Capítulo 10

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- Você pode achar que eu to louca ou que é um pegadinha, mas não é, eu juro é a mais pura verdade.
- Luna você tá me assustando.
- É que eu acho que você não vai acreditar.
- Fala de uma vez Luna.
- Eu não sou humana. Meus pais eram anjos caídos o que me torna um anjo.
Ele ficou me olhando por um tempo talvez esperando eu rir ou dizer que era uma brincadeira, mas quando percebeu que eu não diria isso ficou com um rosto assustado.
- I...isso é sério?
- Muito sério. E eu não sou a única. Mas das outras pessoas eu não posso falar.
- Luna isso é muito pra minha cabeça. Eu não sei o que pensar.
- Você não vai me abandonar né?- falei com voz de choro. Eu estava me sentindo uma criança chorona, mas eu não conseguia agir de outro jeito. Estava muito frágil.
- Claro que não.- ele me abraçou, ainda estávamos sentados na areia e ficamos daquele jeito, abraçados, por muito tempo, mas eu não estava incomodada, estava me sentindo segura de um jeito que eu não me senti durante esses 5 dias que pareceram anos.
- Onde você estava esse tempo todo?
- Em um acampamento onde as pessoas como eu ficam.
- Você quer ir dormir lá em casa hoje? Eu tenho certeza que minha mãe vai deixar.
- Quero. Mas eu preciso ligar pro meu irmão.
- Tá bom, vamos.
Ficamos de pé e fomos andando até a casa dele que era um quarteirão antes da minha. Quando chegamos lá a mãe dele estava na cozinha e quando me viu levou um susto, mas logo foi correndo me abraçar.
- Minha querida. Você está bem? Está machucada?
- Eu estou bem tia Carol. Pelo menos acho que vou ficar.- eu e o Mike nos conhecíamos a tanto tempo que a mãe dele era como da família.
- Mãe ela vai dormir aqui hoje tá?
- Claro que sim. Por quanto tempo você precisar. Onde está seu irmão?
- Ele está na casa de uns tios meus que era onde eu estava.- menti
- Certo. - ela saiu meio desconfiada, mas acho que engoliu essa mentira.
- Vamos lá pra cima Lu.
Subi as escadas e entrei no quarto do Mike que estava exatamente igual como da última vez que eu vi. Um mural com várias fotos nossas e com várias outras pessoas na parede em cima da cama, na mesma parede da porta tinha um armário de duas portas, na parede oposta à cama uma mesinha com vários livros em cima e um computador, na outra parede uma janela grande com vários pôsteres de filmes e outras coisa do lado e claro em cima da cama tinha o violão que eu dei pra ele.
- Que saudade que eu to de ouvir você tocar.
- Eu to meio enferrujado. - falou envergonhado.
- Deixa disso.
Ele sentou na cama e eu fiz o mesmo, ele começou a tocar uma música bem calma e eu acabei caindo no sono. Pude sentir ele me ajeitando e colocando o cobertor em cima de mim. Não sonhei nada, ainda bem.
Acordei com o sol batendo no meu rosto, e vi que o Mike dormia em um colchão do lado da cama. Tentei voltar a dormir e consegui com sucesso, apesar de tudo o que estava acontecendo não era tão difícil pra mim conseguir dormir, era como fugir da realidade.
Acordei novamente, mas dessa vez o meu melhor amigo não estava do meu lado tinha um bilhete dizendo que ele tinha saído com a mãe pra o supermercado porque ela tava sem carro e que ele tinha ligado pro meu irmão e avisado que eu estava aqui para que ele não se ficasse preocupado. Me levantei e abri o armário dele, eu vinha tanto aqui que já tinha roupas caso eu esquecesse de trazer, tinha uma calça jeans preta e uma regata branca. Peguei elas e fui tomar um banho.
Me vesti rápido e desci pra tomar café da manhã.
- Bom dia Luna.- Não reconheci essa voz. Não era nem da mãe nem da irmã do Mike.
Me virei pra ver quem era, vi uma garota ruiva, de cabelos longos e sardas, usava calça e blusa pretas e uma bota cano alto também preta. Ela estava sentada numa poltrona virada para a sala de estar.
- Quem é você?.- falei recuando ao perceber que ela estava se levantando.
- Você não precisa saber isso.- deu um sorriso "levemente" psicopata e ficou de pé na minha frente.
- Eu gosto de saber o nome das pessoas que invadem minha vida. Acho que é força de abito.- dei um sorriso sínico.
- Eu me chamo Clarice Snart. E provavelmente vou ser a última pessoa que você vai ver.
- Você achou que me assustaria com isso?
- Eu quero fazer bem mais que isso com você queridinha. Mas eu não posso.
- Preciso te levar comigo.- ela só podia estar brincando comigo.
- E o que você vai fazer?
- Você não perde por esperar.
Ela levantou uma das mãos como se estivesse fazendo força, então o chão começou a tremer.
Tentei fazer a conexão, mas não consegui. Ela pulou em cima de mim me dando um soco no rosto e me deixando em baixo dela, mas eu consegui ir pra cima e comecei a bater nela. O chão agora tremia muito e as coisas começaram a cair das prateleiras. Vi o Nowa entrando e levando ela para fora da casa e os temores pararam, mas foi só questão de tempo até eles voltarem mais fortes. Sai da casa e eles estavam na rua quase se matando. A garota ruiva estava em cima do Nowa com uma faca no pescoço dele.
- PARE- gritei desesperada. Ninguém mais ia morrer a minha frente, pelo menos não sem eu tentar salvá-los.- você quer me matar não é? Então deixe ele em paz.- eu tinha que ganhar tempo para tentar estabelecer uma conexão.
- Aí que fofa. Tá vendo ela tá tentando te salvar.- falou rindo e apertando mais a faca no pescoço dele.- Eu achei que devia ser ao contrário. O guardião salva a garota e não a garota salva o guardião... Ou melhor... nenhum salva o outro.
- Sai de cima dele.
- E por que eu faria isso? Matar dois seria tão mais divertido.- deu uma risada assustadora.
Consegui sentir a conexão.
- Simples. . . Eu vou te fazer sair de cima dele.
Sai de cima dele, vá embora e se esqueça de mim ou qualquer pessoa que tenha alguma coisa haver comigo.- pensei e logo depois ela saiu de cima dele e foi embora como se nunca tivesse vindo.
- Nowa você tá bem?- corri até onde ele estava e me ajoelhei ao seu lado.
- Eu vou ficar.- falou com uma voz quase nula.
O ajudei a levantar e ele disse que eu tinha que voltar para o acampamento.
- Eu tenho que falar com o Mike antes. Dizer que eu vou embora.
- Não temos tempo Luna.
- Eu tenho muito tempo Nowa. Agora me deixa me despedir dele.
- Eu vou te dar 5 minutos.
- Ele está fazendo feira ou sei lá.
Ele nos teletransportou para onde ele estava. O estacionamento do supermercado, escutando música claro.
Bati na janela e ele saiu do carro assim que me viu.
- Mike eu vou ter que ir.
- Eu já sabia que você não ficaria. Mas eu vou te ligar e é bom você me atender viu.- riu meio triste.
- Eu vou te atender. Você nunca vai me deixar né?
- Se você não me deixar. Eu te amo Luna.
- Eu também te amo.
Nos abraçamos forte. O nosso amor é de irmãos e melhores amigos não amor no outro sentido. Sempre foi assim e nunca vai deixar de ser. Eu me afastei dele e depois me vi de volta na entrada do acampamento.

Filha dos anjosOnde histórias criam vida. Descubra agora