Caboclo-Origens

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- I -
Monstro de terras distantes,
Ao amanhecer, a aldeia invadiu
Trazendo consigo as dores
De um povo cruel e hostil.
 
Escravo dos caras pálidas,
O povo indígena sucumbiu
Dominado por portugueses
Formou, ali, seu covil.
 
O grito revoltante fora uníssono
Tomara o indígena e o africano,
Dera início, assim, portanto
A uma era de dor e pranto.
 
Mas, a doce paixão de um branco,
Em meio à guerra, se fez amor,
Ao ver os negros olhos, cheios de luz
De uma índia bonita de cor.
 
E, dessa entrega e mistura dos dois,
Com os anciãos o chamando de louco,
O mundo viu surgir algo novo,
Nasceu um menino, o primeiro caboclo. 
 
- II -
 
Nascido no chão da floresta
O sangue, vermelho; a pele, branca
Crescera pescando nas margens do rio
Até que o destino, da mãe o arranca.
 
Viera o dia em que mamãe, a chorar
vira, ao longe, seu filho partir
Pois o pai, homem branco e de posses,
Levou seu menino para longe dali.
 
Portugal, seu novo mundo
De artes, comida, distância e lazer
Despertava o que tinha guardado nas veias
Culturas distintas formavam seu ser. 
 
Brasil! Brasileiro! Brasil!
Com seu Cristo banhado de sol e de sal
Ardendo em fogueiras das festas juninas
Cirandas, folclore e carnaval.
 
Triste e sofrido o jovem pensava 
Na tranquilidade que emana de lá 
Na sua lembrança, a floresta encantada
Maravilhoso e distante, estava o seu lar.
 
- III -
 
Nos desafiadores sertões
Nas grandes cidades do leste
Nos campos tranquilos do Sul
E, ao centro, as minas do oeste. 
 
Meu Brasil não é terra de sonhos
Brasil é o berço da fraternidade 
Mãe pátria que abraça a todos
Sem juízo ou desigualdade.
 
Sou branco, sou índio, caboclo
Sou negro, sou tudo, cafuzo… eu sou!
Sou eu e trago a marca de um povo
De um povo guerreiro e lutador.
 
União de todas as raças 
A parte partícula de uma nação 
Sou, somos mistura de todos os povos
Sou somos miscigenação!

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