seu corpo, pequenos arranhões, marcas roxas e um corte pequeno em sua cabeça, mas todos eles já estavam bem tratados. Alguém havia cuidado de seus ferimentos, dado banho e trocado suas roupas, e isso deixava-o assustado. As únicas pessoas que tinham proximidade suficiente para fazer isso consigo eram Ray e Diana - Seu irmão e sua mãe - mas não via nenhum dos dois, e isso também o deixava assustado.

Onde Ray estava ?

Maxy se levantou da cama macia, que lhe trazia uma dolorosa lembrança de sua antiga casa, observando o quarto. Trask havia lhe treinado por pouco tempo, mas ensinará coisas que eram bem úteis em situações como essas. Janelas blindadas, Porta com fechadura digital, nada afiado ou pesado suficiente para usar como arma. Seja lá quem o colocou nesse quarto, sabia muito bem com quem estava lidando, talvez até bem demais.

- Bom Dia, Senhor Prince. - O garoto se assustou quando não viu ninguém no quarto, até se virar para a parede e perceber um pequeno cristal azulado no teto converter luz e transformá-la em um holograma de mulher. Suas feições assustadoramente humanas não combinavam com sua aparência azul brilhante. - Sou Becker, I.A Responsável pela segurança de nossos pacientes.

I.A, Inteligência Artificial. Trask havia mencionado que I.A's cuidavam de toda tecnologia em Avalon, rápidas e sem necessitar de conexão direta com qualquer objeto eletrônico, conseguiam fechar portas digitais em pouco segundos. Ótimas para distração e isolamento de um alvo muito destrutivo. Maxy era um alvo muito destrutivo.

- Ah, Então Becker, Onde meu irmão está ? - O garoto ignorou aquela pulga atrás da orelha e formou um perfeito e simpático sorriso.

A Inteligência Artificial o olhou de maneira curiosa, determinada a fazer silêncio. Embora não tivesse conhecido nenhuma I.A, Maxy conseguiu perceber em seus olhos uma característica bem peculiar: Pequenas letras em sequências disformes passavam pelo seu olhar, tão rápidos que o garoto precisou manipular o tempo para enxergá-los. Trask havia-o ensinado como controlar cada aspecto e cada elemento que fazia parte do universo, embora fosse algo fácil - Que apenas exigia uma grande concentração - cada elemento tinha seu custo de energia. Tempo e Espaço tinham os maiores custos.

- Senhor Prince, seu nariz está sangrando. - A I.A fez um gesto de mão, virando a palma para cima. - Gostaria que eu chamasse a emergência ?

- Não será preciso, muito obrigado. - Maxy sorriu, se levantando e ignorando o sangue que escorria de seu nariz. - Já tenho tudo o quê eu quero.

Becker finalmente perdeu o sorriso, parecendo tão assustada quanto desafiadora. O garoto avançou na direção da porta, sendo seguido pela I.A, que já começava a emitir alarmes silenciosos para os guardas mais próximos. Aparentemente eles estavam fazendo de tudo para manter a situação de Maxy escondida dos outros pacientes, que incluía Ray. Ter visto a senha da porta pelos olhos de Becker havia sido genial, mas também era um risco, poderia ser só a senha para fechá-la.

S-A-N-C-T-U-A-R-Y, Maxy digitou calmamente, implorando aos deuses para que fosse a senha correta.Talvez os deuses estivessem do seu lado, a porta abriu com um deslizar silencioso, e o garoto deixou o quarto para trás com a Inteligência Artificial. Sua vontade era de gritar, comemorar que havia feito algo digno do legado de sua mãe, mas sabia que estava longe de chegar no nível de guerreira de Diana.

- Identificação, Por Favor. - O garoto se virou lentamente, xingando-se mentalmente por ter esquecido dos guardas, que agora apontavam suas armas para Maxy. - Nenhum passo até a Identificação.

- Ahn... Senhor Fogo ? - Maxy sorriu, realmente não esperava que algum dos guardas atirassem, mas nem tudo era como ele queria. Com um movimento rápido o garoto desviou as balas, usando o ar para criar um pequeno escudo a sua frente. Necessitava de muita leveza para controlar o ar, e depois de passar 3 anos dançando balé, Maxy definitivamente tinha leveza. Depois de desviar das balas, Maxy invocou o vento para impulsioná-lo para frente, derrubando o guarda do meio com um chute em arco que acertou bem em seu rosto, golpeando o guarda da direita com seu cotovelo. Girou seu corpo o suficiente para que ficasse de frente com o guarda da esquerda, prensando-o contra a parede e acertando seu tórax diversas vezes com o joelho. Três caras dormindo e um garoto com a respiração descompassada.

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Maxy estava definitivamente perdido.Se talvez tivesse pegado mais informações com Becker, saberia como se guiar e onde achar o irmão, mas estava tão apressado e assustado que só poderia fugir. E ainda com esses malditos guardas atrás dele, tinha sempre que invocar algum elemento ou tentar derrubá-los em silêncio, mas sempre acabava cansado e machucado. Mas tinha um lado bom: Havia entrado em uma sala com roupas e comida, claro que por engano, mas isso era apenas um detalhe. Jaqueta preta, calça jeans e camiseta também preta, acompanhados de um sneakers preto. Tão gótico e perigoso que não parecia o garotinho que morria de medo de Zumbis.

- Vamos, Agentes. - O garoto escutou algum dos guardas e imediatamente parou de andar. Estava cercado. Não havia nenhuma porta ao seu lado e atrás de si havia uma trilha de guardas desmaiados e furiosos, na sua frente apenas as portas duplas que agora o separava do resto dos agentes.

Estava muito fodido.

Assim que as portas abriram Maxy fez a única coisa que veio em sua cabeça: Empurrou todo mundo. Não com Ar, nem criando um pequeno abalo no chão ou deixando-os atordoados com suas luz, mas uma vibração irrompeu da sua palma e atingiu os agentes com tudo, empurrando-os e parando suas balas. Esses eram diferentes dos guardas, usavam o mesmo modelo de roupa que Skyer, além de não usarem armas pesadas, mas pistolas. Trask nunca havia mencionado essa vibração, parecia surgir de dentro de si, diferente de quando usava algo que o cercava para poder lutar. Maxy também não se lembrava de ter desejado essa vibração, apenas desejado sair daquela vivo.

- Vamos, Super Maxie, pense em algo... - O Garoto murmurou para si mesmo, se parasse de projetar a vibração para correr, eles o alcançariam, se ficasse ali para sempre, sua energia acabaria.

Aqueles braços fortes o abraçaram por trás, envolvendo o menor em um aperto aconchegante e protetor. Desde pequeno o garoto era abraçado assim, quando sentia frio de noite, quando tinha pesadelos de madrugada, quando via filmes de terror e não conseguia dormir. Em um piscar de olhos o cenário mudou de um corredor repleto de agentes mortais para um galpão escuro, onde a única luz vinha da lua, que entrava pelas janelas. Mas só aquela luz prateada já era o bastante para banhar Ray, que ficava tão fantasmagórico quando bonito. Ele parou com o abraço, virando o irmão e obrigando-o a ficar cara-a-cara, repousando suas mãos fortes em sua cintura.

- Maxie, você mudou... - Ray murmurou, encostando suas testas, fazendo seus narizes roçarem. O menor conteve um sorriso.

- Você também mudou, Irmão. - Maxy abriu um sorriso desafiador, arrancando um olhar confuso do menor. - Ficou mais forte, mais musculoso, mais...

- Gostoso ? - O Maior completou, olhando de maneira sexy para o irmão, que corou na hora. - Nem imagina... por enquanto.

Antes que o menor pudesse rebater com sarcasmo, Ray puxou o menor para um abraço desesperado. Suas mãos segurando na cintura do menor, puxando-o para perto, colando seus corpos. Até que Maxy encostou seus lábios, o sabor doce nos lábios recém-descobertos do irmão parecia lhe viciar, fazendo-o avançar no beijo.

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