A Segunda Mulher

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Tudo ali lhe dava alegria, na verdade a alegria parecia correr em suas veias, mas, à tarde, ao avistar, de cima de uma das maiores árvores do jardim, o homem vê que todos os animais tinham suas companheiras e ele tinha um paraíso a sua frente, mas não tinha quem amar e compartilhar tudo aquilo e então, pela primeira vez, o homem se viu com um sentimento diferente e novo por lhe faltar algo.
Deus tinha o controle de todo o mundo em suas mãos, já tinha ciência disso e já tinha em seus planos uma solução e com os olhos voltados diretamente para o homem, no jardim, percebe o sentimento e sua origem, então decide visita lo mais cedo aquela tarde.

O homem estava sentado em cima da árvore olhando e, de repente, olha para o lado e percebe que não estar mais sozinho, Deus estava ali do seu lado, sentado no topo da árvore.

Da presença de Deus emana grande sentimento de paz, se não fosse por isso, o homem com certeza se assustaria e cairia dali, mesmo não podendo morrer, não ia gostar da experiência.

- São lindos, não? - Diz Deus olhando pra frente em direção à todos os animais.

- É, são sim. Na verdade tudo o que fazes é perfeito! - Responde.

- Amor, esse é o segredo. - Diz Deus e sorri.

— Pai, queria fa... - É interrompido o homem.

— Eu sei, eu sempre sei de tudo... Venha. — E pulou Deus e o homem pulando logo após.

Ao chegar lá em baixo, Deus faz o homem cair sobre um sono profundo sobre a relva verde que havia aos pés da árvore.

Com um dos dedos, faz Deus um corte no abdômen do homem e lhe tira da sua lateral uma costela e fecha o corte só com o olhar e com aquela costela, O Criador passa uma das mãos no osso e, como mágica, o alonga e com um grande brilho nos olhos, Deus começa a moldar ossos, nervos, musculos e tecidos em outro corpo bípede. Alguns retoques aqui, outros ali e então, a obra é terminada e lhe é dada o mesmo espírito de vida qual o homem tinha.

Deus então acorda o homem, este acorda meio tonto, senta em meio a relva e olha à sua frente, Deus estava em pé sorrindo.

— O que aconteceu, pai? — Pergunta o homem. Deus porem, ainda sorrindo, aponta com uma das mãos para o lado do homem e quando este olha, avista a mais linda mulher, jovem como ele, cabelos loiros e pele dourada, mais singela, mais adorável que a outra, está, o olhava com um grande sorriso meigo em seu rosto. Num pulo só, o homem vai em sua direção e a abraça, um abraço sincero e totalmente levado pelo amor. Ele ja a amava, sentia como se fizesse parte dele e mais que isso, ela havia sido feita a partir da parte lateral do homem para que essa caminhasse ao seu lado sendo sua ajudadora e não para querer se colocar à cima do homem, como a anterior. Os dois eram iguais, pois esta nova saira da lateral do homem, não da sua cabeça para ser maior, ou do seu pé para ser menor.

— Essa é ossos dos meus ossos, carne da minha carne e sangue do meu próprio sangue. Muito obrigado, Criador! Muito obrigado por isso, por tudo, na verdade! — E uma lágrima corre do rosto do homem.

E chamou Deus o homem, Adão, cujo significado é homem de barro vermelho, por que do barro este havia saido e à mulher, Eva que significa cheia de vida, pois nela, havia o Senhor também colocado do seu espírito.

Os dias que se passavam só deixavam Adão e Eva mais próximos e tudo quanto acontecia, lhes eram motivos de risos.

Todas as tardes o Senhor Deus os visitava e junto à eles,  tinha uma  bela conversa até o momento do por do sol, este sendo o  momento favorito  de Eva e também de Adão, e arrisco a dizer que também  do Criador.

Dias se passavam e  Adão e Eva se mostraram ser inseparáveis. O amor  um pelo outro era  algo mais verdadeiro que o próprio ar que respiravam.

Certo dia acordam os dois e vão para o rio tomar  banho,  Eva joga  água em Adão, que tenta molha lá como revanche, mas  ela sai correndo em  alta velocidade,  Adão a segue pelo mesmo caminho.  Eva vai pulando de  árvore em árvore até que alcançar um jatobá, Adão a acompanha e pula em  cima dela, os dois começam a rir e em meio as  risadas, se beijam e  acabam a se amar, ali em cima daquela árvore, mas  desta vez havia algo  estranho, lá de baixo observava o animal mais  astuto o qual o Criador  havia criado, a serpente, tinha ela um corpo  fino e longo, sangue frio,  mas era também bípede, tinha pernas e braços  e esta se contorcia, virava e revirava o pescoço como um gesto de curiosidade  sobre o que estava vendo e  internalizava em si o sentimento de desejo  pelo que não a pertencia, a mulher de Adão...

O Nascer da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora